Fenótipos e marcadores bioquímicos no câncer de mama pós-menopausa: uma análise do UK Biobank

mulheres corpoEstudo que incluiu quase 180 mil mulheres pós-menopausa inscritas no UK Biobank analisou até que ponto os fenótipos da forma corporal e o risco de câncer de mama (CM) na pós-menopausa são mediados por marcadores bioquímicos. Os resultados mostram diferentes vias que ligam formatos corporais específicos ao risco de câncer de mama, sugerindo a mediação através da testosterona e do IGF-1 na relação entre um formato corporal geralmente obeso e o risco de CM, enquanto o IGF-1 e o SHBG podem mediar o risco de CM em uma pessoa alta/magra.

Fortes evidências associam obesidade (definida por alto índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m); ou indicadores de distribuição de gordura corporal, como circunferência da cintura (CC: homens > 102 cm, mulheres > 88 cm), circunferência do quadril (CQ) e relação cintura-quadril (RCQ: homens > 0,90, mulheres > 0,80) com o risco de câncer de mama (CM) pós-menopausa, o câncer mais frequente e que representa importante problema de saúde pública em mulheres. No entanto, as vias biológicas subjacentes permanecem pouco compreendidas.

Neste estudo, o objetivo dos pesquisadores foi investigar até que ponto as associações da forma corporal com o risco de CM na pós-menopausa são mediadas por marcadores bioquímicos.

A análise incluiu uma coorte de 176.686 mulheres na pós-menopausa do UK Biobank. Amadou e colegas descrevem que quatro fenótipos de forma corporal foram derivados da análise de componentes principais (CP) de altura, peso, índice de massa corporal, circunferências de cintura e quadril e relação cintura-quadril (RCQ). A decomposição de quatro fatores do efeito total foi utilizada para estimar simultaneamente os efeitos de mediação e interação, bem como as proporções mediadas.

Após 10,9 anos de acompanhamento mediano, foram diagnosticados 6.396 casos de câncer de mama incidentes em mulheres pós-menopausa. A análise de Amadou et al. revela fortes evidências de associações positivas entre CP1 (obesidade geral) e CP2 (alta, baixa, RCQ) e risco de CM. Os resultados relatados no Journal of Epidemiology and Global Health mostram que a associação de CP1 com risco de CM foi mediada positivamente pela testosterona e negativamente pelo fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1), com a proporção global mediada (soma da interação mediada e efeito indireto puro (PIE)) responsável por 11,4 % (intervalos de confiança de 95%: 5,1 a 17,8%) e -12,2% (-20,5% a -4,0%) do efeito total, respectivamente. Os resultados também apontam para associação entre CP2 e CM mediadas por IGF-1 (PIE: 2,8% (0,6 a 4,9%)) e globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) (PIE: -6,1% (-10,9% a -1,3 %).

“Nossos achados são consistentes com caminhos diferenciais que ligam formatos corporais diferentes ao risco de CM, sugerindo uma mediação através da testosterona e do IGF-1 na relação entre um formato corporal geralmente obeso e o risco de CM, enquanto IGF-1 e SHBG podem mediar o risco de CM em uma pessoa alta/magra”, descrevem os autores.

A íntegra do artigo original está disponível em acesso aberto.

Referência: Amadou A, Freisling H, Sedlmeier AM, Bohmann P, Fontvieille E, Weber A, Konzok J, Stein MJ, Peruchet-Noray L, Jansana A, Noh H, His M, Gan Q, Baurecht H, Fervers B. Multi-Trait Body Shape Phenotypes and Breast Cancer Risk in Postmenopausal Women: A Causal Mediation Analysis in the UK Biobank Cohort. J Epidemiol Glob Health. 2024 Apr 10. doi: 10.1007/s44197-024-00226-4. Epub ahead of print. PMID: 38598163.