Análise exploratória do estudo DESTINY-Breast03 publicada no ESMO Open demonstrou que o conjugado de anticorpo-medicamento (ADC) trastuzumabe deruxtecana (Enhertu®, Daiichi Sankyo, AstraZeneca) conferiu benefício significativo em comparação com tratstuzumabe emtansine (T-DM1) no tratamento de segunda linha de pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo (HER+), com ou sem metástases cerebrais clinicamente inativas/assintomáticas. A oncologista Vanessa Petry (foto) comenta os resultados.
DESTINY-Breast03 é um estudo de Fase 3 randomizado, multicêntrico, aberto, que avalia trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) versus trastuzumabe emtansina (T-DM1) em pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo previamente tratado com trastuzumabe e um taxano. Uma melhoria estatisticamente significativa na sobrevida livre de progressão (SLP) versus T-DM1 foi relatada na análise primária. Agora, foram relatados dados exploratórios de eficácia em pacientes com e sem metástases cerebrais (do inglês, BMs – brain metastases) no baseline.
Os pacientes foram randomizados 1: 1 para receber T-DXd 5,4 mg/kg ou T-DM1 3,6 mg/kg. Eram elegíveis pacientes com metástases cerebrais clinicamente inativas/assintomáticas. As lesões foram medidas de acordo com RECIST modificado, versão 1.1. Os endpoints incluíram sobrevida livre de progressão por revisão central independente cega (BICR), taxa de resposta objetiva (ORR) e ORR intracraniana de acordo com BICR.
Resultados
Em 21 de maio de 2021, 43 dos 261 pacientes randomizados para T-DXd e 39 dos 263 pacientes randomizados para T-DM1 apresentavam metástases cerebrais no início do estudo, de acordo com a avaliação do investigador. Entre os pacientes com metástases cerebrais iniciais, 20 de 43 no braço T-DXd e 19 de 39 no braço T-DM1 não haviam recebido tratamento local prévio para metástases cerebrais.
Para pacientes com metástases cerebrais, a mediana de SLP foi de 15,0 meses (IC 95% 12,5-22,2 meses) para T-DXd versus 3,0 meses (IC 95% 2,8-5,8 meses) para T-DM1; hazard ratio (HR) 0,25 (IC 95% 0,13-0,45). Para pacientes sem metástases cerebrais, a mediana de SLP foi não alcançada (not reached, NR; IC 95% 22,4 meses-NE) para T-DXd versus 7,1 meses (IC 95% 5,6-9,7 meses) para T-DM1; HR 0,30 (IC 95% 0,22-0,40). A ORR sistêmica confirmada foi de 67,4% para T-DXd versus 20,5% para T-DM1 e 82,1% para T-DXd versus 36,6% para T-DM1 para pacientes com e sem metástases cerebrais, respectivamente. A ORR intracraniana foi de 65,7% com T-DXd versus 34,3% com T-DM1.
“Esta análise exploratória mostra que T-DXd proporciona benefícios de eficácia significativos para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo, com ou sem metástases cerebrais clinicamente inativas/assintomáticas no cenário de segunda linha”, afirmaram os autores. “Estas descobertas também apoiam ainda mais a investigação contínua do T-DXd em pacientes com metástases cerebrais, incluindo metástases cerebrais ativas, uma população para a qual as opções de tratamento são limitadas”, acrescentaram.
“Esse resultado da análise de subgrupo dos pacientes com câncer de mama HER2 (3+) em tratamento de segunda linha com T-DXd versus TDM1 com metástases em SNC são extremamente animadores, tornando T-DXd uma opção terapêutica padrão também para esse grupo de pacientes. Vale ressaltar que temos meta-análise demonstrando atividade de T-DXd também para população de HER2 (3+), com metástases em SNC ativas e sem tratamento prévio. Esses resultados são de extrema valia para pacientes nesta situação de doença grave com prognóstico reservado e opções de tratamento limitadas”, conclui Vanessa Petry, oncologista do ICESP e da Oncologia D’Or.
O estudo foi patrocinado e elaborado pela Daiichi Sankyo em colaboração com a AstraZeneca.
Referência: Hurvitz SA, Kim S-B, Chung W-P, et al. Trastuzumab deruxtecan versus trastuzumab emtansine in HER2-positive metastatic breast cancer patients with brain metastases from the randomized DESTINY-Breast03 trial. ESMO Open; Published online 24 April 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2024.102924