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AtualizadoSex, 10 Maio 2024 9pm

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Sobrevida em mulheres soropositivas com câncer de mama atendidas no INCA

Foto Mariana FerreiraEstudo realizado no Instituto Nacional do Câncer (INCA) buscou avaliar os resultados de sobrevida em pacientes com câncer de mama infectadas pelo vírus HIV em comparação com pacientes soronegativas tratadas na unidade hospitalar especializada em câncer de mama da instituição entre 2000 e 2014. Os resultados publicados na The Breast demonstram que as pacientes soropositivas apresentaram um pior prognóstico, independente dos fatores tumorais. “Este foi o primeiro estudo a avaliar a sobrevida ao câncer de mama em mulheres HIV+ em uma instituição de referência no tratamento do câncer no Brasil”, observam os autores. A pesquisadora Mariana Pinto Ferreira (foto) é a primeira autora do trabalho.

Nesse estudo de coorte retrospectivo foram incluídas 136 mulheres portadoras de câncer de mama, sendo 36 mulheres HIV-positivo e 100 mulheres HIV-negativo. Os controles (HIV-negativo) foram selecionados de acordo com o status de HIV, pareados por data de diagnóstico de câncer, estágio clínico, tratamento de câncer de mama e data de nascimento. Os dados sociodemográficos e de tratamento do câncer, bem como os dados clínicos do HIV, foram extraídos de prontuários físicos e eletrônicos e bancos de dados secundários do Instituto Nacional do Câncer. Para estimar a sobrevida, foi utilizado o método de Kaplan-Meier, e para determinar os fatores associados à mortalidade foi utilizada a regressão de Cox.

A maioria das pacientes HIV-positivo foi diagnosticada com câncer de mama estágio II e III, mais de 80% eram receptor estrogênio positivo e foram submetidas à cirurgia como principal tipo de tratamento, associada ou não à quimioterapia e radioterapia. A mediana de idade dos pacientes ao diagnóstico do câncer foi de 52 anos. Em relação ao estado civil, as pacientes HIV-positivo apresentaram maior frequência de estado civil solteiro.

Houve 44,1% de óbitos ocorridos durante o período do estudo. Entre os pacientes HIV-positivo houve 16 óbitos, 15 dos quais por câncer. Nos pacientes com HIV-negativo houve 44 óbitos (44%), sendo 32 por câncer e 12 por outras causas. A sobrevida global em 60 meses (p=0,026) foi de 55% em pacientes HIV-positivo e 69% em pacientes HIV-negativo. O risco aumentado de óbito aos 60 meses entre mulheres soropositivas também foi observado, após ajuste para escolaridade e subtipo molecular (HR=1,95; IC 95% 1,03 – 3,70; p=0,041).

“Nossos dados demonstraram que pacientes HIV-positivo apresentam pior sobrevida global quando comparados a pacientes HIV-negativo, independentemente dos fatores relacionados ao câncer. Este estudo destaca ainda a necessidade de pesquisas futuras de câncer de mama em pacientes HIV-positivos para entender melhor as contribuições da infecção pelo HIV para os resultados da doença, além de auxiliar na orientação de orientações de cuidados preventivos para rastreamento e diagnóstico do câncer de mama nessa população. É importante enfatizar que os pacientes com câncer devem ser submetidos a regimes HAART adequados”, destacaram os autores.

Marcelo Soares, chefe do Programa de Genética e Virologia Tumoral e integrante do estudo, observa que ainda que não existem tratamentos específicos para pacientes com câncer de mama e HIV, e essas pacientes precisam ser acompanhadas com mais frequência e proximidade, possivelmente com seguimento em períodos mais curtos, em relação às pacientes que não apresentam HIV/aids, para que se descubra um possível reaparecimento do câncer ou de algum sintoma mais cedo. “É preciso avaliar que protocolos clínicos seria possível aprimorar a partir desses dados. É para isso que existe a pesquisa. Acredito que seria importante também haver maior integração entre as equipes de oncologistas e infectologistas que tratam essas pacientes. A partir daí, podem-se observar por exemplo, possíveis efeitos de interações entre os medicamentos utilizados para tratar ambas as doenças, amplamente desconsiderados em pacientes com câncer e HIV/aids”, conclui.

Além de Marcelo Soares e Mariana Pinto Ferreira, participaram do trabalho os pesquisadores Luiz Claudio Santos Thuler, Esmeralda Soares e Anke Bergmann.

Referência: Ferreira MP, Santos Thuler LC, Soares MA, Soares EA, Bergmann A. Survival in HIV+ and HIV- women with breast cancer treated at the National Cancer Institute in the city of Rio de Janeiro, Brazil, between 2000 and 2014. Breast. 2022 Oct;65:151-156. doi: 10.1016/j.breast.2022.08.001.

 

 

 

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