Estudo de coorte canadense que buscou determinar o impacto da ressonância magnética (RNM) abdominal pré-operatória na mortalidade por todas as causas em pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) ressecado mostrou que a RNM foi associada à melhora da sobrevida nesses pacientes.

Neste estudo, foram incluídos todos os pacientes adultos (≥18 anos) com PDAC submetidos à pancreatectomia entre janeiro de 2011 e dezembro de 2022 em Ontário, Canadá. Dados demográficos, comorbidades, estágio do PDAC, tratamento médico e cirúrgico foram obtidos de vários bancos de dados, assim como informações de sobrevida dos pacientes. A mortalidade por todas as causas foi comparada entre pacientes com e sem ressonância magnética abdominal pré-operatória após o controle de várias covariáveis.

Uma coorte de 4579 pacientes consistiu em 2432 homens (53,1%) e 2147 mulheres (46,9%) com idade média de 65,2 anos (desvio padrão: 11,2 anos). Os autores descrevem que 2998 (65,5%) morreram, enquanto 1581 (34,5%) sobreviveram. A duração mediana do acompanhamento pós-ressecção foi de 22,4 meses (intervalo interquartil: 10,8–48,8 meses), e a sobrevida mediana pós-pancreatectomia foi de 25,9 meses (intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 24,8, 27,5).

Os resultados deste estudo canadense foram publicados no Lancet Regional Health Americas e mostram que pacientes submetidos à ressonância magnética abdominal pré-operatória tiveram sobrevida mediana de 33,1 meses (IC 95%: 30,7, 37,2) em comparação com 21,1 meses (IC 95%: 19,8, 22,6) para todos os outros. Um total de 2354/4579 (51,4%) pacientes foram submetidos a RNM abdominal pré-operatória, que foi associada a uma redução de 17,2% (IC de 95%: 11,0, 23,1) na taxa de mortalidade por todas as causas, com razão de risco ajustada (aHR) de 0,828 (IC de 95%: 0,769, 0,890).

Em síntese, a análise identificou sobrevida global mediana de 26 meses em pacientes com PDAC submetidos à pancreatectomia, que foi de 21 meses para aqueles que não realizaram ressonância magnética abdominal pré-operatória e aumentou para 33 meses entre os que realizaram RNM pré-operatória.

“A ressonância magnética abdominal pré-operatória foi associada à melhora da sobrevida global de pacientes com PDAC submetidos à pancreatectomia, possivelmente devido à melhor detecção de metástases hepáticas do que a tomografia computadorizada”, analisam os autores. “Isso sugere que uma RNM abdominal pré-operatória deve ser fortemente recomendada para todos os pacientes com PDAC que, de outra forma, parecem ter doença ressecável ou quase ressecável”, recomendam.

O câncer de pâncreas está entre as três principais causas de morte relacionada ao câncer e tem um dos piores prognósticos de todas as malignidades.

Referência: 

Open AccessPublished:June 06, 2024 DOI: https://doi.org/10.1016/j.lana.2024.100809