Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista Andre Murad (foto) aborda o uso da tecnologia de células únicas na oncologia de precisão. Confira.
Por André Marcio Murad*
1. O potencial da tecnologia de células únicas
A tecnologia de células únicas permite a análise dos perfis genético, transcriptômico e proteômico de células individuais dentro de um tumor. Ao contrário da análise em massa, que calcula a média dos sinais de várias células, as abordagens de células únicas revelam a diversidade e a heterogeneidade do microambiente tumoral, incluindo células tumorais e células imunes infiltrantes.
2. Compreendendo a Heterogeneidade Tumoral
Os tumores não são compostos por células idênticas; eles consistem em populações celulares diversas com mutações genéticas, padrões de expressão gênica e sensibilidades a medicamentos variados. A análise de células únicas ajuda a identificar subpopulações raras, mas potencialmente agressivas, que podem gerar resistência ou recidiva, fornecendo insights cruciais sobre a evolução e progressão do tumor.
3. Papel dos Bancos de Dados na Interpretação
Bancos de dados em larga escala que coletam e curam dados de células únicas de diferentes tipos de câncer servem como ferramentas de referência valiosas. Eles ajudam os pesquisadores a comparar perfis tumorais específicos de pacientes com conjuntos de dados existentes para identificar biomarcadores conhecidos, potenciais alvos para medicamentos e subtipos moleculares associados ao prognóstico ou à resposta terapêutica.
4. Orientando a Terapia Personalizada do Câncer
Ao integrar dados de sequenciamento de células únicas com bancos de dados clínicos, os oncologistas podem elaborar planos de tratamento personalizados. Isso inclui a seleção de terapias direcionadas com base em mutações ou padrões de expressão gênica específicos, a previsão da resposta ao tratamento e a prevenção de terapias ineficazes ou tóxicas.
5. Um Passo em Direção à Oncologia de Precisão
O uso de tecnologias de células únicas em combinação com bancos de dados selecionados está transformando o tratamento do câncer. Isso permite uma mudança em direção à oncologia de precisão, onde o tratamento é adaptado às características moleculares e celulares únicas do tumor de cada paciente, melhorando os resultados e minimizando os efeitos colaterais.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras