Onconews - NeoADAURA: osimertinibe neoadjuvante mostra resultados no CPCNP EGFRm ressecável

Em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas EGFRm ressecável, osimertinibe neoadjuvante com ou sem quimioterapia demonstrou melhora estatisticamente significativa na taxa de resposta patológica maior em comparação com a quimioterapia isoladamente. Os resultados são do estudo NeoADAURA, apresentado em sessão oral no ASCO 2025. Carlos Henrique Teixeira, oncologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é coautor do trabalho. O estudo foi publicado simultaneamente no Journal of Clinical Oncology (JCO).

Com base no estudo de Fase 3 ADAURA, o tratamento adjuvante com osimertinibe, um TKI-EGFR de 3ª geração, é o padrão de cuidados para câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) ressecável EGFRm estágio IB-IIIA (AJCC 7ª ed.). A quimioterapia neoadjuvante pode melhorar os resultados cirúrgicos e a longo prazo.

NeoADAURA (NCT04351555) é um estudo global, de Fase 3, randomizado, controlado e com 3 braços, que avalia os resultados de osimertinibe neoadjuvante ± quimioterapia versus quimioterapia isolada em pacientes com CPNPC EGFRm ressecável.

Para o estudo, foram elegíveis pacientes com idade ≥18 anos, performance status (PS) da OMS ≤1, com câncer de pulmão de células não pequenas ressecável EGFRm (Ex19del/L858R) estágio II–IIIB (AJCC 8ª ed.). Os pacientes foram estratificados (estágio II vs. III; não asiáticos vs. chineses vs. outros asiáticos; Ex19del vs. L858R) e randomizados 1:1:1 para osimertinibe 80mg neoadjuvante QD (≥9 semanas) + quimioterapia (cis/carboplatina + pemetrexede; 3 ciclos, Q3W), monoterapia (mono) com osimertinibe 80 mg QD (≥9 semanas) ou placebo (PBO) QD + quimioterapia (3 ciclos, Q3W). Osimertinibe/placebo + quimioterapia era duplo-cego; osimertinibe em monoterapia era aberto, cego para o patrocinador. Osimertinibe ajustado foi oferecido a todos os pacientes que concluíram a cirurgia.

O endpoint primário foi a resposta patológica maior (RPM) por revisão central cega de patologia. Os desfechos secundários incluíram resposta patológica completa (RPC), sobrevida livre de eventos (SLE) e segurança. O cut-off de dados foi 15 de outubro de 2024.

No geral, 358 pacientes foram randomizados: osimertinibe + quimioterapia, n=121; osimertinibe monoterapia, n=117; placebo mais quimioterapia, n=120. As características basais foram geralmente equilibradas entre os respectivos braços (estágio II: 49%/50%/51%; não asiático: 27%/26%/25%; Ex19del: 50%/51%/51%).

Após o tratamento neoadjuvante, 92%/97%/89% dos pacientes foram submetidos a cirurgia nos braços osimertinibe + quimio, osimertinibe em monoterapia e placebo + quimioterapia. Osimertinibe + quimio (taxa de resposta patológica maior de 26%) e osimertinibe em monoterapia (25%) apresentaram melhora estatisticamente significativa na resposta patológica maior versus placebo + quimio (2%): as razões de chance foram de 19,8 (p<0,0001) e 19,3 (p<0,0001), respectivamente.

A sobrevida livre de eventos interina (maturidade de 15%) apresentou tendência a favor de osi + QT e osi em monoterapia em comparação com placebo + quimio (Tabela); ≥80% dos pacientes em cada braço receberam osimertinibe adjuvante.

Na neoadjuvância, eventos adversos de grau ≥3 por todas as causas e eventos adversos que levaram à descontinuação de qualquer tratamento ocorreram em 36%/13%/33% e 9%/3%/5% dos pacientes, respectivamente, para osimertinibe + quimio, osimertinibe em monoterapia e placebo + quimioterapia. Nenhum paciente morreu em até 30 dias após o tratamento.

Em síntese, osimertinibe neoadjuvante com ou sem quimioterapia demonstrou melhora estatisticamente significativa na taxa de resposta patológica maior em comparação com a quimioterapia isoladamente. “Apesar de imaturos, os dados de sobrevida livre de eventos apresentam tendência a favorecer os braços contendo osimertinibe. Não houve novas preocupações com a segurança. A neoadjuvância com osimertinibe ± quimioterapia deve ser considerada no planejamento de tratamento para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas ressecável EGFRm estágio II-IIIB”, concluem os autores.

 

Osi + CT
(n=121)

Osi mono
(n=117)

PBO + CT
(n=120)

MPR rate, % (95% CI)

Difference vs PBO + CT, % (95% CI)

Odds ratio vs PBO + CT (adjusted 100×[1−alpha]% CI)

p-value

26 (18, 34)

24 (15, 32)

19.8 (4.6, 85.3a)

<0.0001

25 (17, 34)

23 (15, 32)

19.3 (1.7, 217.4b)

 <0.0001

2 (<1, 6)

pCR rate, % (95% CI)

4 (1, 9)

9 (4, 15)

0 (0, 3)

12-mo EFS rate, % (95% CI)

EFS hazard ratio vs PBO + CT (CI)

p-value

Median EFS follow-up, mos (range)f

93 (87, 97)

0.50 (0.17, 1.41c)

0.0382e

16 (0–42)

95 (89, 98)

0.73 (0.40, 1.35d)

18 (2–42)

83 (75, 89)

19 (2–42)

a95.002% CI; b99.9% CI; c99.8% CI; d95% CI; ep-value ≤0.002 required for statistical significance at interim analysis; fcensored pts.

Referência:

Neoadjuvant (neoadj) osimertinib (osi) ± chemotherapy (CT) vs CT alone in resectable (R) epidermal growth factor receptor-mutated (EGFRm) NSCLC: NeoADAURA.

First Author: Jamie Chaft

Meeting: 2025 ASCO Annual Meeting

Session Type: Oral Abstract Session

Session Title: Lung Cancer—Non–Small Cell Local-Regional/Small Cell/Other Thoracic Cancers

Track: Lung Cancer

Sub Track: Local-Regional Non–Small Cell Lung Cancer

Clinical Trial Registration Number: NCT04351555

DOI: 10.1200/JCO.2025.43.16_suppl.8001

Abstract #8001