Homens com subfertilidade e risco de câncer familial

subfertilEstudo que analisou a maior corte populacional envolvendo indivíduos com subfertilidade revelou que padrões distintos de câncer familial foram observados nas coortes de azoospermia e oligozoospermia grave, sugerindo heterogeneidade no risco de câncer familial, com implicações importantes para melhorar a avaliação do risco e o aconselhamento dos pacientes.

Evidências já conhecidas mostram que homens subferteis e seus familiares apresentam risco aumentado de certos tipos de câncer, incluindo câncer testicular, de tireoide e pediátrico.

Neste estudo de Ramsay et al., homens azoospérmicos (0 × 106/mL) e gravemente oligozoospérmicos (<1,5 × 106/mL) foram identificados na coorte SHARE (Subfertility Health and Assisted Reproduction and the Environment cohort). Os homens subferteis foram pareados por idade e sexo na proporção de 5:1 para controles populacionais férteis. Familiares até parentes de terceiro grau foram identificados, considerando tanto homens subférteis quanto controles populacionais férteis (N = 337.754), a partir do Banco de Dados Populacionais de Utah. A análise incluiu famílias contendo ≥10 membros com ≥1 ano de acompanhamento de 1966–2017 (azoospérmico: N = 426 famílias, 21 361 indivíduos; oligozoospérmico: N = 360 famílias, 18 818 indivíduos). O agrupamento baseado em taxas de incidência padronizadas para 34 fenótipos de câncer foi usado para identificar padrões multicancerígenos familiares; famílias de azoospermia e oligospermia grave foram avaliadas separadamente.

Em comparação com famílias de controle, os pesquisadores observaram aumento significativo no risco de câncer na coorte de azoospermia para cinco tipos de câncer: razão de risco (HR) de câncer ósseo e articular   =   2,56 (IC 95%   =   1,48–4,42), câncer de tecidos moles HR   =   1,56 (95 % CI = 1,01–2,39), cânceres uterinos HR = 1,27 (95% CI = 1,03–1,56), linfomas de Hodgkin HR = 1,60 (95% CI = 1,07–2,39) e câncer de tireoide HR = 1,54 (95% IC = 1,21 –1,97).

Entre famílias com oligozoospermia grave, a análise mostrou risco aumentado para três tipos de câncer: câncer de cólon HR = 1,16 (IC de 95% = 1,01–1,32), câncer de ossos e articulações HR = 2,43 (IC de 95% = 1,30–4,54) e câncer de testículo HR = 2,34 (IC 95% = 1,60–3,42), assim como observou redução significativa no risco de câncer de esôfago HR = 0,39 (IC 95% = 0,16–0,97). Treze grupos de padrões multicancerígenos familiares foram identificados em famílias de homens azoospérmicos, 66% das famílias na coorte de azoospermia apresentaram riscos de câncer em nível populacional, enquanto os 12 grupos restantes apresentaram risco elevado para 2 a 7 tipos de câncer.

Ramsay et al. também identificaram que vários dos grupos com risco elevado de câncer tiveram maior risco de diagnóstico de câncer em idades jovens, com seis grupos mostrando risco aumentado de diagnóstico em adolescentes e adultos jovens, (OR = 1,96–2,88) e dois grupos mostrando risco aumentado no diagnóstico de câncer pediátrico (OR = 3,64–12,63).

Dentro da coorte de oligozoospermia grave, foram identificados 12 grupos com múltiplos casos distintos de câncer familiar. Todos os 12 grupos apresentaram risco elevado para 1–3 tipos de câncer. Um aumento no risco de diagnóstico de câncer em idades jovens também foi observado em cinco dos grupos familiares de oligozoospermia grave, dos quais três grupos mostraram maior risco de diagnóstico de câncer em adolescentes e adultos jovens (OR = 2,19–2,78), com dois grupos adicionais mostrando risco aumentado de diagnóstico de câncer pediátrico (OR = 3,84–9,32).

Referência: Joemy M Ramsay, Michael J Madsen, Joshua J Horns, Heidi A Hanson, Nicola J Camp, Benjamin R Emery, Kenneth I Aston, Elisabeth Ferlic, James M Hotaling, Describing patterns of familial cancer risk in subfertile men using population pedigree data, Human Reproduction, 2024;, dead270, https://doi.org/10.1093/humrep/dead270