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AtualizadoQua, 27 Mar 2024 5pm

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Daichii Sankyo

 

ALCHEMIST Study: Tratamento subótimo em protocolo de pesquisa?

RIAD NET OKQuais são as taxas de cirurgia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) em estágio inicial nos EUA? Estudo de coorte identificou que entre 2.833 pacientes com tumores de pelo menos 4 cm e/ou com linfonodos, inscritos em um protocolo de triagem para estudos com terapia adjuvante, apenas 53% realizaram dissecção linfonodal adequada pelas diretrizes da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) e somente 57% receberam qualquer quimioterapia adjuvante, apesar da recomendação. Quem comenta é o cirurgião oncológico Riad Younes (foto), diretor do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O tratamento cirúrgico de pacientes com câncer de pulmão, estádios clínicos precoces, continua sendo a abordagem padrão mundial, com maiores chances de controle da doença, de redução de riscos de recidiva loco-regional, e de sobrevida a longo prazo. Apesar desta abordagem se manter como padrão nas últimas décadas, existem ainda disparidades grandes na qualidade da cirurgia de ponto de vista oncológico. Até recentemente, a IASLC (Associação Internacional para o estudo de Câncer de Pulmão) recomenda, para se considerar uma cirurgia adequada a ressecção do tumor primário com margens histologicamente livres (preferencialmente por lobectomia ou pneumectomia, podendo ser realizada em pacientes selecionados por segmentectomia o ressecção em cunha), associada a avaliação linfonodal regional “adequada”( mínimo de 6 linfonodos avaliados no hilo e no mediastino homolateral). Em todos os países do mundo, incluindo no Brasil, muitos dos pacientes ainda são operados de forma oncologicamente insuficiente, principalmente em relação a avaliação linfonodal.

Estudos na década passada nos EUA confirmaram que ao redor da metade dos relatórios anátomo-patológicos contêm informações mínimas a respeito do estadiamento N (linfonodal).

Acabou de ser publicado um estudo de coorte, na revista Jama Oncology, mostrando que este quadro, infelizmente ainda não se modificou muito. No Brasil, um estudo  retrospectivo publicado por dra Mariana Soares, na revista J Brasileiro  de  Pneumologia (2021) observou redução clara  do número de avaliações pre-operatórias do mediastino (por EBUS-50% ou mediastinoscopia-28%), entre os períodos 2011-2014 e 2015-2018.

O objetivo do estudo na revista Jama Oncology foi de determinar as taxas de cirurgia em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) em estágio inicial nos EUA.

Foi realizado um estudo de coorte que identificou que entre 2.833 pacientes com tumores de pelo menos 4 cm e/ou com linfonodos, inscritos em um protocolo de triagem para estudos com terapia adjuvante, apenas 53% realizaram dissecção linfonodal adequada pelas diretrizes da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) e somente 57% receberam qualquer quimioterapia adjuvante, apesar da recomendação.

O tratamento padrão para câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) ressecável inclui ressecção anatômica com dissecção adequada dos linfonodos e quimioterapia adjuvante para os pacientes com indicação. Historicamente, muitos pacientes com CPCNP em estágio inicial não receberam esse tratamento, o que pode afetar a interpretação dos resultados dos ensaios de terapia adjuvante.

Neste estudo retrospectivo foram considerados 2.833 pacientes com CPCNP estágio IB a IIIA (de acordo com os critérios do American Joint Committee on Cancer 7ª edição) que se inscreveram no estudo Adjuvant Lung Cancer Enrichment Marker Identification and Sequencing Trial (ALCHEMIST), do grupo de pesquisa Alliance. A inscrição foi no período de 18 de agosto de 2014 a 1º de abril de 2019 e considerou pacientes com tumores de pelo menos 4 cm e/ou linfonodos positivos. A análise estatística foi realizada de 1º de junho de 2020 a 1º de outubro de 2021.

Os pesquisadores avaliaram os padrões de cuidados, além de fatores sociodemográficos e clínicos. Cinco desfechos foram considerados na análise, avaliando se os pacientes (1) tiveram ressecção cirúrgica anatômica, (2) tiveram dissecção linfonodal adequada (≥1 status nodal N1 e ≥3 status nodal N2), (3) receberam qualquer quimioterapia adjuvante, (4) receberam qualquer quimioterapia adjuvante à base de cisplatina e (5) receberam pelo menos 4 ciclos de quimioterapia adjuvante.

Os resultados mostram que dos 2.833 pacientes incluídos nesta análise (53% mulheres, mediana de 66,5 anos), 2.697 (95%) tiveram ressecção cirúrgica anatômica, 1.513 (53%) tiveram dissecção linfonodal adequada, 1.617 (57%) receberam qualquer quimioterapia adjuvante, 1.237 (44%) receberam pelo menos 4 ciclos de quimioterapia adjuvante à base de platina e 965 (34%) receberam qualquer quimioterapia adjuvante à base de cisplatina.

Em conclusão, este estudo de coorte constatou que entre os participantes de um protocolo de triagem para ensaios clínicos em adjuvância no CPCNP inicial ressecado, apenas 53% foram submetidos à dissecção linfonodal adequada e 57% receberam quimioterapia adjuvante, apesar das indicações para tal tratamento.” Esses resultados podem afetar a interpretação de estudos adjuvantes. Esforços são necessários para otimizar o uso de terapias comprovadas para o CPCNP em estágio inicial”, destacam os pesquisadores.

Este estudo está registrado na ClinicalTrials.gov: NCT02194738.

Referência: Kehl KL, Zahrieh D, Yang P, et al. Rates of Guideline-Concordant Surgery and Adjuvant Chemotherapy Among Patients With Early-Stage Lung Cancer in the US ALCHEMIST Study (Alliance A151216). JAMA Oncol. Published online March 17, 2022. doi:10.1001/jamaoncol.2022.0039


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