DESTINY-Breast04: eficácia de T-Dxd e análise de biomarcadores no câncer de mama HER2 low
O estudo DESTINY-Breast04 (NCT03734029) mostrou benefício clínico e estatisticamente significativo de sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) para trastuzumabe-deruxtecana (T-DXd) versus o tratamento de escolha do médico (TPC) em pacientes com câncer de mama metastático HER2 low (IHC 1+ ou 2+/ISH-negativo). A oncologista Shanu Modi (foto), do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, apresenta em poster discussion no ASCO 2023 a análise exploratória de biomarcadores do ensaio DESTINY-Breast04, mostrando que o ganho de SG e SLP foi consistentemente observado com T-DXd independentemente do subtipo intrínseco, mutação ESR1, mutação PIK3CA ou status conhecido do marcador de resistência CDK4/6i.
A avaliação precisa do câncer de mama HER2-low [pontuação imuno-histoquímica (IHC) de 1+ ou 2+ e hibridação in situ negativa] é clinicamente relevante após os resultados do estudo DESTINY-Breast04. No ASCO 2023, estudo selecionado em Poster Discussion utilizou o teste Oncotype DX para comparar a expressão quantitativa do gene HER2 em todos os subgrupos de IHC de uma amostra caso-controle (E2197).
O câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutação incomum do EGFR (uC-EGFRm), excluindo a inserção do exon 20, é uma fração heterogênea rara que consiste em 10% de todas as mutações do EGFR. No ASCO `2023 dados sobre a eficácia de osimertinibe em pacientes com CPCNP uC-EGFRm foram apresentados em poster por Yusuke Okuma, oncologista do National Cancer Center Hospital, em Tóquio, com resultados que sugerem osimertinibe como uma opção de tratamento para essa população.
Irinotecano lipossomal + 5-fluorouracil/leucovorina (5-FU/LV) é aprovado nos EUA e na Europa para adenocarcinoma ductal pancreático metastático (mPDAC) após progressão com terapia baseada em gencitabina. Estudo de fase 1/2 (NCT02551991) demonstrou atividade antitumoral promissora em pacientes com mPDAC que receberam irinotecano lipossomal de primeira linha 50 mg/m2 + 5-FU 2400 mg/m2 + LV 400 mg/m2 + oxaliplatina 60 mg/m2 (NALIRIFOX). Estudo destacado em sessão oral no ASCO 2023 apresentou os resultados de estudo randomizado de fase 3 que investigou a eficácia e segurança de NALIRIFOX em comparação com nab-paclitaxel 125 mg/m2 + gemcitabina 1000 mg/m2 (Gem+NabP) como terapia de primeira linha em pacientes com mPDAC. O oncologista Rivadávio Antunes de Oliveira (foto), coordenador da residência médica do Hospital do Câncer de Londrina, comenta os resultados.
HER3-DXd é um anticorpo-droga conjugado (ADC) composto por um anticorpo monoclonal anti-HER3 IgG1 totalmente humano (patritumabe), ligado a um inibidor da topoisomerase 1 por meio de um ligante clivável baseado em tetrapeptídeo que mostrou eficácia promissora em pacientes com expressão de HER3 MBC (Krop, 2022). Estudo de fase 2 destacado no ASCO 2023 examina a eficácia de HER3-DXd em um subgrupo de pacientes com câncer de mama metastático e define a população de pacientes com probabilidade de obter maior benefício.
A adição de ribociclibe ao tratamento endócrino (RIB + TE) demonstrou benefício de sobrevida em pacientes pré e pós-menopausicas com câncer de mama metastático e doença receptor hormonal positivo, HER2 negativo (HR+ HER2-). Agora, RIB + TE também mostrou benefício no câncer de mama inicial (EBC) HR+ HER2-, como revelam os resultados do ensaio de fase III NATALEE (NCT03701334). Análise interina pré-planejada apresentada no ASCO`2023 mostrou que o estudo alcançou seu principal desfecho, diminuindo o risco de uma recorrência invasiva (aumentando o iDFS, da sigla em inglês), apoiando essa estratégia como possível nova opção de tratamento para esses pacientes. O estudo tem participação do oncologista brasileiro Carlos Barrios, do Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG) e Grupo Oncoclínicas.
Nova análise do ensaio randomizado de fase 3 HIMALAYA (NCT03298451) apresentada no ASCO 2023 traz dados que associam a ocorrência de eventos adversos imunomediados (imAEs) e os desfechos alcançados pelos pacientes. Nesta análise exploratória, a ocorrência de imAEs foi associada a melhor sobrevida global com o tratamento de tremelimumabe e durvalumabe, achado consistente com resultados de outros imuno-oncológicos. "Chega a ser surpreendente que dose única de inibidor de CTLA4 na combinação com anti-PD1 mostra importante efeito sistêmico antitumoral e de toxicidade. No grupo Stride, de forma exploratória, foi vista a correlação entre toxicidade e eficácia", avalia o oncologista Sergio Jobim Azevedo (foto), do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
A histerectomia simples com dissecção linfonodal pélvica é uma opção de tratamento segura para pacientes com câncer de colo do útero de baixo risco em estágio inicial, conferindo menor morbidade e benefício de qualidade de vida. Os resultados são do estudo SHAPE, um dos destaques do programa científico do ASCO 2023. “Este estudo muda a prática clínico-cirúrgica por apresentar resultados robustos de segurança, que incluíram adequada análise de qualidade de vida”, afirma a cirurgiã oncológica Audey Tsunoda (foto).
O regime fluorouracil, leucovorina, irinotecano e oxaliplatina (FOLFIRINOX) já tem demonstrado melhor sobrevida no adenocarcinoma pancreático metastático e resultados promissores como quimioterapia de downstaging e neoadjuvante nos tumores localmente avançados. No ASCO 2023, estudo de fase 2 que avaliou a eficácia de FOLFIRINOX perioperatório em dois grupos, antes da cirurgia ou apenas após em pacientes com câncer pancreático ressecável mostrou resultados que não suportam a quimioterapia neoadjuvante como padrão de tratamento para esses pacientes. O cirurgião oncológico Felipe Coimbra (foto), líder do Centro de Referência de Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C.Camargo Cancer Center, comenta os resultados.
Adicionar pembrolizumabe à quimioterapia, com ou sem bevacizumabe, melhorou a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com câncer de colo do útero persistente, recorrente ou metastático, independentemente da expressão de PD-L1. Os dados são do estudo randomizado de Fase 3 KEYNOTE-826, selecionado para apresentação oral no ASCO 2023.
O ensaio clínico global de Fase III COMMANDS avaliou luspatercepte versus epoetina-alfa em pacientes com síndrome mielodisplásica (SMD) de baixo risco. Resultados da análise interina pré-planejada estão no programa científico do ASCO 2023, indicando que luspatercepte cumpriu o principal endpoint, proporcionando independência transfusional com aumento simultâneo da hemoglobina, além de reduzir o risco de anemia.