Impacto do diagnóstico de câncer e de diferentes terapias sistêmicas na resposta imunológica após a vacinação contra COVID-19
Guilherme Nader-Marta (foto), do Institut Jules Bordet (Université Libre de Bruxelles), apresenta na sessão de pôster trabalho que discute o impacto do diagnóstico de câncer e dos diferentes tipos de terapias sistêmicas antineoplásicas na resposta imunológica antiviral após a vacinação contra COVID-19. O oncologista foi contemplado com o Annual Meeting Merit Awards, destinado a jovens oncologistas que são os primeiros autores de trabalhos de alta qualidade selecionados para apresentação no congresso de Chicago.
No câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado, a alta expressão de PD-L1 (> 50%) demonstra resposta e sobrevida superiores com inibidores de checkpoint imune em comparação com a quimioterapia. Estudo de Fase I apresentado em Poster Discussion no ASCO 2022 sugere que é seguro e viável substituir quimioterapia por durvalumabe concomitante a radioterapia (RT) em pacientes com CPCNP localmente avançado com alta expressão de PD-L1.
Estudo de Fase 2 avaliou a eficácia e tolerabilidade da combinação de Ixazomibe-Daratumumabe (Ixa-Dara) sem dexametasona em idosos frágeis com mieloma múltiplo recidivado (RRMM). Os resultados foram apresentados por Xavier Leleu, do grupo francês de pesquisa em mieloma, e mostram que em um seguimento mediano de 11,6 meses, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 16 meses e a mediana de sobrevida global não foi alcançada (estimada em 76% em um ano). O oncohematologista Angelo Maiolino (foto) comenta os principais achados.
Na análise primária do ensaio DESTINY-Breast03 (NCT03529110), com data de corte de 21 de maio de 2021, o anticorpo droga conjugado trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) mostrou superioridade sobre T-DM1 em pacientes com câncer de mama metastático HER2+, com benefício significativo de sobrevida livre de progressão (HR, 0,284; IC 95%, 0,217-0,373; P <0,001) e perfil de segurança consistente com estudos anteriores. Agora, análise apresentada no ASCO 2022 atualiza os dados de segurança com acompanhamento mais longo e mostra que eventos adversos graves e de qualquer grau foram semelhantes nos dois braços de análise, enquanto as taxas de incidência ajustadas à exposição foram menores para T-DXd, apoiando o benefício clínico de T-DXd sobre T-DM1.
Estudo randomizado de Fase IIR/III (NRG-BR002) destacado em sessão oral no ASCO 2022 procurou determinar a eficácia da terapia sistêmica padrão associada ao tratamento direcionado às metástases, como radioterapia corporal estereotática (SBRT) ou ressecção cirúrgica (SR), como primeira linha do câncer de mama oligometastático. Os resultados apresentados mostram que o tratamento direcionado às metástases não melhorou a sobrevida quando adicionado à terapia padrão.
No ensaio SOLAR-1, alpelisibe (ALP) combinado a fulvestranto (FUL) melhorou a sobrevida livre de progressão (SLP) versus placebo (PBO) + FUL em pacientes com câncer de mama avançado HR+, HER2-negativo que progrediram após tratamento com um inibidor de aromatase. No ASCO 2022, os pesquisadores apresentam dados de eficácia de alpelisibe nas coortes com e sem PIK3CA alterada, correlacionando os resultados com o perfil genômico. “Este estudo ressalta a real necessidade de biomarcadores preditivos aos tratamentos para os pacientes com câncer de mama metastático”, observa o oncologista Evandro de Azambuja (foto), do Instituto Jules Bordet, na Bélgica.
Estudo de fase II, multicêntrico, randomizado, avaliou a eficácia de fulvestranto ou exemestano +/- ribociclibe em pacientes com câncer de mama metastático HR+HER2- que progrediram a qualquer inibidor de ciclinas (CDK 4/6i) + qualquer terapia endócrina (TE). Os resultados foram apresentados no ASCO 2022 em sessão oral (Abstract # LBA1004). "O estudo trouxe dados muito importantes para esse perfil de pacientes. A resposta em sobrevida livre de progressão foi expressiva no subgrupo ESR1 WT com hazard ratio de 0.30. O estudo confirma o quão complexo é o mecanismo de resistência endócrina e dá embasamento para futuros trials nessa população", avalia o oncologista Fabio Franke (foto), diretor do Oncosite Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia.
O estudo CASPIAN de Fase 3 estabeleceu durvalumabe + platina e etoposide (D+EP) como padrão global de tratamento no câncer de pulmão de pequenas células escamoso (ES-SCLC). Agora, pela primeira vez, são apresentados no ASCO 2022 os critérios de terminologia comum para eventos adversos (PRO-CTCAE) relatados pelos próprios pacientes.
Priscila Barreto Coelho (foto), da University of Miami - Miller School of Medicine/Sylvester Comprehensive Cancer Center, apresenta na sessão de pôster de sarcoma do ASCO 2022 sua coorte de pacientes com sarcoma sinovial e discute a presença de vias de resposta a danos no DNA (DDR) nesse raro tumor de partes moles. A oncologista foi contemplada com o Annual Meeting Merit Awards, destinado a jovens oncologistas que são os primeiros autores de trabalhos de alta qualidade selecionados para apresentação no congresso de Chicago.
Apresentado em sessão oral, estudo que avaliou se pacientes com carcinoma nasofaríngeo de risco intermediário (estágio II e T3N0M0) tratados com radioterapia de intensidade modulada podem ser poupados de quimioterapia concomitante (CCRT) mostrou que a radioterapia isolada foi capaz de fornecer controle de doença e sobrevida comparável a CCRT nesses pacientes, com toxicidade reduzida.
A adição de docetaxel à radioterapia melhorou a sobrevida livre de doença e a sobrevida global no carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço localmente avançado (LAHNSCC, da sigla em inglês), em pacientes inelegíveis para cisplatina e representa uma nova opção de tratamento. É o que aponta estudo randomizado de Fase 3 que explorou docetaxel como radiossensibilizador nessa população de pacientes. Aline Chaves (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço e diretora do Grupo DOM Oncologia, comenta os resultados.