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AtualizadoQui, 09 Maio 2024 3pm

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Daichii Sankyo

 

ASCO atualiza diretrizes para avaliação e manejo de idosos com câncer em tratamento sistêmico

cristiane bergerot oficial bxA Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) publicou diretrizes atualizadas1 para a avaliação e manejo de pacientes idosos submetidos à terapia sistêmica contra o câncer. O painel de especialistas reitera a recomendação anterior (2018) e destaca a importância da avaliação geriátrica incluindo todos os domínios essenciais para pacientes com câncer acima de 65 anos, a fim de identificar vulnerabilidades ou deficiências que podem não ser rotineiramente capturadas em avaliações oncológicas. A atualização foi publicada no Journal of Clinical Oncology (JCO), em artigo com participação da psico-oncologista Cristiane Bergerot (foto).

Para atualizar as diretrizes de conduta, um painel de especialistas realizou uma revisão sistemática de janeiro de 2016 a dezembro de 2022 para identificar ensaios clínicos randomizados (ECRs), revisões sistemáticas e metanálises relevantes. Um total de 26 publicações atenderam aos critérios de elegibilidade e formam a base desta atualização.

A atualização das diretrizes foi motivada, principalmente, pela publicação de dois grandes ensaios clínicos randomizados (RCTs), o Geriatric Assessment for Patients 70 Years and Older (GAP70+)2 e Geriatric Assessment-Driven Intervention (GAIN)3. Esses estudos avaliaram se a integração da avaliação geriátrica (do inglês, GA - geriatric assessment) e o manejo guiado por GA (GA-guided management - GAM) reduziria os a toxicidade grave da quimioterapia em adultos mais velhos com câncer.

O estudo GAP70+ inscreveu pacientes com 70 anos ou mais com câncer avançado (tumores sólidos ou linfoma) com pelo menos uma vulnerabilidade identificada por avaliação geriátrica que estavam recebendo um novo regime de tratamento. O estudo GAIN recrutou pacientes com 65 anos ou mais com tumor sólido tratados com um novo regime de quimioterapia. Os dois estudos encontraram benefícios clinicamente significativos do manejo guiado por avaliação geriátrica (GAM) na redução do resultado primário de toxicidade da quimioterapia.

Recomendações

O Painel de Especialistas reitera a recomendação da diretriz anterior de que a avaliação geriátrica, incluindo todos os domínios essenciais, deve ser utilizada para identificar vulnerabilidades ou deficiências que não são rotineiramente capturadas em avaliações oncológicas para todos os pacientes com câncer acima de 65 anos.

A avaliação geriátrica deve incluir domínios relacionados ao envelhecimento de alta prioridade conhecidos por estarem associados a resultados em adultos mais velhos com câncer, tais como avaliação da função física e cognitiva, saúde emocional, comorbidades, polifarmácia, nutrição e apoio social. (Tipo: Baseado em evidências, benefícios superam os danos; Qualidade da evidência: Alta; Força da recomendação: Forte).

“Esta atualização de diretriz revisita o papel da avaliação geriátrica em pacientes com 65 anos ou mais recebendo terapia sistêmica contra o câncer. Observamos que a diretriz agora aborda a terapia sistêmica, incluindo quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia”, destaca a publicação.

A diretriz recomenda ainda que todos os idosos com câncer (65 anos ou mais) que estejam recebendo terapia sistêmica e apresentem déficits identificados na avaliação geriátrica devem ter o planejamento terapêutico guiado pela AG (GAM) incluído em seu plano de cuidados. O GAM utiliza os resultados da avaliação geriátrica para orientar as decisões de tratamento do câncer, bem como abordar as deficiências por meio de intervenções, aconselhamento e encaminhamentos apropriados.

“Como a aceitação da avaliação geriátrica recomendada pelas diretrizes tem sido, na melhor das hipóteses, desigual, a atualização reconsidera a questão de quais ferramentas de AG são mais adequadas para uso na prática diária da oncologia clínica. Nesse contexto, a atualização destaca e defende o uso de um instrumento de Avaliação Geriátrica Prática (PGA - Practical Geriatric Assessment) projetado para abordar as barreiras à implementação rotineira da avaliação geriátrica na prática clínica”, sugerem os autores.

A ferramenta PGA sugerida pode ser encontrada no seguinte endereço: https://old-prod.asco.org/sites/new-www.asco.org/files/content-files/practice-patients/documents/2023-PGA-Final.pdf.  Para informações sobre como usar a ferramenta, acesse: https://youtu.be/jnaQIjOz2Dw; e https://youtu.be/nZXtwaGh0Z0 (Tipo: Consenso informal; Qualidade da evidência: Moderada; Força da recomendação: Fraca).

As recomendações são dirigidas a oncologistas clínicos e cirurgiões oncológicos, radio-oncologistas, geriatras, especialistas em medicina paliativa, médicos de cuidados primários, farmacêuticos, enfermeiros oncológicos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e nutricionistas, entre outros profissionais envolvidos na cadeia de cuidados com o paciente com câncer de 65 anos ou mais.

“Uma recente publicação do nosso grupo demonstrou a viabilidade de um programa de avaliação geriátrica e intervenção remota em pacientes com 65 anos ou mais, em tratamento quimioterápico. Com base nesse estudo, foi possível verificar que esse programa remoto melhora significativamente a qualidade de vida, a funcionalidade e o bem-estar emocional do paciente”, observa Cristiane, que foi responsável pela tradução e validação para o português do CARG score, um questionário de avaliação de risco de toxicidade à quimioterapia, disponível no site do MyCarg.

Informações adicionais estão disponíveis em www.asco.org/supportive-care-guidelines.

Referências:

1 - Dale W, et al "Practical assessment and management of vulnerabilities in older patients receiving systemic cancer therapy: ASCO guideline update" J Clin Oncol 2023; DOI: 10.1200/JCO.23.00933.

2 - Mohile SG, Mohamed MR, Xu H, et al: Evaluation of geriatric assessment and management on the toxic effects of cancer treatment (GAP70+): A cluster-randomised study. Lancet 398:1894-1904, 2021

3 - Li D, Sun CL, Kim H, et al: Geriatric assessment-driven intervention (GAIN) on chemotherapy-related toxic effects in older adults with cancer: A randomized clinical trial. JAMA Oncol 7:e214158, 2021

4 - Bergerot CD, Bergerot PG, Razavi M, Philip EJ, Lakhdari S, França MVDS, Molina LNM, Freitas ANS, Taveira MC, de Azeredo AC, Fuzita WH, Fernandes CM, Pio RB, de Araujo R, Couto MM, de Vasconcellos VF, Nonino MF, Lee D, de Matos Neto JN, Buso MM, Soto-Perez-de-Celis E, Dale W. Implementation and evaluation of a remote geriatric assessment and intervention program in Brazil. Cancer. 2023;129(13):2095-2102.

5 - Bergerot CD, Razavi M, Philip EJ, Bergerot PG, Soto-Perez-de-Celis E, De Domenico EBL, Clark KL, Loscalzo M, Pal SK, Dale W. Association between chemotherapy toxicity risk scores and physical symptoms among older Brazilian adults with cancer. J Geriatr Oncol. 2020;11(2):280-283. 


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