Lucas Diniz da Conceição (foto), pesquisador da Universidade Federal Fluminense, é primeiro autor de estudo que destaca a carga global do câncer de pâncreas de início precoce, com projeções que indicam aumento global de 10,6% nos casos e mortes pela doença até 2040, afetando desproporcionalmente ambientes com recursos limitados. O trabalho tem como pesquisadora sênior a oncologista Renata D`Alpino Peixoto (foto) e está em acesso aberto no JCO Global Oncology.
O câncer de pâncreas de início precoce (CPIP) é um emergente problema de saúde global, definido como câncer de pâncreas diagnosticado antes dos 50 anos de idade. Neste estudo, os pesquisadores buscaram avaliar as tendências globais na incidência, mortalidade e fatores de risco associados ao CPIP, com projeções de carga futura até 2040.
A análise de base populacional foi conduzida a partir dos dados do Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study 2021 (Estudo de Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco de 2021), abrangendo dados de 204 países e territórios.
Os resultados mostram que, globalmente, os casos incidentes de CPIP aumentaram 1,63 vezes, de 19.366 em 1990 para 31.531 em 2021. Os autores descrevem que a mortalidade aumentou 57% durante o mesmo período, com 26.996 mortes em 2021.
A análise revela que as taxas de incidência e mortalidade padronizadas por idade diminuíram discretamente, refletindo mudanças demográficas e crescimento populacional. As regiões com Índice Sociodemográfico Médio (ISD) apresentaram os aumentos mais rápidos tanto em casos quanto em mortes.
Em relação aos fatores de risco, o tabagismo foi responsável por 8,1% das mortes por CPIP em 2021, enquanto a glicemia de jejum elevada e o IMC elevado contribuíram para 6,3% e 5,7% das mortes, respectivamente. As projeções indicam aumento global de 10,6% nos casos e mortes por CPIP até 2040, com os maiores aumentos absolutos esperados nas regiões com SDI baixo-médio.
Em síntese, a incidência e a mortalidade por CPIP estão aumentando globalmente, com as regiões de ISD médio e médio-baixo enfrentando os aumentos mais rápidos e que sofrerão o maior impacto até 2040. “Esses achados enfatizam a necessidade de prevenção primária, acesso a diagnósticos e sistemas de saúde equitativos. Abordar fatores de risco modificáveis, como tabagismo e síndrome metabólica, será fundamental para reduzir o impacto geral do CPIP”, destacam os autores.
O câncer de pâncreas é uma das principais causas de mortalidade relacionada ao câncer em todo o mundo, com taxa de sobrevida em 5 anos que permanece sombria, apesar das novas abordagens terapêuticas e do número crescente de ensaios clínicos.
Além de Lucas Diniz da Conceição e de Renata D'Alpino Peixoto, o estudo conta com a participação de Luís Felipe Leite da Silva, Mariana Macambira Noronha, Marcos Belotto, e Thais Baccili Cury Megid.
Referência:
Lucas Diniz da Conceição et al. Current and Future Global Burden of Early-Onset Pancreatic Cancer: A Population-Based Study. JCO Glob Oncol 11, e2500016(2025). DOI:10.1200/GO-25-00016
