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AtualizadoSeg, 18 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

SARS-CoV-2, mieloma múltiplo e resposta vacinal

MAIOLINO NET OKVan Oekelen et al. demonstraram que pacientes com mieloma múltiplo (MM) produzem respostas altamente variáveis após duas doses de vacinas contra SARS-CoV-2, com ausência completa de respostas de anticorpos (anti-S IgG) em 15% daqueles pacientes. Agora, Aleman et al. esclarecem outro aspecto da vacina contra a COVID-19 na população com MM, avaliando diferenças quantitativas e qualitativas nas respostas das células T à vacina. "É preciso reforçar os aspectos de que não é só a resposta sorológica à vacinação que pode estar comprometida nesses pacientes com mieloma múltiplo. O grande interesse desse estudo foi ver a resposta celular e humoral", analisa o hematologista Ângelo Maiolino (foto), professor de hematologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador de hematologia do Americas Centro de Oncologia Integrado.

“Queríamos determinar se pacientes com MM sem anti-S IgG detectáveis ​​para SARS-CoV-2 após imunização (soronegativos) têm respostas de células T e SARS-CoV-2 B detectáveis ​​após a vacinação, o que poderia fornecer alguma proteção contra doenças graves, mesmo na ausência de anticorpos anti-S”, descrevem, em artigo na Cancer Cell (ahead of print).

As vacinas de coronavírus 2 para síndrome respiratória aguda (SARS-CoV-2) têm se mostrado altamente eficazes na prevenção de doenças graves e mortalidade em indivíduos saudáveis, mas indivíduos imunocomprometidos com neoplasias hematológicas apresentam risco aumentado de manifestações graves da infecção por COVID-19.

Para avaliar diferenças quantitativas e qualitativas nas respostas das células T em pacientes com MM, os pesquisadores utilizaram citometria de fluxo, analisando várias citocinas e marcadores de ativação. “Esses dados são urgentemente necessários para guiar o uso de máscaras, distanciamento social e estratégias de vacinação de reforço em pacientes de MM com anticorpo passivo, que são potencialmente vulneráveis”, destaca a publicação. O tema assume importância crescente, em particular no hemisfério Norte, que entra na segunda temporada de outono da pandemia de COVID-19.

Os resultados da análise mostram que as respostas das células B e T foram observadas em 44 pacientes com MM (17 soronegativos e 27 soropositivos) e em 12 participantes saudáveis, pelo menos duas semanas após a segunda dose de vacina de mRNA SARS-CoV-2 (BNT162b2 Pfizer-BioNTech, n = 42; mRNA-1273 Moderna, n = 14).

Nas coortes avaliadas, os anticorpos IgG foram medidos com o teste COVID-SeroKlir Kantaro SARS-CoV-2 IgG. Aleman et al. reportam que a maioria (76%, 13/17) dos pacientes com MM soronegativo fazia uso de anti-BCMA (antígeno de maturação de células B) ou de terapias anti-CD38. Os pacientes com MM considerados na análise estavam em atendimento na Escola de Medicina Icahn, no Monte Sinai, Nova York.

“Como a vacinação contra SARS-CoV-2 falhou em induzir a resposta do anticorpo anti-S em pacientes com MM soronegativos, investigamos se esta falta de resposta de anticorpos se refletiu na incapacidade das vacinas SARS-CoV-2 de induzir células B reativas ao pico”, explicam os autores.

A citometria de fluxo de células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de pacientes com MM vacinados e controles saudáveis mostrou que, embora as células B reativas à proteína spike tenham sido detectadas em todos - com exceção de um paciente com MM soropositivo (24/25, 96%), bem como em todos os indivíduos saudáveis - apenas 40% (6/15) dos pacientes com MM soronegativos abrigavam células B reativas à proteína spike.  Pacientes soronegativos também tinham menor números de células B no sangue periférico em comparação com o grupo MM soropositivo (p <0,0015).

“Houve correlação direta entre a presença de células B reativas ao pico e a concentração de anticorpos IgG anti-S (spearman r = 0,44, p = 0,002), bem como uma correlação direta entre a contagem absoluta de células B e a concentração de anticorpos IgG anti-S (spearman r = 0,51, p = 0,00047)”, destaca a publicação. Além da menor contagem de células B, os pesquisadores também reportam redução significativa de células T CD4 + totais nos pacientes com MM soronegativos em comparação com os soropositivos (p = 0,0065).

Assumindo que mesmo pacientes com anticorpos anti-S indetectáveis ​​após a vacinação contra SARS-CoV-2 podem ter a proteção das células T contra a doença grave, o estudo ainda avaliou as respostas das células T com um pool de peptídeos HLA (classe I e II), e análise de citocinas (IFN-γ, TNF- α, IL-2 e GM-CSF) nas células T CD4 + e CD8 +.

“Nossos resultados indicam alto grau de variabilidade nas respostas de células B e T específicas para SARS-CoV-2 em pacientes com MM. A falta de respostas de células T em pacientes com MM recebendo tratamento ativo baseado em anticorpos anti-CD38 e anti-BCMA é preocupante, assim como a ausência de anticorpos anti-S após a vacinação contra SARS-CoV-2, e enfatiza a necessidade de testes sorológicos após a vacinação para identificar este subgrupo específico de pacientes”, concluem os autores.

Como take home message, os pesquisadores reforçam a recomendação de assegurar a vacinação, sem deixar de lado as medidas de segurança para prevenir morbidade e mortalidade por COVID-19 em pacientes com MM com respostas vacinais subótimas. 

Referência: Aleman, A., Upadhyaya, B., Tuballes, K., Kappes, K., Gleason, C.R., Beach, K., Agte, S., Srivastava, K., PVI/Seronet Study Group, Van Oekelen, O., Barcessat, V., Bhardwaj, N., Kim-Schulze, S., Gnjatic, S., Brown, B., Cordon-Cardo, C., Krammer, F., Merad, M., Jagannath, S., Wajnberg, A., Simon, V., Parekh, S., Variable cellular responses to SARS-CoV-2 in fully vaccinated patients with multiple myeloma Cancer Cel (2021), doi: https://doi.org/10.1016/j.ccell.2021.09.015.


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