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AtualizadoQui, 25 Abr 2024 4pm

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Câncer colorretal e predisposição hereditária

Guideline_teste_molecular_NET_OK.jpgUm novo estudo que avaliou mais de mil pacientes com câncer colorretal no Dana-Farber Cancer Institute revelou que cerca de 10% do total de pacientes apresentou mutações em genes que podem aumentar a suscetibilidade para o desenvolvimento de câncer. Os resultados foram publicados 1º de fevereiro no JCO e sugerem um papel ampliado para os painéis genéticos. O oncologista Benedito Mauro Rossi, do Grupo de Estudos de Tumores Hereditários (GETH), e o oncogeneticista José Claudio Casali, do Grupo Oncoclínicas, comentam com exclusividade para o Onconews.

“O trabalho reforça o papel dos painéis multigenes germinativos para o diagnóstico das síndromes genéticas associadas com o câncer colorretal em qualquer paciente com o diagnóstico, independentemente da idade ou de sua história familiar. O diagnóstico precoce de síndromes de CCR hereditárias permite a identificação de pacientes com alto risco de desenvolver outros tumores no futuro e possibilita o aconselhamento genético de risco e orientações de prevenção para toda família, evitando de forma eficaz novos casos”, diz Casali.
 
Para Benedito Rossi, do GETH, o estudo vem ao encontro de outros trabalhos que cada vez mais indicam que a proporção de predisposições hereditárias ao câncer é maior do que se pensava. “À medida em que os painéis ampliem o número de genes conhecidos e estudados, e considerando não pensando apenas em genes de alta penetrância, mas também em associação de genes, genes modificadores etc, essa proporção pode aumentar ainda mais”, afirma.
 
Métodos e resultados

Foram recrutados 1.058 participantes tratados para câncer colorretal sem pré-seleção de fatores de risco (idade ao diagnóstico, história pessoal/familiar ou resultados de instabilidade de microssatélites (MSI / MMR). Todos os participantes foram submetidos a testes para mutações em 25 genes associados ao risco hereditário de câncer. Cada gene foi categorizado como penetrância elevada ou penetrância moderada com base nas mutações germinativas patogênicas.
 
Cento e cinco (9,9%; 95% IC, 8,2% a 11,9%) de 1.058 participantes apresentaram uma ou mais mutações patogênicas, incluindo 33 (3,1%) associadas à síndrome de Lynch (SL). Vinte e oito (96,6%) dos 29 casos de câncer colorretal /síndrome de Lynch disponíveis demonstraram resultados anormais de MSI / MMR. Setenta e quatro (7,0%) dos 1.058 participantes apresentaram mutações no gene não-SL, incluindo 23 (2,2%) com mutações em genes de alta penetrância (cinco APC, três MUTYH, 11 BRCA1 / 2, dois PALB2, um CDKN2A e um TP53), 15 dos quais careciam de histórias clínicas sugestivas da mutação subjacente. Trinta e oito (3,6%) participantes apresentaram mutações genéticas de risco de câncer colorretal de moderada penetrância (19 MUTYH, 17 APC * I1307K, dois CHEK2).
 
Nem a idade ao diagnóstico, a história familiar ou pessoal foram capazes de prever significativamente a presença de mutações patogênicas em genes não associados a síndrome de Lynch.
 
Em conclusão, o estudo sugere que as mutações genéticas que predispõem ao câncer colorretal estão presentes em 9,9% dos pacientes com a doença. O teste de MSI / MMR identifica confiavelmente a síndrome de Lynch, mas 7% dos pacientes não apresentaram mutações associadas a síndrome de Lynch.
 
"Na prática clínica vemos famílias com fenótipo muito típico (mais ou menos 5%), fenótipos mais ou menos típicos (cerca de de 5% a 10%) e famílias com fenótipo apenas suspeito (aproximadamente 10% a 15%). Se somarmos, chegamos a um número instigante”, observa Benedito.
 
Para Casali, o fato de 10% dos CCR terem uma base hereditária não é novo. “O ineditismo está na abordagem de oferecer testes genéticos na rotina diagnóstica do câncer e no aconselhamento genético para os casos de mutação comprovada. Novos paradigmas da oncogenética estão surgindo na prática e o uso da tecnologia está trazendo clareza e condutas personalizadas às famílias com predisposição ao câncer”, diz. O especialista acrescenta que painéis como esse do estudo estão disponíveis no Brasil com preços cada vez mais acessíveis. “Infelizmente apenas os pacientes da saúde suplementar têm acesso ao teste, ficando a população que depende do SUS à mercê de arcar com os custos dos testes privados”, conclui.
 
Referência: Cancer Susceptibility Gene Mutations in Individuals With Colorectal Cancer Matthew B. Yurgelun, Matthew H. Kulke, Charles S - DOI: 10.1200/JCO.2016.71.0012 Journal of Clinical Oncology - published online before print January 30, 2017
 

 
 
 
 
 


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