Pesquisa de mundo real que avaliou uma coorte de quase 700 pacientes com câncer avançado mostra o que influencia a administração da radioterapia paliativa próxima ao fim da vida (≤30 dias antes do óbito). O estudo fornece insights valiosos sobre as práticas e tendências atuais em radioterapia de fim de vida para auxiliar os médicos no complexo processo de tomada de decisão.
A radioterapia paliativa (RTP) no final da vida (EOL) em pacientes com câncer avançado é controversa. Embora a RT no final da vida possa aliviar os sintomas relacionados ao câncer, o alívio geralmente ocorre semanas a meses após o tratamento, o que pode comprometer a qualidade de vida dos pacientes durante os estágios finais. Neste estudo retrospectivo, os pesquisadores avaliaram uma coorte de 684 pacientes consecutivos com diagnóstico de tumor sólido que faleceram entre 2017 e 2021. Nesses pacientes, foram analisados os fatores que potencialmente influenciam a administração da RT no final da vida.
Os resultados foram relatados por Le et al. no JCO Global Oncology. Dos 684 pacientes, 164 receberam RTP, com 60 (36,6%) recebendo RT nos últimos 30 dias de vida. A mediana de tempo entre a última sessão de RT e o óbito foi de 55 dias. Os autores descrevem que fatores clinicamente relevantes, como status de desempenho ECOG ≥2 (odds ratio, OR, 3,73 [IC 95%, 1,88 a 7,40]), idade ≤65 anos (odds ratio [OR], 1,75 [IC 95%, 1,02 a 3,01]), estadiamento tumoral avançado (OR, 2,77 [IC 95%, 1,41 a 5,46]), diagnóstico de câncer de pulmão (OR, 2,16 [IC 95%, 1,00 a 4,68]), encaminhamento para serviços de cuidados paliativos (OR, 1,80 [IC 95%, 0,98 a 3,30]) e terapia sistêmica no fim da vida (OR, 1,87 [IC 95%, 1,05 a 3,33]) foram significativamente associados ao aumento da administração de radioterapia paliativa próximo ao fim da vida.
A análise também revela que a RT próxima ao fim da vida útil foi mais provavelmente administrada em múltiplos locais (OR, 2,08 [IC 95%, 1,00 a 4,29]) e com frações ≤5 (OR, 2,37 [IC 95%, 1,23 a 4,57]), assim como foi associada a menores taxas de resposta (OR, 0,43 [IC 95%, 0,21 a 0,86]) e maior descontinuação da terapia (OR, 4,40 [IC 95%, 1,45 a 13,37]).
“Esses achados destacam padrões variáveis de RT influenciados por fatores específicos, demonstrando a complexidade das decisões de tratamento no fim da vida no tratamento do câncer avançado”, destacam os autores, acrescentando que a identificação dos principais fatores para decisões personalizadas e centradas no paciente em relação à RT no fim da vida útil justifica uma investigação mais aprofundada.
Referência:
Nguyen-Son Le et al. Palliative Radiotherapy Near the End of Life: An Analysis of Factors Influencing the Administration of Radiotherapy in Advanced Tumor Disease. JCO Glob Oncol 11, e2400500(2025). DOI:10.1200/GO-24-00500
