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AtualizadoQua, 08 Maio 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

Frequência global e perfil epidemiológico de usuários de cigarro eletrônico

beatriz alanAlan Roger Santos-Silva, professor associado do Departamento de Diagnóstico Oral da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), é autor sênior da revisão sistemática que buscou avaliar o perfil epidemiológico dos usuários de cigarros eletrônicos em todo o mundo. Conduzido pela cirurgiã-dentista e pesquisadora de doutorado Beatriz Nascimento Figueiredo Lebre Martins (foto), o trabalho foi publicado no Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology and Oral Radiology, periódico oficial da Academia norte-americana de Medicina Oral. “Esta revisão sistemática fornece informações valiosas para melhorar o desenvolvimento de estratégias de intervenção customizadas aos usuários de cigarros eletrônicos”, avaliam os autores.

“O uso do cigarro eletrônico (e-cigarette) está crescendo significativamente em todo o mundo, principalmente entre os jovens. Este produto tem sido associado a renormalizar o tabagismo e dificultar as tentativas de interromper a dependência em tabagistas. Além disso, entre não fumantes, pode levar ao tabagismo subsequente e à dependência da nicotina”, afirmam os autores. “Visto o risco do cigarro eletrônico associado ao tabagismo, e considerando o impacto negativo à saúde que este hábito representa, é essencial conhecer quem são os usuários do cigarro eletrônico para pensar estratégias antitabagistas mais específicas e direcionadas para os usuários”, acrescentam.

A revisão sistemática foi realizada usando 3 principais bases de dados científicas em Ciências da Saúde (Medline/PubMed, SCOPUS, EMBASE). Os estudos foram avaliados independentemente por 2 revisores com base nos critérios de elegibilidade estabelecidos. O risco de viés foi avaliado usando o instrumento de avaliação crítica MAStARI.

Resultados

Dos 4.496 registros, 43 estudos foram incluídos. Entre os 1.238.392 participantes, 132.786 (10,72%) eram usuários de cigarro eletrônico. A faixa etária com maior percentual de usuários de cigarro eletrônico foi de 18 a 24 anos, sendo 40.989 (30,86%) homens, 34.875 (26,26%) mulheres e 33,6% tabagistas ativos. A maior prevalência de usuários foi observada na Croácia, seguida da Nova Zelândia, Polônia e Estados Unidos. Parte significativa dos usuários eram alunos de ensino médio ou universidade. No geral, os usuários de cigarros eletrônicos tendem a ser adultos jovens do sexo masculino com maior nível de escolaridade. 

“O cigarro eletrônico está sendo associado a diversos problemas de saúde. No sistema respiratório, por exemplo, o produto foi associado com sintomas de bronquite crônica, expectoração e asma. É importante ressaltar que poucos estudos epidemiológicos analisaram os efeitos crônicos da utilização de cigarro eletrônico, mas já se sabe que este produto pode causar danos mutagênicos ao DNA das células humanas”, destaca a publicação.

Os autores observam que considerando a linha do tempo da evolução dos métodos de consumo de tabaco, o rapé era o método mais utilizado no século XVIII, o charuto, no século XIX, e os cigarros convencionais (industrializados) no século XX, com aumento expressivo no número de tabagistas nesta época, sobretudo, após as duas grandes guerras mundiais. No século XXI, estudos estão mostrando o rápido crescimento do mercado dos cigarros eletrônicos. “A lição do tabagismo no século XX é de que foram necessárias décadas para se provar os malefícios do tabaco na saúde. Sendo assim, à luz das limitações do passado no contexto do combate ao tabagismo, a comunidade científica deve utilizar todos os métodos e recursos disponíveis para olhar para o futuro e definir os efeitos na saúde destes novos produtos, uma vez que os efeitos crônicos do seu uso serão melhor compreendidos daqui algumas décadas. Da mesma forma, devemos olhar para os acertos do passado, principalmente considerando as campanhas antitabagistas que tiveram impacto importante na saúde mundial. E pensando nisso, para estruturar campanhas antitabagismo, é preciso compreender qual é a população alvo dessa nova “face” de consumidores de nicotina”, concluem.

O estudo foi desenvolvido pela equipe da FOP-UNICAMP em parceria com serviços médicos brasileiros e internacionais.

Referência: Beatriz Nascimento Figueiredo Lebre Martins, Ana Gabriela Costa Normando, Carla Isabelly Rodrigues-Fernandes, Vivian Petersen Wagner, Luiz Paulo Kowalski, Sandra Silva Marques, Gustavo Nader Marta, Gilberto de Castro Júnior, Blanca Iciar Indave Ruiz, Pablo Agustin Vargas, Marcio Ajudarte Lopes, Alan Roger Santos-Silva, Global frequency and epidemiological profile of electronic cigarette users: a systematic review, Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology and Oral Radiology, 2022, ISSN 2212-4403, https://doi.org/10.1016/j.oooo.2022.07.019.

 

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