audicaoA perda auditiva (PA) foi frequente após quimioterapia em altas doses para o tratamento de tumores de células germinativas, com a maioria dos pacientes desenvolvendo PA pelo menos moderada nas frequências de fala e aproximadamente um a cada cinco com recomendação de próteses auditivas. Os resultados do estudo de Feldman e colegas foi publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society (ACS).

“A carboplatina em altas doses é parte essencial da quimioterapia curativa de altas doses (do inglês, HDCT - high-dose chemotherapy) para pacientes com tumores de células germinativas previamente tratados. Embora a perda auditiva (PA) seja um efeito colateral conhecido da HDCT, os dados sobre sua gravidade e características são limitados”, contextualizam os autores.

No estudo, os pacientes elegíveis receberam quimioterapia em altas doses para tumores de células germinativas entre 1993 e 2017 e fizeram audiogramas antes e depois da HDCT. A gravidade da perda auditiva foi classificada pelos critérios da American Speech-Language-Hearing Association, e a alteração média no limiar auditivo em cada frequência (0,25–8 kHz) foi estimada do pré ao pós-HDCT e entre os ciclos de HDCT.

Resultados

Dos 115 pacientes (mediana de 32 anos de idade), 102 (89%) receberam três ciclos de quimioterapia em altas doses. Dos 106 pacientes com audição normal a perda auditiva leve nas frequências da fala (0,5–4 kHz) antes da HDCT, 70 (66%) desenvolveram perda auditiva moderada a profunda nas frequências da fala após a HDCT. Vinte e cinco pacientes (22%) receberam indicação de prótese auditiva após HDCT.

Pacientes com perda auditiva moderada a profunda isolada nas frequências mais altas (6–8 kHz) antes da HDCT tiveram maior probabilidade de desenvolver PA moderada a profunda nas frequências da fala após a HDCT (94% vs. 61%; p = 0,01) e de ter recomendado o uso de aparelhos auditivos (39% vs. 18%; p = 0,05).

Em síntese, a perda auditiva foi frequente após a quimioterapia em altas doses para tumores de células germinativas, com a maioria dos pacientes desenvolvendo perda auditiva pelo menos moderada nas frequências de fala e aproximadamente um em cada cinco com recomendação de próteses auditivas. “A perda auditiva moderada a profunda isolada a altas frequências no baseline foi preditiva de deficiência auditiva clinicamente significativa após HDCT. Estratégias para reduzir esse efeito colateral são urgentemente necessárias, e todos os pacientes que recebem quimioterapia em altas doses devem fazer um teste auditivo após o tratamento”, concluíram os autores.

Referência: Funt, SA, Knezevic, A, Wilson, K, et al. Ototoxicity associated with high-dose carboplatin for patients with previously treated germ cell tumors. Cancer. 2023; 1-10. doi:10.1002/cncr.34991