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AtualizadoQui, 25 Abr 2024 4pm

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Daichii Sankyo

 

Câncer de endométrio e contraceptivos orais

angelica_EVA_NET_OK.jpgMeta-análise publicada online no Lancet concluiu que o uso de contraceptivos orais confere proteção de longo prazo contra o câncer de endométrio. Os resultados do estudo sugerem que nos países desenvolvidos cerca de 400 mil casos de câncer endometrial antes dos 75 anos de idade tenham sido evitados nos últimos 50 anos por contraceptivos orais, incluindo 200 mil na última década. Angélica Nogueira (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), comentou o estudo para o Onconews.

Segundo Angélica, de acordo com a Celsam (Comite Científico del Centro Latinoamericano Salud y Mujer), na América do Sul o consumo de contraceptivos orais é significativamente menor que em países desenvolvidos. A região conta com cerca de 116 milhões de mulheres e apenas 10% utilizam o anticoncepcional para o controle de natalidade, o que representa cerca de 12 milhões de usuárias. Dessas, a maior parte mora na zona urbana e pertence às classes média e alta. 48% das mulheres latino-americanas não empregam nenhum método contraconceptivo e 23% recorrem à esterilização. “No Brasil, de acordo com o DATASUS, a frequência é superior ao consolidado da América do Sul: 22,1% das mulheres entre 15 e 49 anos usam contracepção oral”, esclarece.

A especialista acrescenta que apesar de ter incluído apenas pacientes de países desenvolvidos, os riscos relativos (RRs) de câncer do endométrio associados ao uso de contraceptivos orais foram estimados por meio de regressão logística estratificada por idade, paridade, índice de massa corporal, tabagismo e uso de terapia hormonal na menopausa, o que permite inferir que o benefício possa ser semelhante em coortes de países em desenvolvimento.

Métodos e Resultados

O estudo realizado pelo Collaborative Group on Epidemiological Studies on Endometrial Cancer avaliou 27.276 mulheres com câncer endometrial (casos) e 115.743 sem câncer endometrial (controles), a partir de 36 estudos epidemiológicos. A idade média dos casos foi de 63 anos (IQR 57-68) e o ano médio de diagnóstico do câncer foi 2001 (IQR 1994-2005). 9459 (35%) casos e 45 625 (39%) controles nunca tinha utilizado contraceptivos orais por duração média de três anos (IQR 1-7) e 4 ,4 anos (IQR 2-9), respectivamente.

Quanto maior o tempo de uso dos anticoncepcionais orais, maior a redução no risco de câncer de endométrio; cada 5 anos de uso foi associado com uma taxa de risco de 0,76 (IC 95% 0,73 – 0,78; p<0,0001).

Esta redução no risco persistiu por mais de 30 anos após a interrupção do uso de contraceptivos orais, sem diminuição aparente entre os RRs para uso durante os anos 1960, 1970 e 1980, apesar das doses mais altas de estrogênio em pílulas utilizadas nos primeiros anos.

No entanto, a redução do risco associado a nunca ter usado contraceptivos orais variou entre os tipos de tumor, sendo maior para carcinomas (RR 0,69, IC 95% 0,66 – 0,71) do que sarcomas (0,83, 0,67 – 1,04; comparação caso a caso: p=0,02).

Em países desenvolvidos, estima-se que dez anos de uso de contraceptivos orais reduziu o risco absoluto de câncer de endométrio antes dos 75 anos de 2,3 para 1,3 a cada 100 mulheres.

O estudo concluiu que o uso de contraceptivos orais confere proteção a longo prazo contra o câncer endometrial. Os resultados sugerem que nos países desenvolvidos cerca de 400 mil casos de câncer endometrial antes dos 75 anos de idade tenham sido evitados ao longo dos últimos 50 anos (1965-2014) por contraceptivos orais, incluindo 200 mil na última década (2005-14).

O estudo foi financiado pelo Medical Research Council, Cancer Research UK.

Referência: Endometrial cancer and oral contraceptives: an individual participant meta-analysis of 27 276 women with endometrial cancer from 36 epidemiological studies

 


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