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AtualizadoDom, 28 Abr 2024 12pm

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Daichii Sankyo

 

Colonialismo e epidemiologia do câncer de cabeça e pescoço no Brasil

beatriz lebre martinsEnsaio histórico publicado no Lancet Regional Health Americas investiga as profundas mudanças provocadas pelo comércio transatlântico de escravos da África para as Américas, explorando as conexões entre a dinâmica do período colonial no Brasil e o atual panorama epidemiológico do câncer de cabeça e pescoço (CCP). O trabalho tem como primeira autora a pesquisadora Beatriz Figueiredo Lebre Martins (foto), da Unicamp, com participação do LACOG e do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço.

O impacto do colonialismo no Brasil teve implicações significativas nos resultados de saúde e oncologia. Martins et al. fornecem insights sobre o papel da produção e consumo de tabaco e álcool, em análise que descreve como o colonialismo na América Latina e Caribe (ALC) impactou a economia, os valores sociais e hábitos culturais, influenciando os padrões epidemiológicos atuais. “GLOBOCAN 2020 relata Brasil, Argentina e Cuba com a maior prevalência de CCP na ALC, reforçando que esse cenário epidemiológico não é mera coincidência, mas resultado de legados históricos que influenciam os resultados de saúde contemporâneos”.

No contexto da complexa relação entre epidemiologia e determinantes sócio-históricos, os autores discorrem sobre o racismo estrutural, que contribui para disparidades no acesso ao diagnóstico, tratamento e prognóstico de pacientes com CCP.

A análise se estende às políticas públicas em andamento, destinadas a romper esse legado histórico, e propõe direções futuras. “Este artigo apresenta novas visões e uma análise de estratégias baseadas em evidências para interromper o impacto adverso do legado do colonialismo na epidemiologia do CCP no Brasil”, sinalizam os autores.

O câncer de cabeça e pescoço é descrito como um grupo heterogêneo de neoplasias malignas que acometem cavidade oral, orofaringe, hipofaringe, laringe, nasofaringe e glândulas salivares, entre outras localizações anatômicas. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) projetam 39.550 novos casos de CCP no Brasil em 2024. “Os principais fatores etiológicos são o consumo crônico de tabaco e álcool para tumores de cavidade oral, exposição solar para câncer de lábio, e infecções por vírus oncogênicos como o vírus Epstein-Barr e o papilomavírus humano”.

O artigo tem como autor sênior o pesquisador Alan Roger Santos-Silva (FOP-Unicamp), e a coautoria de Erison Santana dos Santos, Felipe Paiva Fonseca, William Nassib William Jr., Thiago Bueno de Oliveira, Gustavo Nader Marta, Aline Lauda Freitas Chaves, Ana Carolina Prado-Ribeiro, Olalekan Ayo-Yusuf, Maria Paula Curado, Alexandre Macchione Saes e Luiz Paulo Kowalski.

A íntegra está disponível no Lancet Regional Health Americas em acesso aberto.

Referência: Open AccessPublished:February 08, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.lana.2024.100690 PlumX Metrics

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