Novo padrão de tratamento no carcinoma medular de tireoide
O inibidor de RET selpercatinib demonstrou eficácia no carcinoma medular de tireoide com fusão de RET comparado a inibidores multiquinase. “É uma mudança de paradigma. Podemos considerar, sem dúvida, que selpercatinib é o atual tratamento de escolha para esses pacientes com carcinoma medular de tireoide metastático, com progressão de doença e mutações no gene RET”, diz o oncologista Gilberto Castro, que analisa os resultados do estudo (LIBRETTO-531) apresentado no ESMO 2023 e publicado na New England Journal of Medicine.
A combinação de enfortumabe vedotina + pembrolizumabe (EV + P) melhorou significativamente os resultados em pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado/metastático sem tratamento prévio. “Os resultados foram realmente surpreendentes, quase dobrando a mediana de sobrevida livre de progressão e sobrevida global”, afirmou o oncologista Fabio Schutz (foto). O estudo EV-302 foi apresentado na Sessão Presidencial 2 do ESMO 2023.
A quimioterapia de indução seguida de quimiorradiação melhorou significativamente a sobrevida livre de progressão e sobrevida global em pacientes com câncer de colo do útero localmente avançado e deve ser considerada um novo padrão de tratamento. Os resultados são do estudo GCIG INTERLACE1, apresentado na Sessão Presidencial 2 do ESMO 2023. “Com a avaliação de um tratamento já utilizado na grande maioria dos hospitais públicos brasileiros, o resultado do INTERLACE tem o potencial de mudar a prática clínica também no Sistema Único de Saúde”, avalia o oncologista Eduardo Paulino (foto).
Estudo (NeoLuPaNET) apresentado em sessão mini-oral no ESMO 2023 mostrou que o tratamento neoadjuvante com 177Lu-Dotatate seguido de cirurgia para tumores neuroendócrinos pancreáticos não funcionantes é seguro e eficaz, com evidências de alta taxa de resposta radiológica.
Crescente corpo de evidências do mundo real (RWE) visa refletir os resultados de pacientes com câncer tratados em ambientes do mundo real. Estudo com participação do brasileiro Guilherme Nader Marta (foto), apresentado no ESMO 2023, representa a primeira revisão abrangente sobre RWE produzidas nos últimos 3 anos, com foco em terapias-alvo em tumores sólidos. Os resultados mostram que as evidências são heterogêneas e baseadas, principalmente, em dados retrospectivos, raramente com evidências de base populacional e estudos internacionais, indicando a necessidade de esforços colaborativos para aumentar a qualidade das publicações e seu impacto potencial na prática oncológica.
No ESMO 2023, o oncologista Bob T. Li, (foto), do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, apresentou os resultados da análise primária do ensaio internacional de fase 2 DESTINY-PanTumor01, que avaliou trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) em diferentes tumores sólidos com mutações HER2. Em um seguimento mediano de 8,6 meses, a taxa de resposta objetiva foi de 29,4%, com respostas duráveis e observadas em todos os níveis de expressão de HER2.
O câncer cervical afeta desproporcionalmente pacientes em países em desenvolvimento e é uma das principais causas de morte na América Latina (LATAM). Estudo que tem como primeira autora a oncologista brasileira Graziela Zibetti Dal Molin (foto) buscou mapear o panorama epidemiológico do câncer do colo do útero no continente, com achados que revelam baixas taxas de cobertura da vacinação contra HPV e do exame de Papanicolau.
Ensaio de fase I/II (NEMIO) teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança da combinação de durvalumabe (D) +/- tremelimumabe (T) em dose densa (ddMVAC) + D +/- T como estratégia neoadjuvante em pacientes com câncer de bexiga músculo invasivo. Os resultados foram destaque no programa científico do ESMO 2023, mostrando uma das maiores taxas de resposta patológica alcançadas no cenário neoadjuvante para pacientes com carcinoma músculo-invasivo. O oncologista Eduardo Zucca (foto), diretor de ensino e pesquisa do Instituto do Câncer Brasil, comenta os resultados
Análise do estudo de Fase 3 EMBARK apresentada em sessão mini-oral no ESMO 2023 demonstrou que em pacientes com câncer de próstata com recorrência bioquímica de alto risco, enzalutamida em monoterapia ou em combinação com leuprolida melhorou a sobrevida livre de metástases sem impactar negativamente a qualidade de vida global ou a progressão da dor clínica. "Com a intensificação do tratamento em fases mais precoces do câncer de próstata, uma avaliação de qualidade de vida torna-se ainda mais relevante”, avalia o uro-oncologista Murilo Luz (foto).
Avanços em Inteligência Artificial (IA) e em Processamento de Linguagem Natural (PNL) levaram a ferramentas sofisticadas como o GPT-4.0, permitindo aos médicos explorar sua utilidade como ferramenta de apoio à gestão em saúde. O oncologista Marcos Magalhães (foto) é primeiro autor de estudo apresentado em poster no ESMO 2023, que avaliou a capacidade do GPT-4 de sugerir o diagnóstico definitivo e a investigação mais adequada para minimizar procedimentos desnecessários.
Daniel Preto (foto), oncologista do Hospital de Câncer de Barretos, é coautor do estudo multicêntrico e internacional PREVALENCE, que avaliou prospectivamente a frequência de alterações no gene de reparo de recombinação homóloga (HRR+) em pacientes com câncer de próstata metastático sensível e resistente à castração. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ESMO 2023.