26042024Sex
AtualizadoQui, 25 Abr 2024 4pm

PUBLICIDADE
Daichii Sankyo

 

Estudo do ICESP discute quimioterapia no câncer de esôfago

tiago castria bxEstudo de coorte retrospectivo realizado no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) avaliou a segurança e eficácia de diferentes protocolos de quimioterapia em pacientes com câncer de esôfago metastático ao diagnóstico (EAC ou ESCC) tratados na instituição de janeiro de 2008 a novembro de 2016. Os resultados foram publicados no Journal of Global Oncology (JGO) e mostram que um regime à base de fluoropirimidina mais platina, embora menos utilizado, apresentou perfil de toxicidade mais favorável em pacientes com adenocarcinoma, com melhor controle da doença e mediana de sobrevida global superior aos demais protocolos avaliados. O oncologista Tiago Biachi de Castria (foto) é o autor sênior do trabalho.

Apesar das diferenças epidemiológicas e moleculares entre câncer de esôfago e de estômago, os autores argumentam que a maioria dos estudos publicados incluiu pacientes com esses dois tipos de tumores em um cenário metastático. Neste estudo de coorte retrospectivo, os pacientes foram agrupados de acordo com o protocolo de quimioterapia prescrito: platina e taxano (grupo A); platina e irinotecano (grupo B); platina e fluoropirimidina (grupo C); e sem platina (grupo D). O objetivo foi avaliar a segurança e eficácia do regime de quimioterapia empregado.

Resultados

Dos 1.789 pacientes com câncer de esôfago tratados no ICESP de 2008 a 2016, foram incluídos na análise 397 com doença metastática na apresentação. O carcinoma espinocelular foi a histologia mais frequente (78,8%).

A mediana de sobrevida global (SG) foi de 7 meses (95% CI, 6,15 a 7,85 meses). A quimioterapia foi administrada a 285 pacientes, que atingiram SG mediana de 9 meses (IC 95%, 8,0 a 9,9 meses); em 112 pacientes que não receberam tratamento, a mediana de SG foi de 3 meses (95% CI, 2,3 a 3,7 meses; P <0,001).

A combinação mais utilizada foi platina mais irinotecano (A; 55,5%). O controle da doença nos grupos A, B, C e D foi de 39,2%, 30,1%, 53% e 14,3%, respectivamente. Os pacientes do grupo C atingiram SG mediana de 17 meses (IC 95%, 13,1 a 20,8 meses; p = 0,034). Não foram observadas diferenças na mediana de SG com os outros protocolos (9 meses). O perfil de toxicidade variou, com eventos mais graves no grupo B (hematológicos, diarreia e número de dias hospitalizados).

Em conclusão, a combinação de platina com paclitaxel ou platina com irinotecano promoveu SG semelhante, embora pacientes tratados com irinotecano tenham experimentado eventos mais graves. Na população de adenocarcinoma, um regime à base de fluoropirimidina mais platina, embora menos utilizado, apresentou perfil de toxicidade mais favorável, com melhor controle da doença e mediana de SG superior.

“Esse é um estudo que reflete o mundo real, realizado em um serviço público no Brasil, com 80% dos pacientes com histologia escamosa. O doublet de platina e fluoropirimidina demonstrou ser superior aos demais regimes. No entanto, pode ter ocorrido um importante viés de seleção. Quando comparado ao doublet de platina e irinotecano, a combinação de platina e paclitaxel foi igualmente eficaz e melhor tolerada, e merece ser melhor estudada naqueles casos com histologia escamosa”, avalia Castria. 

“Em instituições com orçamento limitado, sem acesso a bombas de infusão, platina e paclitaxel devem ser uma opção, com menos efeitos adversos que platina e irinotecano, especialmente na histologia de carcinoma escamoso”, recomendam os autores.

No Brasil, o câncer de esôfago representa a sexta maior causa de mortalidade, e mais da metade dos casos diagnosticados são irressecáveis ​​ou metastáticos, com sobrevida em 5 anos menor que 3%. 

O estudo está disponível na íntegra, em acesso aberto: https://ascopubs.org/doi/full/10.1200/JGO.19.00103 

Referências: Victor, C. R., Fujiki, F. K., Takeda, F. R., Hoff, P. M. G., & de Castria, T. B. (2019). Safety and Effectiveness of Chemotherapy for Metastatic Esophageal Cancer in a Community Hospital in Brazil. Journal of Global Oncology, (5), 1–10. doi:10.1200/jgo.19.00103


Publicidade
ABBVIE
Publicidade
ASTRAZENECA
Publicidade
SANOFI
Publicidade
ASTELLAS
Publicidade
NOVARTIS
banner_assine_300x75.jpg
Publicidade
300x250 ad onconews200519