Onconews - Análise revela carga global de câncer atribuível ao HIV

Estudo de Huang et al. estimou a carga global e regional de cânceres atribuíveis ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) em 2022, indicando que 0,4% dos casos globais de câncer (81.300 de 19 milhões) diagnosticados no período foram atribuíveis ao HIV e poderiam ser prevenidos por medidas aprimoradas de controle.

Dados da Agência Internacional da Pesquisa em Câncer (IARC)  mostram que pessoas vivendo com HIV têm risco consideravelmente maior de múltiplos tipos de cânceres relacionados à infecção em comparação com a população em geral.

Nesta estudo, Huang et al. avaliaram a incidência mundial de nove tipos de câncer causalmente ligados à infecção pelo HIV: sarcoma de Kaposi; linfoma não Hodgkin; linfoma de Hodgkin; e câncer cervical, anal, peniano, vulvar, vaginal e conjuntival. Os pesquisadores calcularam as frações populacionais atribuíveis (FAPs) específicas para cada câncer, principalmente a partir de meta-análises que relatam riscos relativos e estimativas de prevalência do HIV obtidas do UNAIDS 2023. As FAPs foram aplicadas às estimativas nacionais de incidência de câncer do GLOBOCAN 2022 para estimar os números e as taxas de incidência padronizadas por idade (TIAPs) de cânceres atribuíveis ao HIV, compreendendo 185 países e territórios.

Os resultados foram relatados no Lancet Global Health e estimam que em 2022 0,4% dos casos globais de câncer (81.300 de 19 milhões) tenham sido atribuíveis ao HIV, em grande parte impulsionados pelo câncer cervical (n = 30.500, PAF específico para câncer atribuível ao HIV 4,6%), sarcoma de Kaposi (n = 24.500, 70,6%) e linfoma não-Hodgkin (n = 12.800, 2,4%).

Em relação à carga regional, os autores descrevem que 57.300 (70,5%) dos 81.300 casos de câncer atribuíveis ao HIV ocorreram na África, particularmente no leste (33.800 [41,6%] casos) e no sul da África (14.000 [17,2%] casos), onde o HIV foi a causa de mais de 10% de todos os cânceres. As taxas de incidência de câncer atribuível ao HIV foram mais baixas na Ásia (0,2 por 100.000) e atingiram 27,6 por 100.000 na África Austral.

Os números relevam profundas variações globais na importância relativa dos cânceres atribuíveis ao HIV, com o câncer cervical representando 40,8% (23.400 de 57.300 casos) dos cânceres atribuíveis ao HIV na África, mas menos de 10% na América do Norte (200 [5,0%] de 4.000 casos) e no norte e oeste da Europa (100 [5,3%] de 1.900 casos), onde o câncer anal (900 [22,5%] e 500 [26,3%] casos), o sarcoma de Kaposi (900 [22,5%] e 500 [26,3%] casos) e o linfoma não-Hodgkin (1.400 [35,0%] e 500 [26,3%] casos) foram mais comuns.

“Esses dados podem informar o planejamento e a avaliação específicos da região para o controle do HIV, bem como intervenções específicas para o câncer, como vacinação e triagem, para reduzir a carga de câncer relacionada à infecção em pessoas vivendo com HIV”, destacam os autores.

O número de pessoas vivendo com HIV está aumentando globalmente, passando de 27,2 milhões em 2000 para 39,9 milhões em 2023, apesar da redução no número anual de novas infecções por HIV.

Referência:

Huang Y, Georges D, Rumgay H, Soerjomataram I, Clifford GM. Global burden of cancer attributable to HIV: a worldwide incidence analysis. Lancet Glob Health. 2025 Sep;13(9):e1525-e1532. doi: 10.1016/S2214-109X(25)00264-5. PMID: 40845879; PMCID: PMC12368413.