Trastuzumabe deruxtecana demonstrou atividade antitumoral em vários tipos de tumores com mutações ativadoras de HER2, com respostas duradouras em pacientes fortemente pré-tratados, sem novos sinais de segurança. É o que mostram resultados de estudo de fase II publicados por Bob T. Li (foto) e colegas no Lancet Oncology, com achados que apoiam trastuzumabe deruxtecana no cenário pan-tumoral.
Neste estudo aberto, de fase II, realizado em 29 centros na Ásia, Europa e América do Norte, os pesquisadores investigaram o conjugado trastuzumabe deruxtecana (5,4 mg/kg a cada 3 semanas por infusão intravenosa) em pacientes com 18 anos ou mais com tumores sólidos irressecáveis ou metastáticos com mutações ativadoras de HER2, status de desempenho do Eastern Cooperative Oncology Group de 0 ou 1 e progressão da doença após tratamento anterior (foi permitida terapia anterior direcionada a HER2) ou sem alternativas satisfatórias de tratamento. O endpoint primário foi a taxa de resposta objetiva confirmada por revisão central independente.
Entre 30 de dezembro de 2020 e 25 de janeiro de 2023, foram inscritos 102 pacientes com tumores sólidos com mutações ativadoras de HER2, majoritariamente (61%) mulheres, com mediana de 66,5 anos; 50% brancos, 2% negros ou afro-americanos, 37% asiáticos e 11% sem informações raciais relatadas. Esses pacientes receberam trastuzumabe deruxtecana e foram incluídos nas análises de atividade antitumoral e segurança.
Os pacientes receberam uma mediana de três (IQR 2–4) regimes de tratamento anteriores. Em um seguimento mediano de 8,61 meses (IIQ 3,71–12,68), a taxa de resposta objetiva por revisão central independente foi de 29,4% (IC 95% 20,8–39,3; 30 de 102 pacientes).
Em relação à segurança, 51% dos pacientes tiveram um evento adverso emergente do tratamento de grau≥ 3, sendo os mais frequentes (em ≥5% dos pacientes) a ocorrência de anemia (16%) e diminuição da contagem de neutrófilos (8%). Eventos adversos graves relacionados ao medicamento ocorreram em 10% dos pacientes. Doença pulmonar intersticial relacionada a medicamentos ou pneumonite de qualquer grau ocorreu em 11 pacientes (11%; três grau 1, cinco grau 2, um grau 3 e dois grau 5); houve dois (2%) casos fatais de doença pulmonar intersticial ou pneumonite relacionada a medicamentos.
Esses resultados revelam que trastuzumabe deruxtecana demonstrou atividade antitumoral e respostas duradouras em pacientes fortemente pré-tratados com vários tipos de tumores com mutações ativadoras de HER2, sem novos sinais de segurança. “Mutações pré-especificadas de HER2 podem ser alvo de conjugados anticorpo-fármaco dirigidos a HER2 e nossos achados apoiam uma investigação mais aprofundada de trastuzumabe deruxtecana no cenário pan-tumoral”, analisam os autores.
Este estudo é financiado pela AstraZeneca e Daiichi Sankyo e está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov: NCT04639219.
Referência: https://doi.org/10.1016/S1470-2045(24)00140-2