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AtualizadoSex, 19 Abr 2024 6pm

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Daichii Sankyo

 

Europa debate novos critérios para estudos clínicos em cânceres raros

Pesquisa_1_NET_OK.jpgUm position paper assinado pelo italiano Paolo Casali e outros experts da oncologia europeia expressa um documento de consenso que propõe novas recomendações metodológicas para estudos clínicos em cânceres raros. 

O documento foi publicado no dia 2 de outubro no Annals of Oncology e agora serve de base a um amplo debate na agência reguladora EMA com o desafio de superar as limitações de estudos randomizados em determinadas subpopulações.

A contribuição dos autores começa com a descrição de um cenário pouco evidenciado na oncologia. Os tumores raros são responsáveis ​​por um quinto dos novos casos de câncer e a própria dificuldade de atrair estudos traz para a clínica um grau de incerteza maior.

Para agregar contribuição a esse cenário, Casali e colegas defendem o papel da metodologia bayesiana, “com a sua inerente flexibilidade quando aplicada corretamente”, assim como defendem o potencial dos registros eletrônicos de pacientes, que, segundo eles,“devem ser explorados para gerar novas hipóteses, para criar controles externos para estudos futuros e estudar a eficácia de novos tratamentos em condições reais”.

Para os autores, uma nova moldura para o desenho de protocolos de estudos clínicos em cânceres raros deve ser incentivada, assim como as inovações regulatórias compassivas e as configurações off-label.

“Diante do baixo número de casos, grandes estudos não são viáveis nos tumores raros​​. O risco de não construir dados suficientes para ganhar a aprovação de novos agentes terapêuticos pode desencorajar a indústria a desenvolver medicamentos e os pacientes são os maiores prejudicados”, alerta Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia.

O consenso europeu propõe que pacientes de cânceres raros tenham acesso mais cedo a medicamentos experimentais promissores e sugere às agências reguladoras e aos sistemas de saúde locais regras mais flexíveis para esse perfil de doentes, permitindo um grau de incerteza maior do que o habitual. O documento ainda defende acesso equitativo aos tratamentos e reafirma a importância da supervisão de órgãos competentes.

O consenso aponta questões que despertam polêmica sob a perspectiva ética, como a proteção dos dados do paciente e do próprio estudo. “A proteção dos dados é importante, mas os pacientes devem ser capazes de acessar com facilidade as informações sobre os estudos em andamento e ser encorajados a participar dessas pesquisas”, diz. O consenso defende que os pacientes devem ter o direito de doar os seus dados clínicos e tecidos para a pesquisa, através de um consentimento duradouro. O position paper ainda recomenda mais registros de câncer, além da colaboração multidisciplinar nacional, internacional e até mesmo global para avaliar o valor de novas estratégias de tratamento. “Obstáculos regulamentares à colaboração da iniciativa dos investigadores mundiais e à partilha de bases de dado devem ser superados”, propõe.

O padrão para o desenvolvimento de um novo tratamento é a utilização de grandes ensaios clínicos controlados de fase III, que necessitam de um número significativo de pacientes para provar a significância estatística dos benefícios da droga a ser estudada, antes da sua aprovação. “Os métodos de avaliação tradicionais, através de estudos randomizados, não se prestam nesses casos, pois são estudos impossíveis na prática. Há uma discussão enorme em todo o mundo sobre o assunto, inclusive no Brasil”, diz o médico Otávio Clark, da Evidências, agora do grupo Kantar Health. Clark é especialista em desfechos e diz que estudos não controlados e métodos como o low power randomised trials ou a chamada summarise evidence são muito discutidos e provavelmente terão parte nos desenhos no futuro. “O problema é o desconhecimento dessas metodologias no nosso país”, diz .

O consenso europeu também valoriza desfechos substitutos e lembra que centros de referência em tumores raros são necessários para melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes. "Os pacientes com câncer raro não devem ser discriminados por causa da raridade da sua doença", enfatizou Paolo Casali. "Cânceres raros apresentam desafios específicos e as metodologias de ensaio clínico devem se adaptar a eles, a fim de acelerar a inovação neste campo. Os pacientes com tumores raros vivem na esperança de que terapias eficazes sejam descobertas e estão dispostos a assumir riscos. Suas decisões e necessidades específicas devem ser levadas em conta", defende.
 
Referências: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25274616
 


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