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AtualizadoQui, 09 Maio 2024 3pm

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Mortalidade por câncer relacionado ao trabalho no Brasil

raphael guimarãesEstudo de Raphael Mendonça Guimarães (foto) e colegas analisou a taxa de mortalidade por câncer relacionado ao trabalho no Brasil, no período entre 1990 e 2019. “Nossos resultados demonstraram alta correlação espacial de câncer ocupacional tanto para mortalidade quanto para DALY (Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade) nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, destacam os autores, em artigo na Revista Brasileira de Epidemiologia.

Os cânceres ocupacionais são amplamente evitáveis, mas a heterogeneidade do contexto social e político das relações de trabalho nem sempre permite garantir a proteção dos trabalhadores. Nesta análise, Guimarães e colegas utilizaram dados do estudo Global Burden of Disease (GBD, 2022) para estimar a carga do câncer ocupacional de 1990 a 2019, no Brasil e unidades federativas. Os cânceres ocupacionais listados pelo GBD incluem mesotelioma, pulmão, traqueia e brônquios, laringe, ovário, nasofaringe, rim, esôfago, fígado, pâncreas, leucemia e bexiga.

Os autores descrevem que as exposições ocupacionais costumam ser de baixa intensidade e longa duração, aumentando o período de latência da doença. Assim, é bastante comum descobrir o diagnóstico de câncer somente após o término da própria atividade laboral. “Apesar das controvérsias sobre a precisão das estimativas quantitativas, existe certo consenso de que o câncer ocupacional tende a se concentrar em grupos relativamente pequenos de pessoas, mas que apresentam alto risco no desenvolvimento da doença”.

Os resultados revelam que entre 1990 e 2019, a taxa de mortalidade por câncer ocupacional apresentou tendência decrescente (R2=0,62; p<0,001), assim como o indicador da carga de doença — DALY (R2=0,84; p<0,001). No entanto, a mortalidade está aumentando na maioria dos estados, sugerindo que uma minoria de unidades federativas induzem a tendência global do país. “Nossos resultados demonstraram alta correlação espacial de câncer ocupacional nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tanto para mortalidade quanto para DALY (Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade)”.

Segundo os autores, o próprio modelo brasileiro de desenvolvimento ajuda a explicar os resultados, uma vez que a região Sul é uma das mais industrializadas do país, principalmente no processamento de produtos primários e na produção de peças e metalurgia. Os pesquisadores lembram que as exposições incluídas na análise estão alinhadas com a classificação de carcinógenos da International Agency for Research on Cancer (IARC).

“Esses achados ressaltam a necessidade de estratégias inovadoras de saúde pública para melhorar o rastreamento do câncer em populações vulneráveis”, destaca a análise. “A tendência geral decrescente na tendência do câncer ocupacional mascara a heterogeneidade entre os estados. Esse cenário pode estar associado à diversidade de atividades econômicas e sugere a necessidade de um plano de vigilância do câncer ocupacional descentralizado e equitativo”, concluem os autores.

Este estudo tem participação de Viviane Gomes Parreira Dutra, que assina como primeira autora, além da coautoria dos pesquisadores José Henrique Costa Monteiro da Silva, Rafael Tavares Jomar, Henrique Cesar Santejo Silveira e Camila Drumond Muzi, além do autor sênior, Raphael Mendonça Guimarães.

Referência: Dutra VGP, Silva JHCMD, Jomar RT, Silveira HCS, Muzi CD, Guimarães RM. Burden of occupational cancer in Brazil and federative units, 1990-2019. Rev Bras Epidemiol. 2023 Jan 6;26:e230001. doi: 10.1590/1980-549720230001. PMID: 36629613; PMCID: PMC9838239.

 

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