Cobimetinib apresenta resultados em melanoma

Melanoma_2_OK.jpgUma droga experimental da Roche, Cobimetinib, demonstrou ganhos de sobrevida em pacientes com melanoma metastático, em tratamento combinado com a droga-alvo Vemufafenib (Zelboraf®, da Roche), em pacientes com mutação BRAF. 

A agência de notícias Reuters repercutiu os primeiros resultados do estudo de fase III, que a partir de agora serão apresentados para aprovação das agências reguladoras.

Forte tendência no tratamento do melanoma avançado, os esquemas de combinação têm demonstrado resultados superiores na comparação com monoterapia e inauguram um novo paradigma no tratamento da doença metastática. “O futuro mostra que os coquetéis de drogas vão cada vez mais fazer parte da prática dos oncologistas, para bloquear o câncer em várias frentes”, diz o oncologista Antonio Carlos Buzaid, diretor-geral do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes, em São Paulo, uma das grandes autoridades brasileiras no tratamento do melanoma.

Resultados

O estudo clínico duplo-cego de fase III coBRIM, que avaliou a segurança e a eficácia do agente Cobimetinibe, envolveu 495 pacientes com melanoma irressecável, sem tratamento prévio. Os pacientes foram randomizados em dois braços para receber a combinação de Cobimetinibe e Zelboraf ou o tratamento com Zelboraf isoladamente. Os resultados da análise favoreceram o braço da combinação.

A Roche divulgou os resultados preliminares desse ensaio clínico e os dados do coBRIM devem embasar agora o pedido de aprovação do novo agente junto às agências reguladoras de todo o mundo. O objetivo primário do coBRIM foi a sobrevida livre de progressão. Os desfechos secundários da investigação incluem sobrevida global, taxa de resposta objetiva e duração da resposta, assim como segurança, farmacocinética e qualidade de vida.

A pesquisa e o desenvolvimento do Cobimetinibe tiveram a colaboração da Exelixis Inc, empresa de biotecnologia com sede na Califórnia, Estados Unidos, parceira do grupo Genentech/Roche. Michael M. Morrissey, presidente da Exelixis, disse que os dados finais serão conhecidos no final do ano. "Estamos ansiosos para a apresentação completa dos dados e nossa expectativa é trazer brevemente esta nova opção terapêutica para pacientes com melanoma", sinalizou.

Cobimetinib é um inibidor seletivo, que bloqueia a atividade de MEK, em um percurso que é chave na via de sinalização de diversos tipos de câncer, incluindo o melanoma, em que a mutação de um dos seus componentes (BRAF) está presente em cerca de 50% dos tumores. Os tumores com mutações BRAF podem desenvolver resistência e, posteriormente, progredir após o tratamento com um inibidor de BRAF. Cobimetinib pode ter papel importante para esse grupo de pacientes, atrasando o aparecimento de tumores resistentes. Além da associação com vemurafenib no melanoma, o agente também está em estudo em esquemas de combinação em vários tipos de tumores, incluindo câncer de pulmão e câncer colorretal.

O melanoma atinge globalmente mais de 232 mil novas pessoas a cada ano. Vale lembrar que esta 50ª ASCO apresentou resultados do trametinib, o inibidor de MEK da GSK já aprovado nos Estados Unidos e utilizado na combinação com o inibidor de BRAF dabrafenib, também da GSK. Nesse contexto, existe espaço para a Roche e que diferenciais a empresa espera apresentar para disputar esse nicho? “O melanoma metastático é o câncer de pele mais agressivo e letal com poucas opções terapêuticas até poucos anos atrás. Com o melhor entendimento da biologia molecular deste câncer, tem sido possível desenvolver terapias-alvo focadas nas alterações moleculares que os pacientes apresentam. Tanto as terapias-alvo combinadas (comboterapias) quanto as imunoterapias significam arsenal terapêutico importante para a tomada de decisão médica e acreditamos que estes novos tratamentos devam ficar disponíveis, também no Brasil, em breve”, diz Lenio Alvarenga, diretor médico da Roche Farma Brasil.