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AtualizadoQui, 09 Maio 2024 3pm

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Daichii Sankyo

 

O papel do Brasil na formação de oncologistas angolanos

joao wilson 2023Artigo de João Wilson Rocha (foto), Euclides Adjane Simão, Fábio da Silva e Artur Fitela, do Instituto Angolano de Controle do Câncer, descreve o apoio brasileiro para melhorar o enfrentamento do câncer em Angola e a qualidade dos cuidados de saúde. O Brasil é responsável pela formação de 79% dos oncologistas que atuam em Angola, ilustram os autores, em revisão publicada na Brazilian Journal of Clinical Medicine and Review.

Rocha e colegas dimensionam os vazios no continente africano em relação à assistência oncológica. Apesar de 456 000 mortes causadas por câncer na África Subsariana em 2012 e da crescente carga do câncer, que segundo previsões deve duplicar no continente até 2030, a região é responsável por apenas 0,3% das despesas médicas mundiais relacionadas com o câncer.

Angola não é apartada dos desafios regionais. Localizado na costa atlântica da África Subsariana, o país tem cerca de 30 milhões de habitantes e apenas cerca de 7 mil médicos, aproximadamente 0,22 médicos/1.000 habitantes (2017), descrevem os autores, evidenciando a urgente necessidade de formação. “Esse trabalho lança luz sobre uma questão crítica na África Subsariana, especificamente em Angola, onde os cuidados oncológicos são frequentemente negligenciados devido à falta de infraestruturas de saúde e de profissionais médicos qualificados”, destaca Rocha, residente (R5) de Oncologia Clínica do Instituto do Cancer do Estado de São Paulo (ICESP). “A colaboração entre Angola e Brasil na formação de oncologistas representa um desenvolvimento notável e que merece reconhecimento”, diz.

Com culturas semelhantes e o mesmo idioma, a relação Brasil-Angola é antiga. A cooperação tem como marco legal o Acordo de Cooperação Econômica, Científica e Técnica, assinado entre o Brasil e governos angolanos em 1980, e promulgada 10 anos depois, em outubro de 1990.

Na linha de frente da formação de oncologistas e outros profissionais de saúde para o Instituto Angolano de Controle do Câncer, Rocha e colegas destacam instituições de referência na assistência oncológica brasileira. “Escolas como o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC), AC. Camargo Cancer Center, Hospital do Amor (Hospital de Câncer de Barretos), Escola Paulista de Medicina, Hospital das Clínicas da Unicamp, Santa Casa de Porto Alegre, Hospital das Colinas Porto Alegre, Hospital Santa Marcelina e Hospital Mário Covas (Faculdade de Medicina do ABC) já formaram 79% dos oncologistas e outros profissionais de saúde  que atuam no enfrentamento do câncer em Angola”.

Atualmente, Angola conta com 15 oncologistas clínicos formados e 5 em formação, 4 radio-oncologistas formados e 4 em formação, 2 cirurgiões oncológicos, 2 oncohematologistas formados e 1 em formação, 3 anatomopatologistas formados e 2 em formação, além de 4 oncologistas pediátricos e 1 em treinamento no Brasil, 1 mastologista e 1 profissional de enfermagem oncológica. Todos os médicos e demais profissionais formados e em formação são financiados pelo governo de Angola.

A revisão de Rocha e colegas aponta desigualdades profundas na oferta global de profissionais de saúde, lembrando que a falta de médicos especialistas é um problema comum nos países de baixa renda. “Por outro lado, os países de rendimento elevado já começam a limitar a formação em algumas especialidades por falta de mercado de trabalho”, contrastam.

 Para os autores, esta publicação na Brazilian Journal of Clinical Medicine and Review não só celebra as conquistas da parceria Brasil-Angola, como também pode encorajar outras nações a adotarem modelo semelhante para promover melhores cuidados de saúde e educação médica. “Esse trabalho exemplifica uma história tão animadora de cooperação internacional no campo da medicina e serve como um lembrete de que a colaboração entre as nações pode ter impacto profundo na saúde e no bem-estar das populações”.

Assista sobre o assunto:
Em vídeo, os médicos João Wilson Rocha e Euclides Adjane Simão, do Instituto Angolano de Controle do Câncer, falam sobre o apoio brasileiro para melhorar o enfrentamento do câncer em Angola. O Brasil é responsável pela formação de 79% dos oncologistas que atuam em Angola, ilustram os dois autores, em revisão publicada na Brazilian Journal of Clinical Medicine and Review. Assista na TV Onconews.



Referência: Rocha JW, Simão EA, Fitela A. The role of Brazil in the training of Angolan Oncologists. Brazilian Journal of Clinical Medicine and  Review. 2024Jan-Mar;02(1):18-20. DOI: 10.52600/2965-0968.bjcmr.2024.2.1.18-20


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