Epigenética, câncer e nutrição
Diversas evidências apontam para o impacto de hábitos alimentares no risco de câncer e no comportamento tumoral. Em busca de soluções simples para a quimioprevenção, a nutrigenômica representa um novo paradigma clínico seguro, eficaz e facilmente implementável, dizem os especialistas.
Consumo de carne vermelha aparece como conhecido fator de risco para o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.
Imunonutrição está em pauta na atualização do Volume II do Consenso do INCA, publicado em novembro.
Estimativas mais recentes indicam que a dieta influencia até 40% de todos os casos de câncer e a obesidade já tem sido considerada ‘o novo tabaco’.
Especialistas alertam para a importância de garantir racionalidade às decisões na Saúde e mostram que o avanço das demandas na Justiça desequilibra ainda mais a gestão do Sistema Único de Saúde.
Técnica experimental associa termoablação à quimioterapia com cisplatina e busca aliviar sintomas de pacientes com câncer de cabeça e pescoço avançado sem alternativas de tratamento curativo.
A identificação das vias moleculares envolvidas no crescimento tumoral marcou um novo paradigma e inaugurou a terapia personalizada no carcinoma pulmonar de não pequenas células (CPNPC). A ESMO deste ano mostrou que as pesquisas avançam e continuam a explorar novos alvos.
No final de setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) voltou a discutir a judicialização da saúde: os Estados devem ou não pagar por medicamentos de alto custo fora da lista do SUS ou até sem registro da Anvisa? O mundo inteiro debate os custos e resultados dos novos tratamentos de câncer e seu impacto nos sistemas de saúde. O Brasil não foge à regra e o acesso aos chamados medicamentos de alto custo continua a alimentar debates acalorados. O problema é quando esse debate vai parar na Justiça e compromete a aplicação racional do orçamento da saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) instituído em 1988 por preceito constitucional é uma das grandes conquistas que há quase três décadas tenta consolidar o tripé da universalidade, integralidade e equidade da assistência. No mundo real, o SUS vive o paradoxo de um modelo de gestão que transita entre o público e o privado, sente a agonia do subfinanciamento crônico e a pressão por uma fragmentação ainda maior. Há caminhos para revalorizar o SUS? E na assistência oncológica, como melhorar o fluxo do paciente na fila por diagnóstico e tratamento?
Subfinanciamento e dicotomias na relação público-privado desafiam o direito constitucional à saúde e impactam o fluxo do paciente em busca de cuidados. Articular e integrar os diferentes níveis de assistência é um dos caminhos para encurtar a fila de espera.
Com o avanço da carga do câncer no Brasil, modelo de assistência em rede enfrenta déficit na infra-estrutura de serviços. Desencontro entre oferta e demanda na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer também tem raízes em um modelo de assistência concebido para um panorama bem diferente.
Integração de dados dos municípios às centrais estaduais de regulação é peça-chave para sistematizar rotinas e organizar o fluxo de assistência.
Atenção primária tem o desafio de ganhar resolutividade como porta de entrada para a assistência. Modelo de educação médica tem impacto nos sistemas de referência e contrarreferência.
Valorizar a promoção da saúde é uma nova lógica que faz a diferença. Central de regulação de São Paulo já agendou quase 30 mil consultas para estratégias de vigilância em câncer colorretal, de mama e colo do útero.
Maior estudo sobre o tema já realizado no país avalia a viabilidade de implantar rastreamento para a detecção precoce. Pesquisa de sangue oculto nas fezes por teste imunoquímico é o método de escolha.
Na contramão da crise, hospitais e clínicas privadas apostam na ampliação da assistência oncológica. Investimentos vão do aumento da capacidade instalada, capacitação de profissionais e novas tecnologias a espaços dedicados à medicina integrativa.
A oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz (foto), Coordenadora da Oncologia Clínica do Icesp, comenta o primeiro guideline ASCO para o tratamento do câncer do colo do útero. Segundo a especialista, a diretriz inova ao reconhecer as grandes disparidades de recursos para o tratamento da doença ao redor do mundo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou o registro do Herzuma®, produto biossimilar da terapia anti-HER2 trastuzumabe, fabricado pela sul-coreana CellTrion. A decisão foi publicada no Diário Oficial de 17 de março (DOU nº 54) e segundo a Anvisa tem caráter administrativo, já que a asiática teria descumprido o prazo de entrega de documentos. Seja como for, o episódio escreve mais um capítulo na história dos biossimilares e mostra uma realidade que já começa a impactar a oncologia brasileira. Afinal, estamos preparados?
Preocupações com o chamado switch reforçam debates que vão da nomenclatura e rastreabilidade a estratégias de segurança do paciente. Até que ponto um medicamento biossimilar pode ser automaticamente substituído pelo medicamento de referência ou mesmo por um outro biossimilar?
Hoje, cresce a importância dos ensaios pré-clínicos, cada vez mais reconhecidos como um componente crítico para demonstrar a biossimilaridade. Sofisticados estudos bioanalíticos são o novo paradigma para o conceito de comparabilidade em relação ao produto de referência.
Modelo brasileiro de biotecnologia caminha em meio a expectativas e boas doses de ceticismo. Rituximabe, bevacizumabe, trastuzumabe e cetuximabe estão no pipeline das novas companhias.