antifumo OKO International Tabacco Control (ITC), projeto que avalia políticas de controle do tabaco em 28 países, anunciou os resultados de estudo inédito sobre o controle do tabagismo no Brasil. Essa é a terceira edição da pesquisa e considerou uma amostra de 1358 fumantes e 470 não-fumantes, no período de 2009 a 2016/17. Os dados foram apresentados durante o congresso INCA 80 anos e mostram que 49% dos fumantes brasileiros planejam deixar de fumar nos próximos seis meses.

“Nosso desafio é ampliar o acesso desses fumantes ao tratamento, umas das intervenções médicas mais custo-efetivas”, avalia Tânia Cavalcante, secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq)/INCA.

O estudo do ITC também revelou um ambiente bastante favorável ao fortalecimento de políticas anti-tabaco, indicando que 68% dos fumantes e 77% dos não-fumantes pesquisados apoiam novas ações governamentais para a proibição total de produtos tabaco-relacionados nos próximos 10 anos. De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados concordam com a proibição de displays de cigarros em estabelecimentos comerciais e quase a metade (49%) apoia a adoção de embalagens ‘genéricas’ padronizadas. “Acho que o Brasil alcançou um grande objetivo, porque hoje não existe mais aprovação social ao tabagismo. As pessoas sabem que é uma droga que causa dependência e morte”, afirma Cristina Perez, coordenadora do projeto no Brasil.

O trabalho também mostrou que 49% dos fumantes planejam deixar de fumar nos próximos seis meses, índice considerado alto, à frente de diversos países desenvolvidos. No entanto, apenas 25% dos fumantes que estiveram em uma consulta foram aconselhados a deixar de fumar. “Precisamos que os profissionais de saúde dediquem importância a essa questão. Precisamos estar capacitados para fazer essa abordagem, perguntar se as pessoas fumam, e não apenas reforçar a necessidade de interromper o tabagismo, mas informar como parar de fumar. Essa ênfase do profissional de saúde aumentaria muito o índice de cessação do tabagismo no Brasil”, explica Cristina.

Segundo Ana Cristina Pinho, diretora-geral do INCA, apesar da redução importante no número de fumantes e de mortes tabaco-relacionadas, o Brasil ainda pode avançar em  políticas estratégicas. “Esse estudo mostra claramente quais são as duas políticas onde o Brasil precisa de ajustes. Mudar as imagens de advertência e ampliá-las para a parte frontal das embalagens de cigarros, e caminhar para o maço genérico, que já é uma realidade em alguns países. Além disso, é muito importante que as políticas de preços de impostos sejam mantidas e que se ratifique o protocolo de eliminação do comercio ilícito de produtos do tabaco”, concluiu.