Roberto Dias Machado (foto), urologista do Hospital de Câncer de Barretos, é o primeiro autor de estudo que avalia a associação da obesidade com câncer de pênis e o risco de metástases linfonodais em pacientes submetidos à linfadenectomia inguinal. O trabalho foi relatado na BMC Cancer e tem a participação do urologista Rodolfo Borges dos Reis (na foto, à direita).
A obesidade é considerada fator de risco para vários tipos de câncer e influencia o prognóstico desses pacientes. No entanto, até o momento, nenhum estudo correlacionou a obesidade com o envolvimento dos linfonodos em pacientes com câncer de pênis.
Neste estudo, os pesquisadores revisaram retrospectivamente os prontuários de 197 pacientes com câncer de pênis (CP) tratados de janeiro de 2000 a dezembro de 2011. Setenta foram submetidos à linfadenectomia inguinal. Para este subgrupo, a análise qui-quadrado avaliou as correlações de variáveis sociodemográficas, clínicas e patológicas com a presença de linfonodos inguinais positivos. Os pacientes foram divididos em categorias de peso normal, sobrepeso e obesos de acordo com o índice de massa corporal (IMC). Os números médios de linfonodos positivos e ressecados foram comparados para cada categoria de IMC.
Os resultados de Machado et al. mostram que o percentual de homens com sobrepeso ou obesidade foi de 42,8% (78 casos), enquanto o percentual de sobrepeso e obesidade estimado para a população brasileira é de 53%. Para pacientes submetidos à linfadenectomia, os IMCs médios foram 25,9 ± 6. A penectomia parcial foi a cirurgia mais realizada; invasão linfovascular ocorreu em 45,7% dos casos e 52,9% dos pacientes apresentaram metástase linfonodal.
A média de linfonodos ressecados e positivos para peso normal, sobrepeso e obesidade foi de 21,1 e 2,2, 23,3 e 2,2 e 16,8 e 1,5, respectivamente. O perfil epidemiológico foi majoritariamente de pacientes brancos, casados, com menor nível educacional e sem histórico de tabagismo. Dos 70 pacientes submetidos à ILND, 35 tinham menos de 55 anos. Das três categorias estabelecidas para o IMC (peso normal, sobrepeso e obesidade), nenhuma foi fator de risco para envolvimento dos linfonodos (p = 0,54).
“Sobrepeso e obesidade foram menos frequentemente observados em pacientes com CP do que na população brasileira. O IMC não foi um fator de risco para o desenvolvimento de metástase linfonodal”, concluem os autores, destacando que o único fator preditivo para metástase linfonodal foi a presença de invasão linfovascular.
A íntegra do estudo está em acesso aberto na BMC Cancer.
Além de Roberto Dias Machado, o trabalho conta com a participação de Eliney Ferreira Faria (Hospital Felício Rocho), Antonio Antunes Rodrigues Júnior (Faculdade de Medicina, USP Ribeirão Preto), Filipe Stirpari (Faculdade de Medicina, USP Ribeirão Preto), Rafael Neuppmann Feres (Faculdade de Medicina, USP Ribeirão Preto), Philippe E. Spiess (H. Lee Moffitt Cancer Center, EUA), Shahrokh F. Shariat, Leonardo Oliveira Reis (UroScience/ Unicamp e ImmunOncology, Pontifícia Universidade Católica de Campinas) e Rodolfo Borges dos Reis (Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto; UroScience, Unicamp; ImmunOncology, Pontifícia Universidade Católica de Campinas).
Referência:
Machado, R.D., Faria, E.F., Júnior, A.A.R. et al. Is body mass index a risk factor for lymphnode metastasis in penile cancer?. BMC Cancer 25, 394 (2025). https://doi.org/10.1186/s12885-025-13763-3