Onconews - Poluição do ar está relacionada a diferentes assinaturas genômicas do câncer de pulmão em nunca fumantes

Novos dados ajudam a compreender o cenário genômico do câncer de pulmão em nunca fumantes, revelando que os níveis de poluição do ar se correlacionam tanto com o aumento nas mutações somáticas, como à diminuição no comprimento do telômero. Os achados estão em artigo de Landi et al, na Nature.

O câncer de pulmão está entre os tipos mais comuns de câncer e é uma das principais causas de morte por câncer em todo o mundo. Embora a maioria dos casos de câncer de pulmão seja atribuível ao tabagismo, o câncer de pulmão em nunca fumantes representa cerca de 25% de todos os casos de câncer de pulmão.

Neste estudo, Maria Teresa Landi e colegas usaram dados do estudo Sherlock-Lung para avaliar 871 indivíduos com câncer de pulmão que nunca fumaram, de 28 localizações geográficas.  O objetivo foi caracterizar o panorama genômico, epigenômico e transcriptômico do câncer de pulmão em nunca fumantes e identificar processos exógenos e endógenos envolvidos na tumorigênese.

Os resultados mostram diferenças importantes no panorama genômico. Landi e colegas revelam que as mutações KRAS foram 3,8 vezes mais comuns em adenocarcinomas de nunca fumantes da América do Norte e Europa do que naqueles do Leste Asiático, enquanto a maior prevalência de mutações EGFR e TP53 foi observada em adenocarcinomas de nunca fumantes do Leste Asiático.

A análise também mostra que a assinatura SBS40a, com causa desconhecida, contribuiu com a maior proporção de substituições de base única em adenocarcinomas e foi enriquecida em casos com mutações EGFR. “A assinatura SBS22a, que está associada à exposição ao ácido aristolóquico, foi observada quase exclusivamente em pacientes de Taiwan”, descrevem os autores, acrescentando que a exposição ao fumo passivo não foi associada a mutações individuais de condutores ou assinaturas mutacionais.

A pesquisa demonstra que pacientes de regiões com altos níveis de poluição do ar foram mais propensos a ter mutações TP53 e telômeros mais curtos. “Eles também exibiram aumento na maioria dos tipos de mutações, incluindo aumento de 3,9 vezes na assinatura SBS4, que já foi associada ao tabagismo, e aumento de 76% na assinatura SBS5, semelhante a um relógio”, prosseguem os autores.

Em síntese, os achados concorrem para elucidar a diversidade de processos mutacionais que moldam o cenário genômico do câncer de pulmão em nunca fumantes.

Referência:

Díaz-Gay, M., Zhang, T., Hoang, P.H. et al. The mutagenic forces shaping the genomes of lung cancer in never smokers. Nature (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-09219-0