Onconews - Autocoleta no rastreamento do câncer cervical

Os testes de autocoleta para o papilomavírus humano (HPV) enviados pelo correio mais que dobraram a participação no rastreamento do câncer cervical entre mulheres americanas que nunca fizeram o rastreamento ou que fizeram o rastreamento insuficientemente, como revela estudo realizado por pesquisadores do MD Anderson Cancer Center, publicado no JAMA Internal Medicine.

Em maio de 2025, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro teste de rastreamento domiciliar para câncer de colo do útero, uma doença que afeta quase 13.000 mulheres nos Estados Unidos anualmente. Embora a vacinação contra o HPV e o rastreamento em consultório tenham provocado quedas significativas nas taxas de câncer de colo do útero, as disparidades nos resultados persistem, especialmente para mulheres negras e aquelas residentes em áreas rurais e de baixa renda.

Neste ensaio clínico randomizado (NCT03898167), foram inscritas 2.474 participantes com atraso no rastreamento do câncer cervical. As pacientes receberam uma das três abordagens de intervenção 1) um lembrete por telefone para triagem na clínica; 2) um lembrete por telefone com um teste de autocoleta enviado pelo correio; e 3) um lembrete por telefone com um teste de autocoleta enviado pelo correio e navegação para a paciente. Os resultados sobre a participação na triagem foram coletados após seis meses.,

Os resultados mostram que mulheres que receberam lembrete telefônico com autocoleta pelo correio tiveram 41,1% de participação, em comparação com 17,4% daquelas que receberam apenas o lembrete telefônico.  A participação também aumentou entre aquelas randomizadas para lembrete telefônico, autocoleta pelo correio e navegação para a paciente (46,6%). "Esses resultados mostram que o autoteste pode ser uma solução para aumentar o acesso ao rastreamento e, consequentemente, reduzir a incidência do câncer de colo do útero nos EUA", disse Jane Montealegre, autora principal do estudo.

Os próximos passos dos pesquisadores serão estudar como integrar testes de autocoleta de HPV em diferentes ambientes de atenção primária. “Ao remover barreiras, esperamos poder melhorar a adesão a testes de triagem baseados em evidências e obter progressos significativos contra esta doença prevenível”, disse Montealegre.

Referência:

Montealegre JR, Hilsenbeck SG, Bulsara S, et al. Self-Collection for Cervical Cancer Screening in a Safety-Net Setting: The PRESTIS Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. Published online June 06, 2025. doi:10.1001/jamainternmed.2025.2971