Dados finais do estudo de fase III MATTERHORN demonstraram que o uso perioperatório de durvalumabe (Imfinzi®, Astrazeneca), em combinação com o esquema quimioterápico FLOT (5-fluorouracil, leucovorina, oxaliplatina e docetaxel), resultou em ganho significativo de sobrevida global (SG) em pacientes com adenocarcinoma gástrico ou da junção gastroesofágica (GEJ) ressecável, em comparação com a quimioterapia isolada. Os resultados foram apresentados em sessão oral no ESMO 2025. Arinilda Campos Bragagnoli (foto), oncologista do Hospital de Câncer de Barretos, é coautora do trabalho.
MATTERHORN é um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, multicêntrico e global de Fase III que avalia Imfinzi como tratamento perioperatório para pacientes com câncer gástrico e de junção gastroesofágica (GEJ) ressecáveis em estágio II-IVA.
No estudo, 948 pacientes foram randomizados para receber uma dose fixa de 1500 mg de durvalumabe mais quimioterapia FLOT ou placebo mais quimioterapia FLOT a cada quatro semanas, durante dois ciclos antes da cirurgia. Em seguida, os pacientes receberam durvalumabe ou placebo a cada quatro semanas, por até 12 ciclos após a cirurgia (incluindo dois ciclos de durvalumabe ou placebo mais quimioterapia FLOT e 10 ciclos adicionais de monoterapia com durvalumabe ou placebo).
O desfecho primário é a sobrevida livre de eventos (SLE), definida como o tempo desde a randomização até a data de um dos seguintes eventos (o que ocorrer primeiro): progressão RECIST (versão 1.1, por avaliação de revisão central independente e cega) que impossibilite a cirurgia ou requeira terapia fora do protocolo durante o período neoadjuvante; progressão/recorrência RECIST durante o período adjuvante; progressão não RECIST que impossibilite a cirurgia ou requeira terapia fora do protocolo durante o período neoadjuvante ou descoberta durante a cirurgia; progressão/recorrência confirmada por biópsia pós-cirúrgica; ou morte por qualquer causa.
Os principais desfechos secundários incluem a taxa de resposta patológica completa, definida como a proporção de pacientes que não apresentam células cancerígenas detectáveis no tecido tumoral ressecado após terapia neoadjuvante, e a sobrevida global. O estudo incluiu participantes em 176 centros em 20 países, incluindo EUA, Canadá, Europa, América do Sul e Ásia.
No ESMO 2025, os pesquisadores relataram os dados finais de sobrevida global, a sobrevida global por status PD-L1 (Positividade da Área Tumoral [TAP] <1% e ≥1%) e a associação de pCR, MPR e estadiamento linfonodal (ypN) com a sobrevida livre de eventos (SLE).
Na análise final da sobrevida global (SG), os resultados mostraram que o regime perioperatório com durvalumabe e FLOT reduziu o risco de morte em 22% em comparação com a quimioterapia isolada (razão de risco [HR] de 0,78; intervalo de confiança [IC] de 95% 0,63-0,96; p = 0,021). A mediana de sobrevida global ainda não foi alcançada para nenhum dos braços. Estima-se que 69% dos pacientes tratados com o regime baseado em durvalumabe estavam vivos em três anos, em comparação com 62% no braço apenas com FLOT. A sobrevida global melhorou com D + FLOT comprado à P + FLOT em pacientes com TAP PD-L1 <1% (HR, 0,79; IC de 95%, 0,41–1,50) e TAP ≥1% (HR, 0,79; IC de 95%, 0,63–0,99).
Em pacientes com amostras cirúrgicas avaliáveis, foram observadas taxas mais altas de ypN- para D + FLOT versus P + FLOT, (58,2% vs. 44,8%; razão de risco, 1,72; IC de 95%, 1,30–2,27). A sobrevida livre de eventos (SLE) foi melhorada no braço D + FLOT vs. P + FLOT para pacientes com pR, incluindo pCR, MPR e independentemente do status ypN (Tabela).
“Os dados do MATTERHORN são transformadores para pacientes com câncer gástrico e gastroesofágico em estágio inicial, onde a recorrência é comum e o prognóstico a longo prazo permanece ruim, apesar da cirurgia e quimioterapia com intenção curativa. Quase sete em cada 10 pacientes tratados com o regime perioperatório à base de durvalumabe estavam vivos em três anos, e o benefício na sobrevida foi observado independentemente do status PD-L1. Com esses resultados, este novo tratamento deve se tornar o novo padrão de tratamento neste cenário com intenção curativa”, avalia o oncologista Josep Tabernero, diretor do Instituto de Oncologia Vall d'Hebron (VHIO) em Barcelona, Espanha, e pesquisador principal do estudo.
Table: LBA81
D + FLOT vs P + FLOT EFS; HR (95% CI) | |
pCR* | 0.29 (0.08–0.96) |
MPR*,† | 0.32 (0.15–0.68) |
Any pR*,‡ | 0.60 (0.46–0.79) |
ypN-§,|| | 0.74 (0.46–1.18) |
ypN+§,¶ | 0.77 (0.58–1.02) |
*Central pathology set (pts with surgery and evaluable samples for Modified Ryan score**; central assessment): D + FLOT, n=385; P + FLOT, n=372.†Modified Ryan score: 0 and 1.‡Modified Ryan score: 0, 1 and 2.§yp evaluable set (pts with surgery and evaluable samples for nodal involvement; local assessment): D + FLOT, n=411; P + FLOT, n=400.||No nodal involvement.¶Nodal involvement.**Descriptively assesses tumour regression based on residual tumour: 0 = complete response; 1 = near complete response; 2 = partial response; 3 = poor or no response.
O estudo é financiado pela Astrazeneca e está registrado no ClinicalTrials.Gov, NCT04592913.
Referência:
LBA81 - Final overall survival (OS) and the association of pathological outcomes with event-free survival (EFS) in MATTERHORN: A randomised, phase III study of durvalumab (D) plus 5-fluorouracil, leucovorin, oxaliplatin and docetaxel (FLOT) in resectable gastric / gastroesophageal junction (G / GEJ) adenocarcinoma
Speakers: Josep Tabernero (Barcelona, Spain)
Authors: Josep Tabernero (Barcelona, Spain), Salah-Eddin Al-Batran (Frankfurt am Main, Germany), Zev A. A. Wainberg (Los Angeles, United States of America), Kei Muro (Nagoya, Japan, Aichi), Daniela Molena (New York, United States of America), Eric Van Cutsem (Leuven, Belgium), Woo Jin Hyung (Seoul, Republic of Korea), Lucjan S. Wyrwicz (Warsaw, Poland), Do-Youn Oh (Seoul, Republic of Korea), Takeshi Omori (Osaka, Japan), Markus Moehler (Mainz, Germany), Arinilda Campos Bragagnoli (Barretos, Brazil), Gabriel E. Garbaos (Buenos Aires, Argentina), Moishe Liberman (Montreal, Canada), M. Luisa Limon (Seville, Spain), Elizabeth C. Smyth (Oxford, United Kingdom), Lin-Yang Cheng (Phoenix, United States of America), Nicola Valeri (Cambridge, United Kingdom), Ioannis Xynos (Northolt, United Kingdom), Yelena Y. Janjigian (New York, United States of America, NY)
Proffered Paper session 1: GI tumours, upper digestive
Hamburg Auditorium - CityCube A
Date: Fri, 17.10.2025
Lecture Time: 14:00 - 14:10