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AtualizadoSex, 26 Abr 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

Metanálise discute perfil de toxicidade de terapias sistêmicas no carcinoma hepatocelular avançado

Duilio Rocha 2020 ok 2Revisão sistemática que considerou as evidências atuais sobre os perfis de toxicidade para inibidores de tirosina quinase (TKIs) e inibidores de checkpoint imune (ICIs) em pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) publicou resultados no Jama Network Open, em artigo de Griffiths et al., com dados que indicam perfil de segurança mais favorável para ICI nesse cenário terapêutico. O oncologista Duílio Rocha Filho (foto) comenta os principais achados e limitações do estudo.

Avanços na imunoterapia e nas terapias-alvo tornaram o tratamento neoadjuvante uma opção atraente para pacientes com CHC. Nesta revisão, os autores consideraram dados da Medline, Embase e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), de janeiro de 1990 a dezembro de 2021. Foram elegíveis ensaios clínicos comparando TKIs e ICIs em pacientes com CHC.

O endpoint primário foi a proporção de pacientes com eventos adversos clinicamente significativos relacionados ao fígado. Os endpoints secundários incluíram a proporção de pacientes que experimentaram eventos adversos clinicamente relevantes (grau 3 ou superior) e eventos adversos requerendo hospitalização ou associados à incapacidade prolongada, bem como a razão de risco (RR) dessas complicações.
 
Resultados
 
Foram incluídos 30 estudos com 12.921 pacientes. Os pacientes tinham idade média de 62 (18-89) anos, sendo majoritariamente homens (84%), 82% com CHC estágio C (Barcelona Clinic) e 97% com cirrose Childs A.

No geral, 21% (IC 95%, 16%-26%) dos pacientes que receberam TKIs tiveram efeitos tóxicos no fígado em comparação com 28% (IC 95%, 21%-35%) dos pacientes que receberam ICIs. Eventos adversos graves ocorreram em 46% (IC 95%, 40%-51%) dos pacientes que receberam TKIs em comparação com 24% (IC 95%, 13%-35%) dos pacientes que receberam ICIs. Em comparação com pacientes que receberam sorafenibe, outros TKIs foram associados a taxas semelhantes de efeitos tóxicos no fígado (RR, 1,06; IC 95%, 0,92-1,24), mas a taxas mais altas de eventos adversos graves (RR, 1,24; IC 95%, 1,07-1,44) . Comparando ICIs com sorafenibe, houve taxas semelhantes de efeitos tóxicos no fígado (RR, 1,10; IC 95%, 0,86-1,40) e eventos adversos graves (RR, 1,19; IC 95%, 0,95-1,50).
 
“Nesta revisão sistemática e meta-análise, os eventos adversos graves foram menores com ICIs do que com TKIs, enquanto os efeitos tóxicos no fígado foram semelhantes. A terapia combinada com novos ICIs é uma opção atraente em ensaios de terapia neoadjuvante para pacientes com CHC, exigindo avaliação em ensaios pré-operatórios”, concluem os autores.
 
Em síntese, Griffiths et al. mostram que nesta revisão sistemática e meta-análise de 30 ensaios clínicos prospectivos, incluindo 12.921 pacientes, os inibidores de checkpoint imune foram associados a taxas semelhantes de efeitos tóxicos hepáticos, mas a taxas melhores de eventos adversos graves em comparação com TKIs. Com um perfil de toxicidade mais favorável entre pacientes com carcinoma hepatocelular avançado, os ICI são, portanto, agentes mais adequados no cenário adjuvante, argumentam os autores.
 
O oncologista Duílio Reis da Rocha Filho, Chefe da Unidade de Oncologia do Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC-CE) e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais da SBOC, destaca que o interesse em estratégias de tratamento neoadjuvante no CHC tem aumentado à medida que agentes antineoplásicos mais ativos, com taxas de resposta que se aproximam de 30% na terapia de primeira linha, são incorporados à prática clínica. “Há um racional para o uso de terapia sistêmica antes de ressecções hepáticas, como forma de downstaging ou de seleção de pacientes, como ponte para o transplante ou, ainda, em combinação com outras terapias locais, como ablação e embolização. Contudo, a maior parte dos pacientes tem cirrose hepática associada ao CHC, o que aumenta o risco de complicações associadas ao tratamento sistêmico e pode trazer prejuízo à estratégia neoadjuvante”, explica Duílio. 
 
A meta-análise de Griffiths et al propôs-se a avaliar o perfil de toxicidade das diferentes classes de medicamentos, com foco na seleção de agentes para tratamento pré-operatório. “Os autores encontraram um perfil de toxicidade hepática similar entre ICIs e TKIs, mas uma maior taxa de eventos adversos severos com TKIs”, resume o especialista. Para Duílio, o trabalho pode ser criticado pela heterogeneidade dos fármacos analisados, incluindo diversos TKIs que não estão aprovados para uso clínico, pelos diferentes critérios de inclusão e pelas diferentes formas de descrição dos eventos adversos entre os estudos. “O trabalho sugere que ICIs são estratégias promissoras no cenário neoadjuvante. Deve-se ressaltar que ICIs e TKIs como lenvatinibe, isoladamente ou em combinação, são alternativas com taxas de resposta interessantes que merecem investigação como estratégias pré-operatórias. Adicionalmente, é preciso cautela com o uso de ICIs antes de transplante hepático, devido a relatos de aumento do risco de rejeição do enxerto”, analisa. 
 
O carcinoma hepatocelular (CHC) é a segunda causa mais comum de morte relacionada ao câncer em todo o mundo. A estimativa global atual de mais de 900 mil novos casos diagnosticados a cada ano deve aumentar, especificamente nos países ocidentais, devido ao aumento da esteato-hepatite não alcoólica.
 

Referência: Griffiths CD, Zhang B, Tywonek K, Meyers BM, Serrano PE. Toxicity Profiles of Systemic Therapies for Advanced Hepatocellular Carcinoma: A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Netw Open. 2022;5(7):e2222721. doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.22721

 


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