Estudo publicado no periódico ESMO Gastrointestinal Oncology investigou as associações entre o potencial inflamatório da dieta e do estilo de vida em relação à recorrência do câncer de cólon em subgrupos de pacientes com base em características moleculares do tumor que também influenciam o microambiente inflamatório. “Nosso estudo sugere que um estilo de vida pró-inflamatório, mas não a dieta, está associado a um maior risco de recorrência do câncer de cólon”, afirmam os autores.
Esse estudo de caso-controle foi implementado em dois estudos de coorte prospectivos de pacientes com câncer de cólon. Os participantes que desenvolveram recorrência foram incluídos como casos (n = 167). Os controles pareados (n = 668) foram selecionados com base na amostragem por densidade de incidência. Fatores de estilo de vida foram avaliados no diagnóstico por meio de questionários autoadministrados, e a ingestão alimentar foi avaliada por meio de um questionário de frequência alimentar.
O escore de inflamação alimentar e o escore de inflamação do estilo de vida (LIS) foram construídos. Sequenciamento de última geração de alto rendimento do tecido tumoral foi utilizado para análise de mutação e instabilidade de microssatélites (MSI). As associações entre escore de inflamação alimentar, escore de inflamação do estilo de vida e recorrência foram avaliadas por meio de análises de regressão logística condicional em todos os pacientes, bem como em subgrupos com base na instabilidade de microssatélites. Para pacientes com tumores estáveis em microssatélites (MSS), foi realizada estratificação adicional com base no status mutacional de KRAS, BRAF, PIK3CA, TP53 e APC.
Os resultados revelam que uma dieta mais pró-inflamatória não foi associada ao risco de recorrência [razão da taxa de incidência (IRR) 1,04, IC de 95% 0,96-1,12]. Pessoas com um estilo de vida mais pró-inflamatório podem apresentar risco aumentado de recorrência (IRR 1,21, IC 95% 0,97-1,52), sendo mais pronunciado para pessoas com estabilidade de microssatélites e tumores KRAS ou PIK3CA selvagem (IRR 1,31, IC 95% 0,90-1,90 e IRR 1,30, IC 95% 0,98-1,71, respectivamente).
Em síntese, os resultados sugerem que as associações entre o escore de inflamação do estilo de vida e a recorrência podem diferir com base nas características moleculares do tumor. “As associações parecem ser mais pronunciadas em tumores microssatélites estáveis e tumores KRAS ou PIK3CA selvagens. Nosso estudo oferece insights sobre quais pacientes podem se beneficiar mais de um estilo de vida menos pró-inflamatório após o câncer de cólon”, concluem os pesquisadores.
Referência:
Dietary and lifestyle inflammation scores in relation to colon cancer recurrence in subgroups of patients based on common molecular tumour characteristics. Wesselink, E. et al. ESMO Gastrointestinal Oncology, Volume 9, 100202
