Onconews - Fatores de sobrevida e prognóstico do CPCNP avançado com mutação HER2 e metástases cerebrais

Estudo publicado no Lung Cancer Journal buscou caracterizar a incidência de metástases cerebrais e sua associação com subtipos genéticos, além de analisar os desfechos do tratamento e os fatores prognósticos em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas com mutação HER2. Os resultados destacam o papel potencial dos conjugados anticorpo-medicamento (ADCs) e da radioterapia cerebral para prolongar a sobrevida global desses pacientes.

“Metástases cerebrais representam uma complicação comum no câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutações no HER2”, esclarecem os autores.

Neste estudo, os pesquisadores rastrearam retrospectivamente 6.536 pacientes com CPNPC avançado entre julho de 2018 e julho de 2023. Foram identificados 183 pacientes com CPNPC HER2-mutado, dos quais 91 apresentavam metástases cerebrais (MC). O endpoint primário do estudo foi a sobrevida global.

O acompanhamento mediano foi de 18,1 meses (variação de 5,0 a 39,7) na data limite de 28 de dezembro de 2023. A incidência de metástases cerebrais ao diagnóstico foi de 24,6% (45/183) e a incidência geral de metástases cerebrais foi de 49,7% (91/183). Não houve diferença significativa na incidência de MC ao longo da vida entre os subtipos de inserção de YVMA no exon 20 do HER2 e os subtipos de inserção sem YVMA (p = 0,558).

A mediana de sobrevida global (SG) de 91 pacientes com metástases cerebrais foi significativamente menor do que a de pacientes sem MC (14,8 vs. 23,2 meses, p < 0,001). Todos os pacientes com metástases cerebrais receberam tratamentos à base de quimioterapia como tratamento de primeira linha. Para tratamento de segunda linha ou posterior, 28 pacientes (30,8%) receberam conjugados anticorpo-medicamento (ADCs) e 17 pacientes (18,7%) inibidores de tirosina quinase (TKIs).

Os pacientes que receberam tratamentos com ADC demonstraram sobrevida global superior em comparação com aqueles que receberam tratamentos com TKIs ou aqueles que receberam apenas tratamentos à base de quimioterapia (18,4 vs. 13,2 vs. 13,8 meses, p = 0,008). Além disso, a radioterapia cerebral foi significativamente associada a melhores resultados de sobrevida (16,9 vs. 12,3 meses, p = 0,001).

A análise multivariada identificou que os tratamentos com ADC, a radioterapia cerebral, os escores PS ECOG e os sintomas relacionados à metástases cerebrais foram fatores prognósticos independentes (p < 0,05 para todos).

Em síntese, os resultados demonstram que a incidência de metástases cerebrais no câncer de pulmão de células não pequenas com mutação HER2 é alta e similar entre os subtipos genéticos. “Os tratamentos com conjugados anticorpo-medicamento (ADCs) podem contribuir potencialmente para a sobrevida global prolongada nesse subgrupo de pacientes. Além disso, a radioterapia cerebral pode conferir benefícios significativos na sobrevida global”, concluem os pesquisadores.

Referência:

Survival and prognostic factors of HER2-mutant advanced non-small cell lung cancer with brain metástases. Zhang, Qian et al. Lung Cancer, Volume 0, Issue 0, 108616