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AtualizadoQua, 17 Abr 2024 9pm

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Daichii Sankyo

 

Reposição hormonal e risco de câncer de ovário

C__ncer_Ov__rio.jpgA terapia de reposição hormonal (TRH) aumenta o risco de câncer de ovário. A conclusão é do estudo liderado por Richard Peto, da Universidade de Oxford, que publicou os resultados no Lancet, na edição online de 12 de fevereiro, a partir de uma meta-análise de 52 estudos epidemiológicos.

“O uso de anticoncepcional oral por mais de 5 anos durante a vida é fator protetor contra o câncer de ovário. Na contramão desta proteção, segundo a meta-análise conduzida por Peto e colaboradores, o uso de terapia de reposição hormonal (TRH), estrógeno puro ou combinações com progesterona, em mulheres pós menopausa foi associado a significativo aumento no risco da doença: um caso adicional a cada 1.000 mulheres em TRH, com uma projeção de um caso adicional de óbito por 1.700 mulheres em TRH”, explica a ginecologista Angélica Nogueira, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (GBTG).
 
O risco da TRH em câncer de mama está bem documentado na literatura, mas o impacto sobre o câncer de ovário tem sido debatido, especialmente para aquele grupo de mulheres que recebem terapia de reposição por breves períodos. O pesquisador de Oxford lembrou que muitas mulheres no Reino Unidos recebem TRH por 2 a 5 anos, para reduzir o risco de osteoporose e para aliviar os sintomas da menopausa. “Imaginar que não existe risco associado à terapia hormonal de curta duração simplesmente não é verdade", esclareceu Peto. 

MÉTODOS E RESULTADOS

A meta-análise compreendeu 52 estudos epidemiológicos (17 prospectivos e 35 retrospectivos) avaliados de forma centralizada, com dados fornecidos por 21.488 mulheres com câncer de ovário na pós-menopausa. Os estudos prospectivos contribuíram com mais da metade dos casos (12.110) e 55% dessas pacientes (6601) fizeram uso de TRH, com duração média de 6 anos. Por outro lado, nos estudos retrospectivos, apenas 29% (2.702) das mulheres tinham usado a terapia hormonal, com duração média de 4 anos. “Uma das limitações desta meta-análise é desconsiderar a dose da TRH, o que poderia ter impactado as análises, uma vez que a recomendação atual é de baixa dose”, diz a ginecologista.

A histologia do tumor foi classificada como totalmente maligno ou boderline, e como epitelial ou não epitelial. Tumores epiteliais foram subdivididos em quatro tipos mais comuns: seroso, endometrioide, mucinoso ou de células claras (ou misto/outros).

O risco de câncer de ovário foi significativamente maior em usuárias do que nas não usuárias de terapia de reposição hormonal (RR 1,20, 95% CI 1, 15-1, 26, p <0, 0001 para estudos prospectivos; 1,14, 1,10-1, 19, p <0, 0001 para todos os estudos combinados).

O risco foi fortemente relacionado com o caráter recente de utilização. Nas ex-usuárias, que haviam interrompido o uso de hormônios há mais tempo, os riscos tinham cessado, mas durante os primeiros anos após o fim da reposição hormonal, o risco permaneceu elevado. Em estudos prospectivos, o risco foi aumentado entre aquelas que fizeram <5 anos de uso (RR 1, 43, 95% IC 1 · 31-1 · 56; p <0 · 0001).

Entre mulheres que fizeram terapia de reposição hormonal, mas que suspenderam o uso <5 anos antes do diagnóstico, o risco foi menor (RR de 1, 37 (95% CI 1 · 29-1 · 46; p <0 · 0001), mas diferiu entre os quatro principais tipos de tumores, com risco aumentado para os serosos (RR 1 · CI 53, 95% 1 · 40-1 · 66; p <0 · 0001) e endometrioides (1, 42, 1 · 20-1 · 67; p <0 · 0001).

“O maior número de casos durante a TRH, a queda na incidência após a interrupção da reposição hormonal e a variação de risco entre subtipos histológicos (maior em serosos e endometrioides) fortalecem a hipótese de correlação causa-efeito”, afirmou Angélica.
 
As recomendações atuais da OMS sobre TRH não alertam sobre o aumento do risco de câncer de ovário. “Apesar de o aumento relativo no número de casos de câncer de ovário ser pequeno e o câncer ser raro, após os resultados desta meta-análise, alerta deste risco a potenciais usuárias passa a ser necessário pela OMS e pelas agências nacionais de vigilância sanitária”, finaliza.
 
Referência: Menopausal hormone use and ovarian cancer risk: individual participant meta-analysis of 52 epidemiological studies

http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)61687-1/fulltext


 
 
 
 
 
 
 


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