O oncologista Andre Murad (foto) explica o que são os exossomos, pequenas vesículas extracelulares secretadas por diversas células, incluindo células tumorais, e seu papel como biomarcador diagnóstico, da progressão tumoral e também como veículos de administração de fármacos anti-neoplásicos. Confira, em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’.
Por André Marcio Murad*
Exossomos são pequenas vesículas extracelulares delimitadas por membrana (30–150 nm de diâmetro) secretadas por diversas células, incluindo células tumorais. Eles são formados dentro de corpos multivesiculares (MVBs) e liberados no ambiente extracelular quando os MVBs se fundem com a membrana celular.
Os exossomos carregam uma gama diversificada de biomoléculas, tornando-os valiosos no diagnóstico de câncer. Conteúdos comuns de detecção incluem:
- RNA: mRNA e RNAs não codificantes, incluindo RNAs não codificantes longos (lncRNAs)
- DNA: fragmentos de DNA fita dupla que refletem o genoma do tumor
- miRNA: microRNAs que regulam a expressão gênica e são frequentemente desregulados no câncer
- Proteínas: proteínas específicas do tumor, incluindo marcadores de superfície e enzimas
- Metabólitos: pequenas moléculas que refletem os estados metabólicos celulares
Esses conteúdos refletem as características moleculares das células tumorais originais, oferecendo uma visão abrangente da biologia tumoral.
Papel dos exossomos na progressão tumoral
Os exossomos desempenham um papel multifacetado no desenvolvimento e na progressão do câncer. Exossomos derivados de tumores contribuem para:
- Promover metástase: preparando nichos pré-metastáticos e auxiliando na invasão de células tumorais
- Angiogênese: aumentando a formação de vasos sanguíneos para suprir o tumor em crescimento
- Modulação imunológica: suprimindo respostas imunes antitumorais e promovendo a evasão imunológica
- Resistência à terapia: transferindo genes ou proteínas de resistência a medicamentos para outras células tumorais
- Comunicação celular: facilitando a comunicação tumor-estroma e tumor-tumor para um crescimento coordenado
Devido a essas funções, os exossomos não são apenas úteis como biomarcadores em biópsias líquidas, mas também estão sendo explorados como alvos terapêuticos e veículos de administração de fármacos anti-neoplásicos.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras
