Onconews - Terapia personalizada no câncer de pulmão

BALANCO_PULMAO_horiz_bx.jpgA identificação das vias moleculares envolvidas no crescimento tumoral marcou um novo paradigma e inaugurou a terapia personalizada no carcinoma pulmonar de não pequenas células (CPNPC). A ESMO deste ano mostrou que as pesquisas avançam e continuam a explorar novos alvos.

“A seleção de terapia baseada nas mutações oncogênicas do tumor é um dos principais avanços no manejo do câncer de pulmão. O que há 10 anos estava restrito às mutações do EGFR, hoje se amplia para as translocações do ALK, ROS1, mutacões do MET, HER2, BRAF e outras”, afirma o oncologista Marcelo Cruz, do Programa de Desenvolvimento de Teraêuticas, Divisão de Hematologia e Oncologia da Northwestern University, em Chicago.
 
Estudo de braço único, o PROFILE 1001 apresentou os dados do inibidor de quinase crizotinibe em pacientes com mutação ROS1 (Abstr 1206PD)1. Em 2013, o estudo PROFILE 10072 publicado no New England Journal of Medicine mostrou os resultados de crizotinibe em pacientes com rearranjos do gene ALK.
 
“A identificação de alvos moleculares no paciente com câncer de pulmão não pequenas células, não escamoso e avançado é o padrão”, diz o oncologista Mauro Zukin, diretor técnico do grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) e membro do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT).
 
As translocações dos genes ALK e ROS1 ocorrem tipicamente em pacientes mais jovens que nunca fumaram ou têm uma breve história de tabagismo. A boa notícia é que esse grupo de pacientes demonstrou grande sensibilidade ao uso de crizotinibe. No estudo PROFILE 1007, crizotinibe atingiu o endpoint primário com ganho de sobrevida livre de progressão na comparação com quimioterapia em pacientes com CPNPC avançado previamente tratados (7,7 meses versus 3,0 meses; HR 0,49; p <0,001). As taxas de resposta foram de 65% com o inibidor de quinase e de 20% para a quimioterapia com pemetrexede ou docetaxel (P <0,001).
 
“Em relação ao alvo ROS1 vimos que as taxas de respostas também são bem expressivas e o perfil de toxicidade aceitável quando comparamos com quimioterapia”, diz Zukin. “Acho inadequado desconsiderar essa opção de tratamento e acredito que a melhor estratégia é utilizar o inibidor de quinase em primeira linha, uma vez que vários estudos mostram que mesmo em centros de excelência parte dos pacientes jamais recebeu um tratamento de segunda linha e perde a oportunidade de uma droga alvo molecular eficaz e menos tóxica”.
 
Referências:
 
1. Crizotinib in Advanced ROS-1-Rearranged Non-Small Cell Lung Cancer (NSCLC): Updated Results from PROFILE 1001. Shaw, A (Abstract 1206PD)
 
2. Crizotinib versus chemotherapy in advanced ALK-positive lung cancer. Shaw, A et al;NEngl J Med. 2013 Jun 20;368(25):2385-94.