A quimioterapia perioperatória não melhora significativamente a sobrevida global e a sobrevida livre de doença em pacientes com câncer gástrico ressecável com deficiência de reparo de incompatibilidade ou instabilidade de microssatélites (dMMR/MSI-H). Os resultados de revisão sistemática e meta-análise publicada no periódico Cancer sugerem que esse tratamento pode ser poupado nessa população.
A eficácia da quimioterapia perioperatória para câncer gástrico com reparo de incompatibilidade deficiente ou alta instabilidade de microssatélites (dMMR/MSI-H) permanece controversa.
Esta análise incluiu estudos comparando quimioterapia perioperatória com cirurgia isolada em pacientes com câncer gástrico ressecável dMMR/MSI-H. Foram extraídas razões de risco (HRs) e seus intervalos de confiança (ICs) de 95% dos resultados de sobrevida, e um modelo de efeitos aleatórios foi usado na análise combinada.
Foram incluídos vinte e dois estudos, compreendendo aproximadamente 1600 pacientes com câncer gástrico dMMR/MSI-H. Os resultados indicaram que a quimioterapia perioperatória não melhorou significativamente a sobrevida global (SG) (HR, 0,85; IC de 95%, 0,58–1,26) e a sobrevida livre de doença (SLD) (HR, 0,77; IC de 95%, 0,53–1,12) nesses pacientes.
Na análise de subgrupo, a quimioterapia adjuvante não foi associada à melhora da SG (HR, 0,83; IC de 95%, 0,50–1,37), mas foi associada à melhora da SLD (HR, 0,64; IC de 95%, 0,43–0,96). No entanto, o benefício da quimioterapia adjuvante para a SLD não foi significativo na análise combinada dos resultados ajustados por multivariáveis.
Resultados semelhantes foram observados para quimioterapia neoadjuvante (SG: HR, 0,84; IC de 95%, 0,44–1,57; SLD: HR, 1,13; IC de 95%, 0,50–2,53). Além disso, a análise de estratificação de estágio não demonstrou benefício significativo de sobrevida da quimioterapia adjuvante para câncer gástrico estágio II (OS: HR, 0,77; IC de 95%, 0,31–1,90) ou estágio III (OS: HR, 0,72; IC de 95%, 0,36–1,46).
Em síntese, apesar das indicações de que a quimioterapia adjuvante pode melhorar a SLD na análise de subgrupo, esse benefício não foi sustentado em avaliações multivariadas. “No geral, os resultados agrupados indicam que a quimioterapia perioperatória não melhora significativamente a SG ou a SLD em pacientes com câncer gástrico dMMR/MSI-H ressecável e, portanto, esse tratamento pode ser poupado nesses pacientes”, concluem os autores.
Referência:
Liu B, Shen C, Yin X, et al. Perioperative chemotherapy for gastric cancer patients with microsatellite instability or deficient mismatch repair: a systematic review and meta-analysis. Cancer. 2025;e35831. doi:10.1002/cncr.35831