Onconews - Benefício da manutenção com olaparibe no câncer de ovário de acordo com o tipo e local da mutação BRCA1/2

Estudo multicêntrico de mundo real investigou a eficácia do inibidor de PARP (PARPi) olaparibe como tratamento de manutenção no câncer de ovário com base em domínios funcionais [RING, BRCT, ligação ao DNA (BD), RAD51-BD] e tipos (frameshift, missense, nonsense, splicing) de mutações do gene BRCA1/2. “Nossos resultados revelam que os pacientes com mutação BRCA1/2 se beneficiam de olaparibe, mas com variações de acordo com o tipo de mutação e domínios funcionais”, afirmam os autores em artigo publicado no ESMO Open.

O conhecimento sobre a associação entre o tipo de mutação BRCA1/2 e a localização e a resposta aos inibidores da poli (ADP-ribose) polimerase (PARPis) como agente único no câncer de ovário é limitado.

Este estudo incluiu retrospectivamente pacientes com câncer de ovário com mutação BRCA1/2 recebendo manutenção com olaparibe entre janeiro de 2010 e dezembro de 2022. Os dados foram comparados com séries históricas de pacientes que não receberam olaparibe e analisados ​​com base no domínio funcional envolvido nas mutações BRCA1/2. A sobrevida livre de progressão foi calculada a partir da data do último tratamento à base de platina até a recorrência ou o último acompanhamento.

Após um acompanhamento mediano de 46 meses (intervalo de 32 a 60 meses), 140 pacientes submetidos à manutenção com olaparibe foram comparados com 128 que não foram. O PARPi mostrou eficácia na população geral.

Os pacientes sem exon 11 se beneficiaram mais do olaparibe em comparação com os pacientes com exon 11 [hazard ratio (HR) 0,48, intervalo de confiança (IC) de 95% 0,25-0,93]. No grupo BRCA1, os pacientes com mutações nos domínios RING e BRCT tiveram benefícios significativos com o PARPi (HR 0,08, IC de 95% 0,01-0,75; HR 0,10, IC de 95% 0,02-0,38, respectivamente).

Entre os pacientes com mutação BRCA2, as mutações RAD51-BD foram associadas a uma resposta maior a olaparibe (HR 0,23, IC de 95% 0,10-0,52). De acordo com o tipo de mutação, o principal efeito do PARPi foi no grupo missense (HR 0,04, IC de 95% 0,01-0,31). Nenhum paciente com p.(Ala1708Glu) no domínio BRCT (BRCA1) recebendo PARPi apresentou doença recorrente no período do estudo.

Em síntese, pacientes com mutação BRCA1/2 se beneficiam de olaparibe, mas com variações de acordo com o tipo de mutação e domínio funcional. As pacientes com mutação BRCA1 no RING ou BRCT e com mutação BRCA2 no RAD51-BD têm o maior benefício, e aquelas com mutações missense, especialmente com p.(Ala1708Glu), têm a vantagem mais significativa da manutenção com PARPi”, concluem os autores.

Referência:

Benefit from maintenance with PARP inhibitor in newly diagnosed ovarian cancer according to BRCA1/2 mutation type and site: a multicenter real-world study. Marchetti, C. et al. ESMO Open, Volume 10, Issue 4, 104533