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AtualizadoSeg, 29 Abr 2024 3pm

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Daichii Sankyo

 

ASCO 2018

Raça e sobrevida global no câncer de próstata

Brancos e Negros NET OKSusan Halabi, do Duke University Medical Center, é a primeira autora de estudo1 que discute sobrevida global entre afro-americanos e caucasianos com câncer de próstata metastático resistente a castração. O estudo foi selecionado para apresentação oral na segunda-feira, 4 de junho, e os resultados mostram que afro-americanos com câncer de próstata avançado têm a mesma chance de sobrevida, se não melhor, do que os homens caucasianos (LBA 5005).

Dados já disponíveis na literatura sugerem que afro-americanos (AA) com câncer de próstata metastático resistente à castração (mCRPC) têm menor sobrevida global (SG) do que os caucasianos (C). O pequeno tamanho da amostra é a principal limitação desses estudos. Agora, a análise de Susan Halabi et al apresentada na ASCO 2018 comparou dados de SG de 9 estudos clínicos de fase III que avaliaram homens afro-americanos e caucasianos com câncer de próstata avançado tratados com quimioterapia.

“Há muita dúvida se a pior resposta ao tratamento atribuída a paciente afro-americanos portadores de neoplasia de próstata se deve à biologia tumoral mais agressiva ou ao pior acesso aos tratamentos e ao diagnóstico”, observa o urologista Gustavo Guimarães (foto), Diretor do Departamento de Cirurgia Oncológica da
BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Métodos

Esta análise combinada considerou dados individuais de 8.871 homens com mCRPC, randomizados em 9 estudos clínicos de fase III para receber docetaxel / prednisona (DP) ou um regime contendo DP combinado com outros tratamentos. A raça baseou-se no auto-relato. O endpoint primário foi SG, definida como o tempo entre a randomização e a morte ou a data do último acompanhamento. Modelos de risco foram utilizados para avaliar a importância prognóstica da raça (AA versus C) ajustada por fatores de risco já estabelecidos (idade, PSA, status de desempenho, fosfatase alcalina, hemoglobina e locais de metástases).

Resultados

Dos 8.871 pacientes desta análise, 7.528 (85%) eram C, 500 (6%) eram AA, 424 eram asiáticos (5%) e 419 (4%) tinham raça inespecífica. Os últimos dois grupos foram excluídos da análise, que considerou 8.452 pacientes. A mediana de idade foi de 69 anos e 94% apresentavam status de desempenho entre 0-1. Os níveis medianos de hemoglobina, PSA e fosfatase alcalina foram 12,9 g/dL, 86 ng/mL e 139 U/L, respectivamente.

“Apesar de conseguir separar bem os grupos, apenas 6% dos pacientes são afro-americanos. O resultado de maior relevância é o fato de que não houve diferença na sobrevida global mediana entre os grupos, sendo 21 meses em ambos os grupos”, avalia Guimarães.

Em relação ao padrão de disseminação metastática, a análise mostrou 72% de doença óssea com ou sem comprometimento de linfonodos, 9% de metástase pulmonar, 9% de doença hepática e 7% de disseminação exclusivamente linfonodal.

Na análise primária, a sobrevida global mediana foi de 21,0 (95% IC = 19,4-22,5) vs. 21,2 meses (95% IC = 20,8-21,7) para AAs e C, respectivamente, indicando taxas de sobrevida equivalentes entre as diferentes raças. No entanto, na análise multivariada, quando ajustados os fatores prognósticos, a razão de risco combinada (HR) para AAs versus caucasianos foi de 0,81 (95% IC = 0,72-0,92, p-valor = 0,001) em todos os casos, indicando que homens afro-americanos tiveram risco de morte 19% menor que os caucasianos. Resultados semelhantes foram observados em 4.172 pacientes tratados com DP.

Em conclusão, o estudo mostrou aumento estatisticamente significativo de SG em AA vs C. Os autores recomendam novos estudos para avançar na compreensão das variações biológicas entre homens de diferentes etnias com mCRPC tratados com DP.

“Este estudo contribui para o crescente corpo de evidências e conclui que os homens afro-americanos com câncer de próstata avançado que participam de estudos clínicos têm a mesma chance de sobrevida, se não melhor, do que os caucasianos. Esta pesquisa mostra que, ao fornecer acesso igual ao tratamento, podemos reduzir as disparidades raciais nos resultados do câncer de próstata avançado”, disse Robert Dreicer, membro da ASCO, em relação aos resultados apresentados em Chicago.

Guimarães observa que o dado encontrado pelos autores de que os pacientes afro-americanos tinham chance 19% menos de morte por qualquer causa que os caucasianos, é questionável. “Se este achado se deve a uma melhor tolerabilidade à quimioterapia, fatores genéticos ou mesmo um “bias”, somente estudos com casuística apropriada e melhor controlado pode afirmar. Porém, o fato de a sobrevida global mediana ser igual entre os grupos reforça o dado de que com mesmas condições de tratamento, as respostas devem sem semelhantes”, conclui.

Nos Estados Unidos, as taxas de incidência de câncer de próstata são 60% maiores entre os negros, também mais propensos a serem diagnosticados em uma idade mais jovem e com doença de alto grau, em estágios avançados. Apesar do declínio nas mortes por câncer de próstata ao longo dos anos, dados epidemiológicos mostram que os afro-americanos têm risco duas vezes maior de morrer da doença do que os homens brancos2,3.

Referências:

1 - Abstract LBA5005: Overall Survival between African-American (AA) and Caucasian (C) Men with metastatic Castration-Resistant Prostate Cancer (mCRPC).
Genitorurinary (Prostate) Cancer Oral
Apresentação: Susa Halabi, Duke University Medical Center
Segunda-feira, 4 de junho

2 - https://www.cdc.gov/cancer/prostate/statistics/race.htm. Accessed May 14, 2018.

3 - https://seer.cancer.gov/statfacts/html/prost.html Accessed May 14, 2018.

 

 

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