Em um momento marcante no Congresso ESMO 2025, estudos revelaram evidências convincentes de que uma nova classe de medicamentos anticâncer — conjugados anticorpo-medicamento (ADCs) — pode melhorar drasticamente os resultados para pacientes com câncer de mama HER2-positivo em estágio inicial.
Os resultados, apresentados em dois estudos destacados em simpósios presidenciais, marcam uma mudança de paradigma no tratamento do câncer de mama, posicionando os ADCs não apenas como agentes terapêuticos poderosos quando a doença já progrediu, mas também como potenciais novos padrões de tratamento para pacientes com doença em estágio inicial.
No estudo DESTINY-Breast05, trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) demonstrou avanço significativo em relação ao padrão atual em pacientes com doença residual. Neste estudo, os pesquisadores compararam trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) com o padrão atual trastuzumabe entansina (T-DM1) em pacientes com doença invasiva residual após terapia neoadjuvante. Os resultados do DESTINY-Breast05 foram impressionantes, demonstrando que a sobrevida livre de doença invasiva e a sobrevida livre de doença quase dobraram com T-DXd em comparação com T-DM1 (Razão de Risco: 0,47; p < 0,0001). O conjugado T-DXd também demonstrou redução clinicamente significativa na incidência de metástases cerebrais. O perfil de risco-benefício foi administrável, sem novos sinais de segurança.
Esses resultados sugerem que T-DXd pode substituir T-DM1 como padrão de tratamento pós-neoadjuvante para câncer de mama precoce HER2+ de alto risco com doença residual.
No cenário neoadjuvante, o destaque foi o ensaio DESTINY-Breast11, que explorou o uso de T-DXd em um estágio inicial do tratamento — antes da cirurgia. Os pacientes receberam T-DXd seguido pela terapia padrão direcionada ao HER2 (THP) ou pelo regime convencional baseado em antraciclina (ddAC-THP).
Os resultados apresentados no ESMO 2025 mostram que a taxa de resposta patológica completa (pCR) foi de 67,3% com T-DXd-THP vs. 56,3% com ddAC-THP (p = 0,003).
T-DXd-THP demonstrou tendência inicial de melhora da sobrevida livre de eventos e melhor perfil de segurança, com menos eventos adversos graves e menos toxicidade cardíaca em comparação com a terapia padrão.
Esses achados corroboram T-DXd-THP como potencial alternativa sem antraciclinas, com eficácia e tolerabilidade superiores.
Esses estudos indicam que quanto mais cedo o câncer for detectado e tratado com terapias-alvo eficazes, maior será o impacto clínico. Os ADCs são projetados para administrar quimioterapia diretamente às células cancerígenas, minimizando os efeitos colaterais e maximizando a potência.
Referência:
1 Geyer C, et al. Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) vs trastuzumab emtansine (T-DM1) in patients (pts) with high-risk human epidermal growth factor receptor 2–positive (HER2+) primary breast cancer (BC) with residual invasive disease after neoadjuvant therapy (tx): Interim analysis of DESTINY-Breast05. LBA1 presented at the ESMO Congress 2025, Presidential Simposium I on Saturday, 18 October, 16:30-18:15, Berlin Auditorium-Hub 27.
2 Abstract 291O - Harbeck N, et al. DESTINY-Breast11: neoadjuvant trastuzumab deruxtecan alone (T-DXd) or followed by paclitaxel + trastuzumab + pertuzumab (T-DXd-THP) vs SOC for high-risk HER2+ early breast cancer (eBC). ESMO Congress 2025 ì, Presidential Simposium I on Saturday, 18 October, 16:30-18:15, Berlin Auditorium-Hub 27.