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AtualizadoQua, 01 Maio 2024 11pm

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Daichii Sankyo

 

Eventos adversos crônicos relacionados ao sistema imune após terapia anti-PD-1 para melanoma de alto risco

TABAK NET OK 2Novos achados destacam a probabilidade de efeitos tóxicos de longo prazo do tratamento adjuvante com os anti PD-1 em pacientes com melanoma avançado e metastático. Artigo de Goodman et al. publicado no Jama Network Open sustenta que grande parcela dos pacientes apresenta eventos adversos imuno-relacionados crônicos e persistentes, demonstrando a necessidade de monitoramento e gerenciamento de longo prazo ao considerar a terapia adjuvante anti-PD-1. O onco-hematologista Daniel Tabak (foto), diretor do Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), analisa os resultados.

Inibidores de checkpoint imune anti–PD1 melhoram a sobrevida livre de recidiva quando usados como terapia adjuvante em pacientes com melanoma ressecado de alto risco. No entanto, podem levar a eventos adversos relacionados ao sistema imunológico (EAir). Com o objetivo de determinar a incidência, características e resultados de longo prazo de EAir crônicos da terapia adjuvante anti-PD-1, este estudo de coorte multicêntrico, retrospectivo, analisou pacientes tratados com terapia adjuvante anti-PD-1 para melanoma avançado e metastático entre 2015 e 2022, a partir de 6 instituições nos EUA e na Austrália, com pelo menos 18 meses de acompanhamento avaliável após o término do tratamento (intervalo, 18,2 a 70,4 meses). Foram considerados EAir crônicos aqueles que persistiram pelo menos 3 meses após a interrupção da terapia.

Entre 318 pacientes inscritos, 190 (59,7%) eram do sexo masculino, com mediana de 61 anos. Desse universo, 270 (84,9%) tinham primário cutâneo e 237 (74,5%) eram estágio IIIB ou IIIC na apresentação. Além disso, 226 pacientes (63,7%) desenvolveram EAir agudos durante o tratamento com anti PD-1, incluindo 44 (13,8%) com EAir de grau 3 a 5. Os autores descrevem que 147 pacientes (46,2%; IC 95%, 0,41-0,52) desenvolveram EAir crônicos, persistindo por pelo menos 3 meses após a interrupção da terapia, dos quais 74 (50,3%) eram de grau 2 ou mais, 6 (4,1%) eram de grau 3 a 5, e 100 (68,0%) eram sintomáticos.

Com acompanhamento de longo prazo (mediana [IQR], 1.057 [915-1.321] dias), Goodman e colegas relatam que 54 pacientes (36,7%) apresentaram resolução de EAir crônicos (mediana [IQR] de tempo até a resolução de 19,7 meses a partir do início da terapia adjuvante anti-PD-1 e de 11,2 [8,1-20,7] meses a partir do término do tratamento adjuvante com anti-PD-1.

Entre os pacientes com EAir persistentes no último acompanhamento (93 [29,2%] da coorte original; 95% CI, 0,25-0,34); 55 (59,1%) eram grau 2 ou mais; 41 (44,1%) eram sintomáticos; 24 (25,8%) faziam uso de esteroides sistêmicos, (16 [67%] dos quais faziam uso de esteroides de reposição para hipofisite (8 [50,0%]) e insuficiência adrenal (8 [50,0%]) e 42 (45,2%) estavam usando outros métodos de gerenciamento.

A análise publicada no Jama Net.Open mostra que entre os 54 pacientes que manejaram EAir crônicos e persistentes, os mais comuns foram hipotireoidismo (38 [70,4%]), artrite (18 [33,3%]), dermatite (9 [16,7%]) e insuficiência adrenal (8 [14,8% ]). Além disso, 17,0% desses pacientes apresentaram endocrinopatias persistentes, 48 (15,1%) apresentaram não-endocrinopatias e 9 (2,8%) apresentaram ambas. De 37 pacientes com EAir crônicos que receberam imunoterapia adicional, os autores descrevem que 25 (67,6%) não apresentaram episódio adicional ou agravamento, enquanto 12 (32,4%) experimentaram um surto em sua toxicidade crônica. Um total de 20 pacientes (54,1%) experimentou um EAir distinto.

“O estudo é importante no sentido de informar que efeitos crônicos tardios com a terapia adjuvante com inibidores de checkpoint são frequentes e devem ser acompanhados de forma rigorosa após o término do tratamento. Alguns pacientes apresentam recidivas ou apresentam novos eventos se tratados com imunoterapia após esse tratamento inicial; entretanto, os fenômenos são pouco frequentes”, observa Tabak.

“Os efeitos colaterais imunológicos mais frequentes foram associados a endocrinopatias, sendo a associação com colite uma alteração frequente em aproximadamente 10% dos pacientes. Dessa forma, o retratamento com ICIs não é proibitivo, mas os pacientes devem ser acompanhados por efeitos crônicos por um longo período”, conclui.

Goodman e colegas recomendam que pesquisas adicionais devem ter como objetivo identificar pacientes predispostos a efeitos tóxicos persistentes.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência: Goodman RS, Lawless A, Woodford R, et al. Extended Follow-Up of Chronic Immune-Related Adverse Events Following Adjuvant Anti–PD-1 Therapy for High-Risk Resected Melanoma. JAMA Netw Open. 2023;6(8):e2327145. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.27145

 


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