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AtualizadoSex, 10 Maio 2024 9pm

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Daichii Sankyo

 

ACOSOG Z11102: recidiva local após terapia conservadora da mama em pacientes com múltiplas lesões mamárias

Nazario NET OKPacientes com múltiplos tumores na mesma mama submetidas à ressecção segmentar seguida de radioterapia tiveram taxas de recidiva local comparáveis às historicamente observadas em pacientes com tumor único. Os resultados do ensaio clínico prospectivo fase II ACOSOG Z11102 (Alliance) foram publicados no Journal of Clinical Oncology (JCO). Quem analisa os resultados do estudo é o mastologista Afonso Celso Pinto Nazário (foto).

“A terapia conservadora da mama inicial (ressecção segmentar ou quadrantectomia) é o tratamento de escolha para o câncer de mama unifocal, e sua segurança oncológica para câncer de mama com múltiplas lesões mamárias não foi demonstrada em um estudo prospectivo. O ACOSOG Z11102 (Alliance) é um estudo prospectivo de fase 2, braço único, projetado para avaliar os resultados oncológicos em pacientes submetidos a ressecção segmentar para múltiplas lesões mamárias”, esclarecem os autores.

Eram elegíveis mulheres com 40 anos ou mais com dois a três focos de câncer de mama cN0-1 comprovados por biópsia. As pacientes foram submetidas à ressecção segmentar com margens negativas seguida de radioterapia de toda a mama, com reforço no leito tumoral. O desfecho primário foi a incidência cumulativa de recorrência local (LR) em 5 anos, com uma taxa a priori de aceitabilidade clínica <8%.

Resultados

Entre 270 mulheres inscritas de novembro de 2012 a agosto de 2016, 204 pacientes elegíveis foram submetidas à ressecção segmentar. A mediana de idade foi de 61 anos (intervalo, 40-87 anos). Em um acompanhamento médio de 66,4 meses (intervalo, 1,3 - 90,6 meses), seis pacientes desenvolveram recidiva local para uma incidência cumulativa estimada de 5 anos de 3,1% (95% CI, 1,3 a 6,4). A idade da paciente, número de locais de câncer de mama comprovado por biópsia pré-operatória, status do receptor de estrogênio e status HER2, bem como as categorias patológicas T e N não foram associados ao risco de recidiva local. A análise exploratória mostrou que a taxa de recidiva local em 5 anos em pacientes sem ressonância magnética pré-operatória (MRI; n = 15) foi de 22,6% em comparação com 1,7% em pacientes com ressonância magnética pré-operatória (n = 189; P = 0,002).

Em síntese, o ensaio clínico Z11102 demonstrou que a cirurgia conservadora da mama com radioterapia adjuvante, incluindo reforço no leito tumoral, produz uma taxa de recidiva local em 5 anos aceitavelmente baixa em pacientes com múltiplas lesões mamárias. “Esta evidência suporta a ressecção segmentar como uma opção cirúrgica razoável em mulheres com dois a três focos ipsilaterais, particularmente entre pacientes com doença avaliada com ressonância magnética de mama pré-operatória”, afirmam os autores.

Afonso Nazário, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), observa que estudos retrospectivos já indicavam que a cirurgia conservadora no carcinoma de mama multifocal era eficaz. “O ensaio clínico ACOSOG Z11102 foi o primeiro estudo prospectivo que confirmou que a taxa de recorrência local é aceitável quando se indica o tratamento conservador, seguido de radioterapia, no câncer de mama multifocal”, diz.

Segundo o especialista, apesar de um seguimento curto, 5 anos é um período suficiente, pois o risco maior de recorrência local do câncer de mama é nos primeiros 3 anos. “Entretanto, devemos considerar que em mamas de volume pequeno, o resultado estético para esta abordagem pode não ser adequado e, neste contexto, persiste a indicação clássica de mastectomia”, ressalta.

“Agora há evidência robusta para indicar cirurgia conservadora no câncer de mama multifocal, e mesmo em casos selecionados de tumor multicêntrico. O cirurgião deve sempre individualizar cada caso de acordo com a relação volumétrica do tumor em relação à mama”, conclui.

Referência: Local Recurrence After Breast-Conserving Therapy in Patients With Multiple Ipsilateral Breast Cancer: Results From ACOSOG Z11102 (Alliance) - Judy C. Boughey, MD; Kari M. Rosenkranz, MD; Karla V. Ballman, PhD; Linda McCall, MS; Bruce G. Haffty, MD; Laurie W. Cuttino, MD; Charlotte D. Kubicky, MD; Huong T. Le-Petross, MD; Armando E. Giuliano, MD; Kimberly J. Van Zee, MS, MD; Kelly K. Hunt, MD; Olwen M. Hahn, MD; Lisa A. Carey, MD; and Ann H. Partridge, MD, MPH - DOI: 10.1200/JCO.22.02553 Journal of Clinical Oncology. Published online March 28, 2023. PMID: 36977292

 

 

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