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AtualizadoTer, 14 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Os custos do câncer pela falta de atividade física no Brasil

thaina incaEstudo brasileiro publicado no periódico Plos One mostra os custos do câncer atuais e futuros atribuíveis à atividade física de lazer insuficiente no Brasil. “Projetamos que os custos dos cânceres de mama, endométrio e colorretal podem aumentar de R$1,4 bilhão (US$ 631 milhões) em 2018 para R$2,5 bilhões (US$ 1,1 bilhão) em 2030 e R$3,4 bilhões (US$ 1,5 bilhão) em 2040”, estima a análise. “Nossos resultados podem ser úteis para orientar políticas e programas de prevenção do câncer no Brasil”, destacam os pesquisadores. Thainá Malhão (foto), da Área Técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer/Conprev/INCA, é coautora do trabalho.

A atividade física pode prevenir doenças não transmissíveis, como doenças cardíacas, derrame, diabetes e alguns tipos de câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde brasileiro recomendam que os adultos façam pelo menos 150 a 300 minutos por semana de atividade física aeróbica de intensidade moderada, 75 a 150 minutos semanais de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa ou uma combinação equivalente de atividade física moderada e vigorosa. Mas vale destacar que há benefícios para a saúde mesmo se esse tempo não for alcançado, ou seja, ‘todo passo conta’.

No entanto, quais os custos relacionados à falta de atividade física?

Neste estudo, Silva et al. desenvolveram um modelo de simulação usando riscos relativos de meta-análises, dados de prevalência de atividade física insuficiente no lazer em adultos ≥ 20 anos que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) e registros nacionais de custos com procedimentos oncológicos realizados em adultos ≥ 30 anos com câncer. Foi considerado um intervalo temporal de aproximadamente 10 anos entre a exposição ao fator de risco e o desenvolvimento de câncer “Usamos regressão linear simples para prever os custos do câncer em função do tempo. Calculamos a fração de impacto potencial (PIF) considerando a exposição de risco mínimo teórico (100% da população com atividade física suficiente de lazer) e outros cenários factíveis de aumento de prevalência de atividade física em 2030”, descrevem os autores.

O câncer é a segunda causa de morte e anos de vida ajustados por incapacidade no Brasil. Até 2040, estimativas indicam que, devido ao crescimento e envelhecimento da população, os casos de câncer e as mortes podem aumentar em 66% e 81%, respectivamente.

Neste estudo, os pesquisadores estimaram os custos federais atuais (2018) e futuros (2030 e 2040) de câncer de mama, colorretal e câncer de endométrio no SUS atribuíveis à atividade física de lazer insuficiente. Além disso, estimaram a economia nos custos federais diretos de saúde para câncer de mama, colorretal e endometrial em 2040 por meio de cenários de aumento da prevalência de atividade física de lazer em toda a população projetados em 2030.

A atividade física insuficiente foi definida como <7,5 equivalentes metabólicos de tarefas (MET)-horas por semana. “Para calcular a variável ‘MET-horas por semana’, multiplicamos a frequência semanal de atividade física pela duração em horas e o MET da modalidade”, explicam.

Os resultados do estudo mostram que caso não tivéssemos a prática de atividade física de lazer insuficiente no Brasil em 2008, R$94,7 milhões (US$ 43 milhões) dos custos com câncer em 2018 poderiam ter sido evitados. Da mesma forma, projetou-se que R$146,9 milhões (US$ 64 milhões) do custo com câncer em 2030 poderiam ser economizados caso não tivéssemos a prática de atividade física insuficiente no país em 2019. A análise também aponta que a atividade física insuficiente pode ser responsável por quase 2,5% dos custos diretos do câncer, saber R$146,9 milhões (US$ 64 milhões) em 2030 - um aumento de pouco mais de 50% em relação aos valores de 2018 em pouco mais de uma década.

Cenários factíveis de aumento na prática de atividade física no lazer em 2030 podem gerar uma economia de R$7 milhões a R$20,4 milhões (US$ 3,0 milhões a 8,9 milhões) com o tratamento do câncer no SUS em 2040. Por exemplo, se a população aumentasse 30 minutos de atividade física por semana, o equivalente a 4-5 minutos por dia, teríamos uma economia de cerca de R$8 milhões (US$3,5 milhões) com o tratamento do câncer no SUS, ou seja, todo movimento no lazer conta para prevenção do câncer. Lembrando que apesar de serem boas opções, não precisam ser atividades sistematizadas ou que demandem a contratação de serviços como academias, caminhar ou pedalar mais já trará benefícios.

“A atividade física é uma aliada na prevenção do câncer. Apesar de evitar casos, mortes, perda de qualidade de vida e o impacto econômico e social gerado pela doença, 70% da população brasileira não reconhece que o câncer pode ser prevenido pela atividade física. Assim, é essencial ampliar o reconhecimento de que o câncer pode ser prevenido pela atividade física e que os profissionais de saúde como médicos e enfermeiros incluam a recomendação para esta prática no processo de cuidado das pessoas com câncer, durante e após o tratamento”, ressaltam os autores.

“A mobilização a favor de políticas públicas e ações que favoreçam sua prática como programas comunitários, entre eles o "Academia da Saúde"; “Esporte e Lazer da Cidade” (Pelc) precisam ser fortalecidos e ampliados. Além disso, urge a necessidade de implementação de programas que promovam a atividade física em ambulatórios e hospitais especializados, a partir do diagnóstico de câncer”, concluem.

O estudo tem participação dos pesquisadores dos pesquisadores Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva, Thainá Alves Malhão, Arthur Orlando Correa Schilithz, Luciana Grucci Maya Moreira, Paula Aballo Nunes Machado, Fabio Fortunato Brasil de Carvalho e Maria Eduarda Leão Diogenes, da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Câncer do Instituto Nacional do Câncer (INCA); Leandro F. M. Rezende, da EPM-Unifesp; e Rafael da Silva Barbosa, da Universidade Federal do Espírito Santo.

A íntegra do artigo está disponível em acesso aberto.

Referência: Ferreira da Silva RC, Malhão TA, Rezende LFM, da Silva Barbosa R, Correa Schilithz AO, Moreira LGM, Nunes Machado PA, Carvalho FFB, Leão Diogenes ME. Current and future costs of cancer attributable to insufficient leisure-time physical activity in Brazil. PLoS One. 2023 Jul 10;18(7):e0287224. doi: 10.1371/journal.pone.0287224. PMID: 37428749; PMCID: PMC10332606.

 


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