PROSPECT: radiação pode ser omitida com segurança em pacientes selecionados com câncer de reto localmente avançado
Pacientes com câncer de reto localmente avançado com tumores que respondem à quimioterapia neoadjuvante podem abrir mão da radioterapia com segurança, reduzindo os efeitos colaterais de curto e longo prazo e melhorando a qualidade de vida sem comprometer a eficácia do tratamento. Os resultados são do estudo de Fase 3 PROSPECT1 foram apresentados em Sessão Plenária no ASCO 2023 (LBA2), com publicação simultânea na New England Journal of Medicine (eficácia) e no Journal of Clinical Oncology (resultados relatados pelo paciente). "O estudo PROSPECT finalmente encerra uma longa discussão sobre o não-emprego de radioterapia neoadjuvante a pacientes com baixo risco de recidiva locorregional", observam os coloproctologistas Bruna Vailati e Rodrigo Perez.
O inibidor de checkpoint imune nivolumabe (Opdivo®) associado à quimioterapia reduziu significativamente o risco de progressão da doença e morte relacionada à doença em comparação com o tratamento padrão com o anti-CD30 brentuximabe (Adcetris®) mais quimioterapia em pacientes pediátricos e adultos com linfoma de Hodgkin estágio III ou IV sem tratamento prévio. Quem comenta os resultados do estudo SWOG S1826 (LBA4), apresentado na Sessão Plenária do ASCO 2023, é o hematologista Otávio Baiocchi (foto), professor e coordenador dos grupos de linfomas da UNIFESP e diretor da hematologia, onco-hematologia e terapia celular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
A Conquer Cancer Foundation, fundação da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), anunciou os ganhadores do 2023 ASCO Annual Meeting Merit Awards. Os oncologistas brasileiros que receberam o reconhecimento esse ano foram Priscila Barreto Coelho (University of Miami Miller School of Medicine); Guilherme Nader-Marta (Institut Jules Bordet/Université Libre de Bruxelles); Adriana Kahn (Yale University); Gabriel Aleixo (Cleveland Clinic Foundation); João Paulo Solar Vasconcelos (BC Cancer, Vancouver Cancer Centre); além da estudante Laynara Vitória Vieira (Universidade Federal do Piauí). A oncologista Maria Alice Franzoi, contemplada com o Career Development Award (CDA) ano passado, está entre os pesquisadores com estudos financiados pela fundação apresentados na edição desse ano.
Estudo retrospectivo realizado por pesquisadores da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo – buscou avaliar a eficácia de supressão da função ovariana com gosserrelina trimestral em comparação com gosserrelina mensal, associada com um inibidor de aromatase, em pacientes na pré-menopausa com câncer de mama receptor de estrogênio (ER) positivo. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ASCO 2023. Daniella Audi Blotta é a primeira autora do trabalho, que tem como autor sênior o oncologista Antonio Carlos Buzaid.
Estudo global destacado no ASCO 2023 apresentou resultados da terapia celular com obe-cel em adultos com leucemia linfoide aguda recidivada ou refratária (LLA R/R), demonstrando que esta terapia CAR T cell é segura e eficaz, com taxas de resposta elevadas e duradoras nessa população de pacientes. "
O recrutamento de populações sub-representadas - minorias raciais e étnicas, mulheres, populações rurais e populações mais jovens e mais velhas - tem sido historicamente baixo na pesquisa clínica. Em 2018, a Alliance for Clinical Trials in Oncology (Alliance), iniciou uma estratégia em parceria com o National Cancer Institute (NCI) para aumentar a participação de minorias sub-representadas por raça e etnia (URMs) nos ensaios conduzidos pela Alliance. Os resultados foram tema de Poster Discussion no ASCO 2023 e demonstram o êxito da iniciativa.
Apresentado em sessão oral no ASCO 2023, o estudo SWOG S1011 demonstrou que a linfadenectomia estendida em pacientes com câncer urotelial músculo-invasivo clinicamente localizado submetidos a cistectomia radical não oferece benefício em comparação com a linfadenectomia padrão. "Este estudo se soma a outros estudos importantes em uro-oncologia ressaltando o papel limitado de grandes linfadenectomias", observa o urologista Gustavo Carvalhal (foto), chefe do serviço de Urologia da PUCRS e cirurgião do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
A adição de olaparibe (Lynparza®) e durvalumabe (Imfinzi®) ao tratamento padrão prolongou a sobrevida livre de progressão de mulheres com câncer de ovário avançado recém-diagnosticado sem mutações BRCA, representando avanço promissor para essas pacientes. Os resultados são da análise interina de estudo randomizado de fase 3 (DUO-O) apresentado no ASCO 2023. "Sem dúvida, é um estudo importante que traz benefícios para uma população que ainda tem necessidades não atendidas", avalia a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz (foto).
Estudo piloto selecionado em Poster Discussion no ASCO`2023 sugere que a combinação de cemiplimabe neoadjuvante + quimioterapia com doublet de platina + cetuximabe é segura e eficaz no downstaging patológico de pacientes com carcinoma escamoso de cabeça e pescoço (HNSCC) locorregionalmente avançado (LA). A combinação levou a um notável downstaging patológico, o que permitiu reduzir a extensão da cirurgia e omitir a radioterapia adjuvante, destacam os autores. A oncologista Aline Lauda Chaves (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP) e médica da DOM Oncologia, comenta os resultados.
Ian E. Krop, do Yale Cancer Center, apresenta no ASCO 2023 novos dados de trastuzumabe deruxtecana (T‑DXd), desta vez com uma análise agrupada (pooled analysis) dos ensaios DESTINY-Breast01, 02 e 03 (T‑DXd) em pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo (HER2+). Os resultados demonstram que T-DXd tem um perfil de risco-benefício favorável em pacientes ≥65 anos. O oncologista Gustavo Werutsky (foto) comenta os resultados.
Anas Gazzah (foto), do Departamento de Desenvolvimento de Drogas do Gustave Roussy, em Villejuif, França, é primeiro autor de estudo selecionado para publicação eletrônica no ASCO 2023 que avalia os resultados agrupados de segurança da córnea em pacientes que receberam o novo conjugado anticorpo-droga (ADC) tusamitamab ravtansina (tusa rav).