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AtualizadoQua, 27 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

Novos genes no câncer de rim

rim_NET_OK.jpgUma pesquisa da Mayo Clinic, Flórida, com análises genômicas de carcinomas de células renais de células claras (ccRCC) revelou 31 genes que são peças-chave no desenvolvimento, crescimento e disseminação do câncer. Desses genes, oito não haviam sido relacionados anteriormente ao câncer de rim; e outros seis genes nunca foram ligados a qualquer forma de câncer.

Publicado no periódico Oncotarget, o estudo é uma extensa análise do papel que a expressão dos genes exerce no crescimento e na metástase de um tumor ccRCC, subtipo responsável por 80% de todos os casos de câncer de rim. Os genes superexpressados foram funcionalmente testados em células do câncer de rim, para se ter certeza de sua importância, sob algum aspecto, para o processo do câncer.

O Estudo

Os pesquisadores avaliaram um número igual de amostras (72) de rins normais e de tecidos do câncer de rim. Foi examinada a superexpressão e a subexpressão do RNA do tecido, bem como a produção de proteínas, porque os genes expressam RNA pra produzir proteína. Foram isolados e testados 195 genes consistentemente elevados em amostras de pacientes. Depois de testar cada um deles em células vivas de câncer para avaliar sua contribuição ou não para o crescimento e a disseminação do tumor, os pesquisadores reduziram a lista para 31 genes. “Nós também encontramos genes com outras funções que são essenciais para a sobrevivência do câncer de rim, assim como para inflamações”, diz Christina von Roemeling, principal autora do estudo. Outro gene encontrado está ligado à angiogênese, particularmente importante porque o ccRCC é conhecido por ser um tipo de câncer muito angiogênico. “Além do potencial desses genes para nos ajudar a desenvolver novas drogas, eles também servem como biomarcadores para diagnósticos precisos”, explica von Roemeling.

Novos caminhos

O urologista e oncologista Stênio de Cássio Zequi, pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa (CIPE) do Hospital A.C.Camargo, em São Paulo,considera o trabalho interessante por apontar não apenas um, mas alguns novos caminhos que podem ser importantes para o tratamento do carcinoma de células renais de células claras. “É um estudo que presta um grande serviço, cria oportunidades para pesquisadores de todo o mundo testarem esses genes, estudarem medicações e novos alvos para novas terapias”, diz.

No entanto, Zequi ressalta que apesar da importância, é um primeiro passo, ainda muito inicial. Agora, o estudo vai ser validado em outras instituições, em outras amostras. “O interessante é que ele traz um elenco novo de candidatos a investigação, diferente do que se publicou nos últimos anos, nos projetos ATLAS e SANGER, por exemplo, nos quais genes dos mecanismos de remodelação da cromatina foram demonstrados como tendo papel fundamental nessa neoplasia. Estes estudos dedicaram muita atenção e despertaram grande interesse por descreverem as chamadas “driver mutations” no ccRCC, ou seja, mutações primordiais para a carcinonogêse. Agora, esse estudo demonstra uma grande série de biomarcadores distintos e, portanto, abre novas fronteiras”, diz. Para o especialista, a partir de agora muitos desses genes serão exaustivamente pesquisados, e alguns terão papel importante e estarão sujeitos a ensaios terapêuticos com drogas. “Se realmente vai chegar até o paciente, ainda não se sabe”.

Latin American Renal Cancer Group (LARCG)

O câncer de rim está entre os dez tipos de câncer sólidos mais comuns nos EUA. Este ano, 60 mil novos casos devem ser diagnosticados na população americana, e devem ocorrer 13 mil mortes. “Na Europa são previstos 88.400 novos casos novos por ano, e os números chegam a 200 mil no mundo todo, com cerca de 100 mil mortes ao ano”, afirma Stênio. No Brasil, segundo dados do Globocan 2008, a taxa de mortalidade pela doença é de 54%. A Sociedade Brasileira de Urologia aponta ainda que cerca de 40% dos diagnósticos são feitos quando o tumor está em fase avançada.

Para ampliar o volume de trabalhos e fornecer dados mais claros sobre o panorama epidemiológico está sendo criado o Latin American Renal Cancer Group (LARCG), um grupo que engloba 26 hospitais de seis países (Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru e México). O LARCG nasceu em 2013 e deve apresentar os primeiros dados dos países integrantes durante o congresso da Confederacion Americana de Urologia (CAU) entre 23 e 25 de novembro, em Punta Del Este, Uruguai. “Estamos com cerca de 2 mil casos catalogados de várias instituições. Vai ser o maior banco de dados de câncer de rim já realizado nos países latino-americanos , que poderá ser utilizado por todos os participantes do grupo, desde que suas propostas de estudos sejam aprovados pelos comitês científico e de Ética”, adianta Zequi, um dos coordenadores do grupo.

 

 



 

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