Onconews - Entendendo a microbiota intestinal e seu papel imunológico

A microbiota intestinal desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase intestinal e sistêmica do sistema imunológico. “Ela alcança isso por meio da produção de vários metabólitos que influenciam a função e a diferenciação das células imunológicas”, explica o oncologista Andre Murad (foto), em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’. Confira.

Por André Marcio Murad*

Esses metabólitos ajudam a equilibrar as respostas imunológicas, promovendo a tolerância imunológica ou suprimindo a inflamação, conforme necessário.

Metabólitos e regulação imunológica

Ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), metabólitos de triptofano (Trps) e metabólitos de ácidos biliares (BAs) são compostos essenciais produzidos pela microbiota intestinal. Esses metabólitos auxiliam ativamente na diferenciação e na função de células imunossupressoras, como células T reguladoras (Tregs), macrófagos tolerogênicos (tMacs) e células dendríticas tolerogênicas (tDCs). Eles são essenciais para promover a tolerância imunológica e prevenir a inflamação excessiva.

Inibição de respostas inflamatórias

Em contraste, esses metabólitos também inibem a atividade de células imunes inflamatórias. Por exemplo, eles suprimem a ativação de células T auxiliares pró-inflamatórias, como Th1, Th2 e Th17, bem como de macrófagos inflamatórios (iMacs). Ao modular essas respostas imunes, a microbiota ajuda a manter a homeostase imunológica e previne danos inflamatórios indesejados.

Influência nos subtipos de células imunológicas

Vários subtipos de células imunes são influenciados por esses metabólitos, incluindo células natural killer (NK), células T natural killer (NKT), células supressoras derivadas de mieloides (MDSCs) e células B reguladoras (Bregs). Além disso, os linfócitos intraepiteliais intestinais (como os linfócitos CD8αα e CD4+CD8αα+) desempenham um papel importante nesse intrincado equilíbrio entre tolerância imunológica e ativação.

drops microbiota

*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da Clínica OncoLavras