O papel dos exossomos na terapia direcionada contra o câncer está em pauta na coluna ‘Drops de Genômica’, explorando a visão geral da sua engenharia, estratégias pré e pós-carregamento, funções imunomoduladoras e ação antitumoral direta. “Exossomos, vesículas extracelulares secretadas naturalmente, podem ser projetados para fornecer moléculas terapêuticas para o tratamento do câncer”, explica o oncologista Andre Murad (foto). Confira.
Por André Marcio Murad*
Visão Geral da Engenharia dos Exossomos
Exossomos, vesículas extracelulares secretadas naturalmente, podem ser projetados para fornecer moléculas terapêuticas para o tratamento do câncer. Esses exossomos projetados podem transportar cargas internas ou de superfície modificadas, projetadas para atingir células cancerígenas ou modular o sistema imunológico.
Estratégias de Pré-Carregamento vs. Pós-Carregamento
O carregamento de cargas em exossomos pode ser realizado por meio de duas estratégias principais: o pós-carregamento e o pré-carregamento.
O pós-carregamento envolve a incubação de agentes terapêuticos, como inibidores de pequenas moléculas, microRNAs (miRNAs) ou proteínas recombinantes com exossomos já isolados. Esse método frequentemente requer técnicas físicas — como eletroporação, sonicação ou ciclos de congelamento e descongelamento — para romper temporariamente a membrana do exossomo e permitir a entrada da carga.
O pré-carregamento consiste no tratamento de células doadoras (que secretam exossomos) com agentes terapêuticos ou na sua modificação genética. Essas células naturalmente empacotam a carga desejada em exossomos durante a biogênese, e os exossomos são então coletados do meio de cultura celular.
Engenharia Genética para Separação de Carga
Uma abordagem mais precisa envolve o uso de construções genéticas em células doadoras que codificam moléculas terapêuticas fundidas a domínios de classificação de exossomos. Isso garante que a carga terapêutica seja incorporada eficientemente aos exossomos durante sua formação, aumentando a especificidade e o rendimento.
- Funções Imunomoduladoras
Exossomos projetados podem ser projetados para transportar antígenos tumorais. Uma vez administrados, eles podem estimular células apresentadoras de antígenos (APCs), como as células dendríticas, desencadeando uma cascata de respostas imunes que aumentam a capacidade natural do corpo de reconhecer e destruir células cancerígenas.
- Ação Antitumoral Direta
Além da ativação imunológica, os exossomos projetados podem entregar diretamente moléculas citotóxicas ou inibitórias às células cancerígenas. Esse sistema de entrega direcionada minimiza os efeitos não direcionados e aumenta a eficácia terapêutica dos agentes anticâncer.
*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras
